Entrevista

por Orson Peter Carrara

Nós temos um dos mais completos roteiros para a iluminação interior

A frase acima é de Júlio Cesar Pimentel Ferreira (foto), o nosso entrevistado de hoje. Natural de Igarapava e ora residente em Ipuã, ambos municípios paulistas, ele participa das atividades da Casa Espírita Nova Era, onde dirige a Oficina de Sentimentos e os estudos de mediunidade. Espírita de berço, apresentador do programa Gotas de Luz em emissora FM local, Júlio tem formação em Tecnologia Mecatrônica e é técnico em eletroeletrônica e em instrumentação industrial. Formado pela academia de gestão das emoções ligada ao instituto Augusto Cury, recebeu a graduação de coachingemocional. Participa de cursos periódicos de marketing e endomarketing, entre outros. Conferencista e palestrante, autor da metodologia da mediação do conhecimento (Mediation of knowledge ou MOK), estudioso do comportamento humano, ilusionista e condutor de Eventos, ele conta 16 anos de expertise no ramo de palestras e treinamentos, suas palestras e treinamentos são construídos em formato show trabalhando em conjunto os aspectos externos e internos do conhecimento humano, além disso, tem presença constante em fóruns de RH por todo o Brasil.

De onde o gosto em falar em público?

Desde criança admiro as pessoas que falam em público, olhava as professoras e professores e me encantava, com isso despertei muito cedo o interesse de falar em público.

Como é utilizar a tribuna nos eventos espíritas e também utilizar-se da oratória profissionalmente nas palestras motivacionais?

Hoje consigo transitar entre os dois com a naturalidade que a proposta merece.  Essa experiência ao longo de minha trajetória me ajudou bastante, tanto profissionalmente quanto na doutrina espírita. Creio que por isso adquiri uma facilidade para discursar em qualquer ambiente, levando conceitos de Jesus e do amor sem rótulos religiosos. Tenho participado de variados congressos católicos, protestantes, umbandistas e evangélicos colhendo experiências de amor que só engrandecem nossas vidas. Em palestras profissionais consigo levar conceitos de Jesus no sentido psicológico fazendo com que as pessoas olhem a história do Mestre e notem como Jesus agia em cada situação corriqueira da vida, identificando com isso um Jesus-exemplo, um verdadeiro modelo, aquele que merece ser seguido.

Nos eventos espíritas que temática mais o motiva e inspira? E como tem procurado despertar a atenção e interesse do público com esses temas? 

Os temas motivacionais e ligados à emoção afinados com a proposta de Jesus são os que se mostram mais cativantes ao meu olhar. Hoje em dia com a facilidade da propagação da informação, conseguimos através dos veículos da informação despertar o interesse daqueles que se afinam com os temas. Os espíritos têm-nos chamado a atenção aos temas voltados ao olhar de si mesmo, a gestão do eu, o autoperdão. Durante as palestras utilizamos elementos lúdico-conceituais com fundo musical, contação de histórias com fundo emocional, ilusionismo. Tudo para despertar não só o interesse, mas também aumentar a introspecção dos conceitos de amor emanados do Mestre.

Nos eventos profissionais com empresas quais os focos mais solicitados?

Os temas referentes ao relacionamento, motivacionais e emocionais, têm sido bastante solicitados. Temas como: Atitudes Vencedoras, Como conviver em paz com meu colega, O exercício do perdão no ambiente de trabalho, Aprendendo a trabalhar em equipe. Muitas empresas têm instado uma proposta de coaching motivacional que chamamos Oficina dos sentimentos para aumentar a capacidade de resolução de problemas. Graças ao novo cenário do RH, proposta que começou com um espírita pouco conhecido no meio espirita chamado Carlos Hilsdorf, houve um aumento considerável no investimento no maior capital que as empresas possuem: o ser humano.

E como sente a reação do público em ambas as áreas?

As reações são diversas: encantamento, satisfação, surpresa. E, claro, não agradamos a todos, mas graças a Deus as pessoas que deixam conosco seus relatos são de satisfação. E o mais interessante é reencontrar pessoas que assistiram às palestras oito anos atrás a relembrarem histórias e conceitos que passamos naquelas ocasiões. Isso é gratificante.

Nesse contato estreito com públicos variados qual a maior necessidade humana que tem sentido nas reações e nas interações? E de que forma as palestras, espíritas ou não, podem beneficiar o público de maneira mais eficaz?

A esse respeito gostaria de lembrar uma frase de Augusto Cury que tem uma proposta psicológica bem próxima à proposta de Joanna de Ângelis: "Estamos na era dos mendigos emocionais". A humanidade clama pelo conhecimento da verdade, mas não a verdade que cada um de nós acha que detém nas mais variadas formas de interpretação, e sim a busca pela verdade interna. Com o aumento da velocidade de informações o ser humano hoje detém uma quantidade de informações 200 vezes maior do que Einstein, porém fomos perdendo a capacidade de pensar desde a infância, e junto a isso uma grande dificuldade lidar com as emoções, principalmente o ódio e a mágoa. A ansiedade tem-se tornado um dos males deste século, onde queremos tudo para ontem, por isso tenho dito que é necessário um autoamor profundo para olhar nossas mazelas e encará-las de perto... Muito autoamor para não terceirizar nossa felicidade.

Palestra é uma das formas mais antigas de tecer argumentos, de transmitir conhecimento, de agregar valor. Eu acredito na mediação do conhecimento onde todos aqueles que se predispõem a falar para um público, quer seja no âmbito religioso, quer seja no campo profissional, sejamos pontes entre o conhecimento (que na maioria das vezes se encontra dentro das pessoas e não fora delas) e o eu de cada um. Que sejamos um mapa que indica o caminho de si mesmo para aqueles que ainda se encontram perdidos; que sejamos construtores de pontes para a paz íntima; sejamos enfim o jardineiro que ajuda a brotar em cada ser humano a amorosidade, o autoamor e a caridade da forma pela qual Jesus a entende.

De suas lembranças, qual a experiência mais marcante? 

Uma das últimas conversas que tive com Chico Xavier, em que tive a audácia de perguntar para o homem que era amor em sua essência: “Chico, certa vez o senhor disse a um repórter que o Espiritismo não será a religião do futuro, mas o futuros das religiões...” Como seria isso, Chico? O grande médium respirou profundamente, como se procurasse os velhos fôlegos da sua época de jovem e me disse quase aos ouvidos, já com uma grande dificuldade de falar e nunca se negando a auxiliar: “O princípio espírita é capaz de adentrar qualquer área do conhecimento humano e por isso de fácil assimilação em qualquer religião; haverá o dia no qual em todas as religiões haverá conceitos espíritas, cada qual respeitando a sua capacidade de assimilação do conhecimento”. Perguntei: - Deixarão de existir as outras religiões então, Chico? “Não, meu filho, o nome que cada religião carrega não é o importante e sim o roteiro de iluminação que ela nos propõe, o quanto melhores elas nos tornam”.

Abracei fortemente aquele ser iluminado e nesse momento não sabia de fato se abraçava Chico Xavier ou abraçava o amor em pessoa.

O que gostaria destacar para o leitor dos benefícios do conhecimento espírita?

Nós temos um dos mais completos roteiros para a iluminação interior. Se o seguirmos com amorosidade, com fé em nós mesmos, conseguiremos voltar ao mundo espiritual melhor do que quando chegamos aqui, porque essa é nossa maior missão reencarnatória: sair daqui melhor do que chegamos. Se seguirmos esse grande roteiro que passa pelas trilhas fechadas e exuberantes do cenário de nossas vidas, com certeza estaremos no caminho que conduz à perfeição.

Algo mais que gostaria de acrescentar?

Gostaria de dizer que todos nós temos um potencial imenso dentro de nós, que você é capaz de fazer coisas incríveis em qualquer área de atuação em sua vida. Então como dizem as escrituras: “Vós sois deuses”. Faça o melhor que você puder com as condições que você tem, enquanto não tem condições de fazer melhor, mas lembre que há um Deus dentro de você. Você é um ser humano e por isso já é incrível estar encarnado em uma época de grandes aprendizados; então, que possamos fazer de cada dificuldade um grande aprendizado.

Suas palavras finais.  

Só tenho a agradecer pela entrevista, por esta oportunidade de falar de Jesus. Pelo carinho com que sou tratado e julgo não ser merecedor, pelas pessoas que trilharam por caminhos que se encontraram com os meus.

   

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita