O valor da família
“Honrarás a teu pai e a tua mãe, para teres uma
dilatada vida sobre a Terra que o senhor teu
Deus te há de dar.” (Decálogo - Êxodo, XX:12.)
Não podemos ignorar que a sociedade tem as
famílias como base e que se o meio social que
nos acolhe não é o que desejaríamos que fosse,
sem dúvida, é porque as famílias que o compõem
não estão devidamente ajustadas aos padrões do
equilíbrio que devem possuir.
Desajustes de toda ordem povoam o seio das
coletividades terrenas, esparramando a dor e o
sofrimento, fazendo tantas vítimas e deixando um
rastro de desolação e tristeza.
Sonha o homem com a paz e a serenidade, mas
ainda age e caminha de tal forma que não
consegue encontrar a felicidade que busca com
avidez. Entre o desejo e a concretização dele
existe um abismo profundo que precisa ser
transposto.
No entanto, o egoísmo e o orgulho, essas
terríveis chagas que ainda habitam nos corações
humanos, fontes inegáveis de tantos desacertos
sociais, impedem que a criatura humana possa
viver de forma mais saudável e serena.
O egoísmo que alimentamos obscurece a nossa
visão, impossibilitando-nos enxergar os dramas
que existem nas famílias que nos cercam. Quando
conseguimos, vemos apenas os problemas e
aflições que atormentam os nossos familiares.
Então, via de regra, quando atuamos, o fazemos
apenas para cuidar dos nossos, deixando os que
seguem ao nosso lado com seus infortúnios.
Em realidade, ainda pensamos que será possível
obtermos a felicidade fechados em redomas. Temos
dificuldades para entender que enquanto existir
uma única criatura carregando sofrimentos, não
lograremos viver o mundo planejado pelos nossos
sonhos.
O desapego e o desprendimento que
possibilitariam nossa compreensão sobre os
valores e a importância da família universal
ainda adormecem de forma embrionária em nossos
corações.
O orgulho que insiste em viver conosco nos
remete a pensar que os nossos familiares são os
melhores, os mais importantes e aqueles que
merecem todas as atenções do mundo. Nós os
fazemos superiores e, então, criamos barreiras
que impedem o desenvolvimento da simplicidade e
da humildade, forças antagônicas ao orgulho.
O resultado dessa postura equivocada que
alimentamos permite o surgimento de uma
sociedade egoísta e orgulhosa, onde cada
elemento luta por si, pensa em si e exige tudo
para si mesmo. Os outros? Bem, os outros são os
outros, e que vivam os seus problemas... ledo
engano, o grito desesperado de um irmão mesmo
distante, de alguma forma, chega aos nossos
ouvidos.
“Quem é minha mãe, e quem são os meus irmãos? E
olhando para os que estavam sentados à roda de
si, lhes disse: Eis aqui minha mãe e meus
irmãos. Porque o que fizer a vontade de Deus,
esse é meu irmão, é minha irmã e minha mãe.”
(Jesus - Marcos, III - 20-35.) O ensinamento de
Jesus é claro, transparente, falando sobre a
família universal.
É inegável que temos imensa responsabilidade com
aqueles que a Providência Divina encaminhou para
os nossos círculos consanguíneos, pois que
informou que devemos “honrar pai e mãe”, mas não
estabeleceu que devíamos amar somente a eles.
Amar a eles, sim, e aos outros irmãos também.
Então, antes de lamentarmos ou de recriminarmos
o comportamento desajustado da sociedade que nos
recebe, analisemos demoradamente o nosso
comportamento e as nossas atitudes, procurando
observar o que estamos oferecendo ao meio social
que nos acolhe. Muitas vezes reclamamos de
situações infelizes que nós mesmos estamos
contribuindo de forma direta para a sua
manutenção.
Construir um mundo melhor, mais humano e
fraterno, onde paz e a serenidade estejam
presentes não é atribuição exclusiva de
governos, mas tarefa de todos nós.
Amemos intensamente o nosso familiar, mas sem
jamais esquecer de olhar também pelo irmão que
segue ombreando seus dias conosco.
Reflitamos...