O ponto difícil
Imperioso descobrir a beleza do sofrimento por recurso
educativo, para que não nos enquistemos na ideia da dor
como sendo fonte exclusiva de expiação.
Vejamos a natureza, para que o silencioso ensinamento da
vida se nos estampe no coração.
A poda da árvore sugere crueldade e flagelação, todavia,
dos golpes que lhe são desferidos, surge o novo alento
que lhe assegura energias novas.
A labareda que retempera a argila, em pleno forno,
assemelha-se a processo de atrocidade, mas da chama,
aparentemente destruidora, desponta o vaso, rico de
originalidade, destinado a enriquecer os quadros da
vida.
A terra, dilacerada pela charrua, afigura-se torturada e
envelhecida, entretanto, do sulco aberto em que se rasga
o seio, nascerá para o mundo a bênção irresgatável do
pão.
E o metal, conduzido ao cadinho ardente, parece
experimentar insulto e aniquilamento, contudo é no calor
de alta tensão que se transformará em riqueza terrestre.
Nem sempre comodidade humana é verdadeiro conforto e
raramente a bolsa farta é sinônimo de segurança e
alegria.
Saibamos aceitar o obstáculo por precioso desafio à
superação de nossas próprias fraquezas, porquanto
dificuldade dignamente vivenciada é sombra transitória
de hoje para ser abençoada luz amanhã.
Do livro Tocando o Barco, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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