Os
Carneiros
de
Panúrgio
Palavra
diferente,
não é
mesmo?
Eu
também
não
conhecia.
O título
da
presente
abordagem
é também
o título
de um
livro
publicado
em 1890
e de
autoria
do Dr.
Bezerra
de
Menezes.
É um
romance
filosófico/político
– é
daqueles
livros
que não
se
consegue
interromper
a
leitura
– e
retrata
em sua
essência
(daí a
referência
no
título a
carneiros)
o
comportamento
de
pessoas
que
seguem
cegas,
sem
reflexão,
outros
comportamentos.
Como
carneiros
que não
questionam
e se
sujeitam.
A
expressão
panúrgio
vem de
personagem
da obra
conhecida
como Pantagruel,
do
escritor
francês
François
Rabelais (cerca de 1494-1553).
O texto
é de
1886,
durante
a
Monarquia,
e
publicado
um ano
após a
Proclamação
da
República.
O
próprio
autor
declara:
“Esta
obra foi
escrita
em 1886,
quando
nada
podia
fazer
presumir
o
desastre
da
monarquia.
Só a
carência
de
meios,
que
agora me
foram
proporcionados,
me
impediu
de
publicá-la
em pleno
reinado
de D.
Pedro de
Alcântara.
(...)”.
O fato,
porém, é
que é
obra
atualíssima,
muito
instrutiva,
no
desdobramento
da saga
dos
personagens
e no
analisar
da
própria
vida
humana,
com os
vários
ingredientes
que
fazem as
lutas do
cotidiano,
nos
relacionamentos
familiares,
nos
dramas e
lutas
pelo
progresso.
Entre os
diálogos
dos
personagens,
a
preciosidade
dos
comentários
fundamentos
na Lei
do
Progresso,
na Lei
de
Sociedade,
de
Igualdade,
entre
outras,
além, é
claro,
da velha
questão
do
Livre-arbítrio
e da Lei
de Causa
e
Efeito.
E com
grande
destaque
para as
lideranças
políticas
e mesmo
para a
educação
dos
filhos.
Uma obra
espetacular,
deliciosa
de ler.
E
repito,
além de
muito
instrutiva,
muito
cativante.
Escrita
nada
mais,
nada
menos,
pelo
grande
médico
Dr.
Bezerra
de
Menezes,
quatorze
anos
antes de
sua
morte,
que
ocorreu
em 11 de
abril de
1.900.
Bezerra
foi
também
político,
escritor,
conferencista,
além de
grande
humanista,
cuja
biografia
é
riquíssima
de
exemplos
em suas
várias
virtudes,
entre
elas a
bondade
e o amor
ao
próximo.
E o
melhor:
a obra
não está
esgotada,
encontra-se
editada,
disponível,
inclusive
em PDF
pela
net.
Recomendo
com
grande
ênfase
ao
leitor.
O desejo
aqui é
enorme
em
transcrever
vários
trechos
para
motivar
o leitor
à
leitura
integral
da obra,
o que se
torna
impossível,
seja
pela
extensão,
seja
pela
preciosidade
do
conteúdo
em todo
o texto.
Opto,
todavia,
para
curiosidade
do
leitor,
em
transcrever
poucas
linhas
que
fazem
referência
ao
título:
“(...) O
homem é
um
ruminante
como o
carneiro
– e é
talvez
por isso
que se
sujeita
a ser
levado
em
manadas
para
onde o
conduz o
pastor.
Durante
um
período
da vida,
acumula
ideias,
sem lhes
prestar
atenção,
nem lhes
dar o
devido
valor.
Muitos
acabam a
corda da
existência,
sem
passarem
desse
período.
São os
que
chamamos
–
carneiros
de
Panúrgio.
Outros,
raros,
infelizmente,
chegam
ao
período
da
reflexão
– ou de
remover
as
ideias
que têm
colhido
em todo
o tempo
passado.
Estes
são os
verdadeiros
ruminantes
racionais,
que se
distinguem
do
rebanho,
porque
compreendem
que
todos
são
iguais e
têm
igual
destino.
Não
querem
eles uma
sociedade
sem
diretor,
mas
exigem,
por
honra da
Humanidade,
e no seu
maior
interesse,
que o
diretor
seja o
que se
impõe
por seu
merecimento
pessoal
– e não
porque
nasce
numa
família,
sendo
quase
sempre,
por isso
mesmo,
que não
precisa
fazer
merecimento
para
subir,
personagem
ignorante
–
profundamente
imoral –
e,
conseguintemente,
pernicioso
à
sociedade,
cujos
destinos
lhe são
confiados
(...)”.
Parece-nos
desnecessário
fazer
mais
acréscimos
à
pequena
transcrição.
Somos os
que
somos
conduzidos?
A que
pastor
seguimos?
Honramos
a
humanidade
que
pertencemos?
Deixo à
reflexão
do
leitor
com a
preciosa
indicação
da
citada
obra.
|