Divaldo Franco: “A paz é o combustível do
amor”
O Movimento Você e a Paz, idealizado por Divaldo Franco,
chegou em Salvador, BA, à sua 21ª edição, obtendo, como
nas vezes anteriores, grande sucesso.
No dia 14 de dezembro o encontro realizou-se no Farol da
Barra, tradicional ponto turístico de Salvador. O
momento artístico esteve sob ação musical de Assis
Diomar e sua filha Luana, de Sorriso/MT, da Soprano
Andrea Alves, do Barítono Henrique Moraes e da Pianista
Débora Limeira. A Banda de Música da Academia de Polícia
Militar da Bahia abriu o cerimonial executando o Hino
Nacional, apresentando em seguida outras melodias,
encantando o público.
No palco estavam Francisco Ferraz, da Federação Espírita
Brasileira, representando as caravanas presentes; Ruth
Brasil Mesquita, oradora; Marcel Mariano, orador;
Demétrio Ataíde Lisboa, Presidente do Centro Espírita
Caminho da Redenção e Mansão do Caminho; Telma Sarraf,
Vice-Presidente do CECR e da Mansão do Caminho e
diligente organizadora desses eventos, como o Você e a
Paz, e Divaldo Franco, Embaixador da Paz e da Bondade,
coordenados pelo Mestre de Cerimônia João Araújo.
Ruth Brasil Mesquita destacou a excelência do amor ao
explanar sobre a dúvida de uma filha que se questionava
se sua mãe a amava tanto quanto aos seus irmãos. Em um
episódio, a filha se sentiu envolvida por uma onda de
amor que partia de sua mãe, sustentando-a em sua dor
momentânea, ficando em paz. O perdão é como uma bússola,
onde o amor aponta para a paz, destacando que todos os
indivíduos são potências de paz.
Marcel Mariano ressaltou os exemplos deixados por Jesus
de Nazaré, bem como as Suas atitudes nas mais diversas
passagens. Ele veio para semear a esperança e o amor.
Asseverou que a formação do Seu colégio apostólico
incluiu, entre eles, criaturas toscas e iletradas,
confiando-lhes o exercício e a divulgação do perdão, da
paz e do amor. Jesus se dedicou a pacificar as massas,
falava-lhes de uma paz que o mundo não poderia oferecer,
a paz interna.
Divaldo Franco, Embaixador da Paz no Mundo, narrou a
comovente e inspiradora história real acontecida na
Armênia e contida na obra Perdão Radical, de
Brian Zahnd. O episódio aconteceu durante o genocídio do
povo armênio, provocado pelos turcos otomanos, na guerra
ocorrida entre 1915 e 1916, envolvendo a Armênia e a
Turquia, dizimando cerca de um milhão e quinhentos mil
seres humanos. Esse genocídio ocorreu em paralelo a I
Guerra Mundial. A história é a demonstração da poderosa
força de transformação da mensagem de Jesus, quando bem
compreendida e vivenciada, despertando o verdadeiro amor
na criatura humana. Esse amor levou aquela jovem armênia
a perdoar radical e incondicionalmente o algoz que a
havia desventurado e exterminado sua família
impiedosamente.
A jovem, então com 15 anos, viu a família ser cruelmente
destruída pelo exército turco, seus pais foram mortos de
súbito, impiedosamente, sua irmã menor, com 12 anos, foi
jogada aos soldados que a violentaram até a morte, e ela
foi feita escrava sexual do comandante da tropa. Após
fugir das atrocidades que lhe foram impostas,
diplomou-se como enfermeira, pois declarava que havia
nascido para amar e salvar vidas. Também tornou-se
cristã. Assim, por volta do ano de 1927, deparou-se
outra vez com o seu algoz implacável, tendo oportunidade
de lhe salvar a vida, apesar de o ter reconhecido desde
o primeiro momento no hospital em que trabalhava, em
Istambul. O algoz, então comandante daquela força
exterminadora, estava preste a morrer, suas carnes
estavam pútridas, era um farrapo humano. O enfermo foi
colocado sob os cuidados da jovem enfermeira para que o
assistisse na morte. Ela, porém, dedicadamente tratou-o,
por cerca de seis meses, restituindo-lhe a saúde.
Por ocasião de sua alta hospitalar, e porque era um
oficial de destaque, foi agradecer ao diretor do
hospital. Esse lhe disse que o mérito era da enfermeira
que o havia cuidado diuturnamente, internando-se com
ele, a fim de lhe prestar um excelente serviço. Ao
dirigir-se a enfermeira, o oficial notou que ela tinha
um sotaque que lhe lembrava o povo armênio, onde
estivera durante a guerra. Ela confirmou sua origem,
declarando que o conhecia, e que ele a havia escravizado
sexualmente, torturando-lhe a alma, após dizimar a sua
família. O oficial, tomado de inusitada surpresa,
perguntou-lhe porque não o havia deixado morrer. Ela,
então, redarguiu-lhe que havia aprendido a perdoar, que
Jesus é o seu Mestre, que aprendeu a amar até mesmo os
inimigos, e que sua profissão é dedicada a salvar vidas,
jamais extingui-las.
Sobrevivendo os tormentos a ela impostos pelo algoz, ela
decidiu dar à sua vida um sentido, um objetivo,
dignificando-a, apesar de, inicialmente, haver desejado
matá-lo, vingando-se e vingando a sua família que fora
brutal e covardemente exterminada naquele belo domingo
ensolarado, porém, sem paz. O amor e o perdão foram os
seus objetivos a conquistar. Alcançando-os,
pacificou-se. Sentia-se grata pela oportunidade de
salvar a vida de seu algoz, ao tempo em que o perdoava.
O perdão, destacou o nobre orador, é a base sólida onde
a humanidade deve se erguer. Jesus de Nazaré ensinou o
amor, decantou-o intensamente. A verdadeira
felicidade está no ato de amar. A paz é o resultado do
amor. O ser humano necessita de paz, tanto quanto
necessita de ar para continuar vivendo, asseverou o
Arauto do Evangelho. Fazendo uma breve abordagem sobre a
solidão, a depressão e o suicídio, Divaldo evidenciou,
do autor Andrew Solomon, jornalista, escritor
nascido em Nova Iorque, o seu livro O Demônio do
meio-dia: um atlas de depressão.
A humanidade vive um momento lamentável, uma crise
moral, onde as incertezas são evidentes e a violência,
urbana ou familiar, deve ser enfrentada com amor.
Divaldo Franco, tomando por exemplo o estoicismo de Mahatma
Gandhi, que asseverava que se um único homem
alcançasse a mais elevada qualidade de amor, isso seria
suficiente para neutralizar o ódio de milhões. Destacou,
também, que Gandhi afirmava não existir um
caminho para paz, porque a paz é o caminho. Somente o
amor é a antítese da violência. É dever de todos
irradiar a paz onde se encontre, em qualquer
circunstância. Deve, igualmente, desenvolver a fé em um
mundo melhor, a fé nas pessoas e nas circunstâncias da
vida. Após narrar o Poema de Gratidão, de Amélia
Rodrigues, todos, irmanados e de mãos dadas cantaram a
canção Paz pela Paz, de Nando Cordel. Assim se encerrou
a bela e suave noite de paz na orla de Salvador, banhada
pela luz da lua em fase crescente.
No Dique do Tororó, a segunda etapa
No dia 16 de dezembro, o Dique do Tororó foi um
iluminado e bucólico palco para mais um evento do
Movimento Você e a Paz em Salvador, uma promoção da
Mansão do Caminho, obra social do Centro Espírita
Caminho da Redenção, com apoio da Rede Bahia. Em sua 21ª
edição, vem conquistando espaço e se afirmando como
importante marco a favor da paz, da não violência.
Aos que estão acostumados a assistir esses verdadeiros
espetáculos enaltecendo a necessidade de pacificação de
corações e mentes, não conseguem avaliar o também
grandioso trabalho realizado na retaguarda, nos
bastidores. Verdadeiro exército de voluntários e
servidores se mobilizam e agem coordenadamente sob o
planejamento e a execução comandada por Telma Sarraf,
Vice-Presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção e
da Mansão do Caminho, movimentando inúmeros equipamentos
e técnicos diversos. Essa magnífica equipe, inspirada e
estimulada por Telma, não possuem visibilidade, porém,
sabemos que o efeito visual e operacional que
identificamos claramente, somente pode ter origem em uma
causa altamente qualificada e perfeitamente integrada
entre si. Parabéns Telma Sarraf, parabéns equipe
dedicada e profissional! O visual e o resultado das
apresentações são altamente positivos, atestando o
quanto são dedicados ao bem, promovendo momentos de paz
e serenidade.
O momento artístico, que antecedeu a abertura do
Movimento Você e a Paz, com vários cantores e
instrumentistas, teve seu ponto de culminância com a
bela apresentação das crianças da Escola de Educação
Infantil Alvorada Nova e dos alunos do Centro de Artes e
Educação Integral para adolescentes de 12 a 16 anos.
Participaram do palco Iraci Campos, do Centro Espírita
Joanna de Ângelis, do Rio de Janeiro; o Padre Antonio
Olavo Amarante, de São Paulo; Demétrio Ataíde Lisboa,
Presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção – CECR
- e da Mansão do Caminho; Ruth Brasil Mesquita, oradora,
de Salvador; Marcel Mariano, orador, de Salvador;
Milciades Lezcano, Presidente da Federação Espírita do
Paraguai; Divaldo Pereira Franco, inspirador e
idealizador do Movimento Você e a Paz; e Telma Sarraf,
Vice-Presidente do CECR e da Mansão do Caminho,
coordenadora desse extraordinário Movimento.
Conclamada ao microfone por João Araújo,
Mestre-de-cerimônias, Ruth Brasil Mesquita asseverou que
a paz é alcançada através da autoiluminação, abandonando
o sentimento de vingança, do apego, da desonestidade, do
egoísmo e do orgulho, desenvolvendo a humildade, o amor,
o altruísmo, a honestidade, a caridade, a fé e a
esperança, isto é tornando-se uma criatura pacífica e
pacificadora, pois que esses potenciais jazem latentes
em todo e qualquer ser humano.
O Padre Católico Olavo Amarante afirmou que a construção
da paz no íntimo de cada indivíduo depende do
autoconhecimento, da meditação, do estudo de si mesmo,
da reflexão. A paz somente pode ser construída de dentro
para fora, quando o homem redescobre-se ao conhecer-se,
passando, assim, a sentir e viver a paz, fazendo o bem
para ter sucesso nesta reencarnação, nesta vida atual. O
ser humano é, ao mesmo tempo, sujeito e objeto da paz.
Marcel Mariano frisou, em bases sólidas, que a
humanidade viveu nos últimos 3.500 anos de história,
somente 150 anos de paz. As guerras, esses espetáculos
dantescos, tiveram suas origens para atender demandas de
cunho religioso e político, entre outros de menor
expressão, atestando a belicosidade do ser humano,
incapaz de gerenciar conflitos e interesses contrários,
dando origem a violência. Há todo um esforço em
construir leis e regras para evitar conflitos entre as
pessoas e os entes de Estado. A religião e a filosofia
abrandaram as relações conflituosas, sem contudo
eliminá-las. Porém, falta ao homem colocar em prática o
amor preconizado e vivido por Jesus de Nazaré,
tornando-se pacífico, brando, afável, transformando-se
em um ser pacifista e pacificador.
Divaldo Franco, o idealizador do Movimento Você e a Paz,
Embaixador da Paz no Mundo, salientou através de uma
narrativa de um fato real, que a vida, tanto quanto os
acontecimentos, apresenta fatos inusitados, que se
desencadeiam de um momento para outro. As criaturas
humanas, conforme os eventos que experimentam, podem
mudar de atitudes, saindo de uma posição para outra
impulsionadas por desejos de vingança e de ódio.
O ódio se propaga conforme os indivíduos o alimenta,
contagiando os que estão mais próximos, construindo um
circuito, um encadeamento de ações negativas a vitimar
os desatentos infortunados. Somente o arrependimento e o
perdão têm poderes para romper esse circuito, essa
cadeia de ódio, fazendo cessar sua ação nefasta e
virulenta. O amor, que interpenetra todas as criaturas
humanas, é a solução para todo e qualquer conflito. Ante
o amor, o ódio desaparece.
A violência é uma enfermidade da alma, assim classifica
a Organização Mundial de Saúde. A paz que deve reinar no
coração do homem ainda não encontrou acolhimento, e na
sua insanidade, gera mais violência, contaminando a
sociedade. Somente o trabalho, o amor de muitos em prol
da paz, do perdão, da educação e das aquisições de cunho
moral é que irão permitir que o homem construa a paz em
seu íntimo, estabelecendo a paz na sociedade humana. A
família é o instituto basilar para diminuir a violência,
haja vista, que ela é a melhor escola de pacifismo.
Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, destacou que
o egoísmo se trata de um câncer na sociedade. Somente o
amor, a solidariedade e a caridade possuem o poder de
“curar” esse câncer, ensejando a mudança interior,
gerando pais, filhos, cidadãos, indivíduos melhores.
Ante os “tesouros” enganadores encontráveis na Terra,
iludido e ambicioso, o homem sensato não pode esquecer o
principal, isto é, o que realmente possui valor, a vida
e o seu significado, o esforço em domar as suas más
inclinações, adquirindo as virtudes de uma homem de bem,
caridoso, fraternalmente amoroso, de posse do
necessário.
Existe somente um antídoto à violência: é a paz no
coração. Todo agressor é um doente. Jesus é o amor que
dá vida e a dor é o prêmio que Deus reserva para as suas
criaturas. O sofrimento é o melhor educador, somente a
paciência, revestida de ternura e amorosidade pode
construir a paz. Jesus é o maior exemplo de filósofo,
ensinou que a felicidade é uma conquista individual e
intransferível.
Apresentando as próprias experiências, e são muitas, ao
longo de mais de 73 de vida pública, Divaldo Franco, com
sua verve tocou nos corações, dedilhou a alma em
sofrimento e atormentada, colocando os óleos do amor,
despertando o riso, sempre terapêutico, apresentando
lições de amor, caridade, solidariedade e paz. Ensinou
que não se deve atribuir importância ao que não é
importante, o principal.
O Movimento Você e a Paz sensibiliza a alma para as
conquistas superiores, construindo a paz interior,
irradiando para os que estão à volta o sentido da vida,
isto é, o amor que deve ser indistinto, sem dar
importância para o mal que ainda permeia a alma humana.
Finalizado o grande evento, o público de pé e aplaudindo
calorosamente o orador Divaldo Franco e todos os demais,
foi cantado a canção Paz pela Paz, de Nando Cordel,
ensejando ao público a oportunidade de se darem as mãos,
de se abraçarem, confraternizando-se em plena paz.
O ápice do evento na Praça Dois de Julho
O Movimento Você e a Paz idealizado por Divaldo Pereira
Franco, Embaixador da Paz no Mundo, alcançou a sua
culminância em 19 de dezembro de 2018, encerrando a sua
21ª edição na Praça Dois de Julho, no Campo Grande, na
Capital baiana. A data de 19 de dezembro é consagrada,
na cidade de Salvador, para a promoção e comemoração da
paz, divulgando, nesta data oficial o projeto da não
violência.
Como sói acontecer, a Equipe de Eventos do Centro
Espírita Caminho da Redenção/Mansão do Caminho, liderada
pela eficiente Telma Sarraf, Vice-Presidente do Centro
Espírita Caminho da Redenção e da Mansão do Caminho, tem
se superado a cada evento, sempre muito primorosos,
ricos de detalhes, funcionalidade e acolhimento. Telma e
equipe transpõem quaisquer obstáculos, em esforço
hercúleo, para que na data e horários aprazados, o
evento se realize com precisão. Essa é uma etapa que
passa sem ser percebida, em qualquer evento, pois que,
tudo funcionando harmonicamente, os espectadores pouco
visualizam o esforço, as horas de trabalho dedicado, as
preocupações e as horas indormidas de todos os
envolvidos nesse grandioso projeto dedicado à promoção
da paz. Não se pode deixar de considerar que há um
ingente, exaustivo e produtivo trabalho realizado nos
bastidores, construído no silêncio e no anonimato de
inúmeros voluntários e funcionários sob a coordenação
segura e agregadora de Telma Sarraf.
O Movimento Você e a Paz homenageia entidades,
instituições e personalidade que se destacam ao promover
o ser humano, seja no campo social, educacional ou de
inserção no seio da sociedade. A esses são ofertados os
Troféus Você e a Paz, marcando e enaltecendo o trabalho
que realizam em prol de um mundo mais pacífico e justo.
Este ano foram destacadas quatro personalidades físicas,
três instituições e uma empresa.
Animando o público, Assis Diomar, e a seguir os jovens
do Centro de Artes Integradas Ana Franco, da Mansão do
Caminho, juntamente com Juan Danilo Rodríguez, formando
o Coral Redenção, se apresentaram, recolhendo muitos
aplausos e manifestações de apoio.
Cordel, cantor e compositor, levantou o público ao se
apresentar, embalando-o em suas belas canções. A Banda
de Música do 2º Distrito Naval da Marinha do Brasil se
apresentou magnificamente, estimulando o público, sendo
amplamente aplaudida.
O evento foi filmado e televisionado pela TV Mansão do
Caminho. A mestre de cerimônia foi a apresentadora
Camila Marinho, da Rede Bahia de Televisão. Durante o
dia, e antes do evento, Divaldo Franco concedeu várias
entrevistas para diversos veículos de comunicação. A
presença de diversas autoridades do Estado e da
Prefeitura de Salvador, bem como de outras
personalidades dos meios social, cultural, político e
religioso, atesta o quanto é importante a realização de
esforços em favor da paz. No público havia vários
representantes vindos do Exterior e do Brasil, bem como
diversas caravanas, de pelo menos seis Estados
brasileiros. A Praça Dois de Julho ficou pequena para
acolher um incalculável número de pessoas que se somavam
aos moradores do entorno, assistindo o brilhante evento
de suas janelas e sacadas.
Os oradores destacados para se pronunciarem ressaltaram
as condições necessárias para se construir uma paz
duradoura, isto é, no interior de cada ser humano, que
utilizando-se da razão e do sentimento, alcançarão o
estado de paz e de harmonia, ainda ausentes nos
pensamentos e ações de muitos. Deus deve habitar o
coração de todos, tornando o cidadão em um homem de bem.
O amor deve ser a tônica nas relações humanas, perdoando
os que fazem o mal, estimulando-os ao automelhoramento.
Asseveraram que a paz e a justiça devem andar juntas, em
complementaridade, somando-se também. Jesus é
referência, estimulando os indivíduos, pelo exemplo, a
se tornarem promotores da paz, do amor, respeitando a
diversidade de pensamentos. Diante do amor, da
solidariedade, da caridade, todas as religiões caem,
pois que acima delas está o amor, a paz, a plenitude, a
harmonia de Jesus.
Divaldo Franco, idealizador desse grandioso programa de
paz, disse que o amor é uma força ciclópica, onde o
pessimismo e a angústia cedem lugar para a esperança e
para a alegria de viver. O amor deposita inteira
confiança no ser humano, pois que é portador de
excepcionais condições e diversidades voltadas para a
prática do bem, como propõe Jesus. A humanidade, e em
particular os brasileiros, vive momentos singulares onde
a violência sufoca a liberdade e a fraternidade,
personalidades dão maus exemplos pelos seus
envolvimentos em escândalos escabrosos. A violência é
fruto do distanciamento da criatura de seu Criador.
Para enfatizar a necessidade de paz e de justiça, o
Arauto do Evangelho discorreu sobre um conto do poeta e
escritor libanês Gibran Khalil Gibran (1883-1931),
narrando o seu encontro com o Emir, o mandatário maior
do Líbano, em um julgamento. Gibran desejava
saber como estava a justiça em seu amado pais, após
estar afastado por muitos anos. Queria saber do senso de
justiça, conhecer as dores e as verdades dos acusados.
Gibran foi
a um julgamento. O Emir, um tanto entediado, ordenou ao
acusador que fizesse entrar o primeiro caso. Adentrou no
grande salão de julgamento um homem acusado de matar um
soldado do Emir, este, então, perguntou o motivo de tal
crime. - Foi legítima defesa, disse o acusado. Foi
esbofeteado, de imediato, na face e não pode continuar.
O acusador afiançou que aquele homem, amarrado, era
acusado de decepar com uma adaga a cabeça de um cobrador
de impostos. Foi anunciado pelo acusador como sendo um
homem sem respeito pelas autoridades e pelo próprio
Emir, já que desafiava seus representantes. O Emir,
encolerizado, ordenou que o acusado tenha a sua cabeça
decepada. Quem pela espada fere, por ela será ferido.
Uma mulher foi a próxima. Pesa sobre ela a acusação de
adultério, relatou o promotor. É uma mulher que foi
tirada da miséria pelo marido, um homem nobre e rico,
que a flagrou em adultério no jardim da própria casa.
Descabelada, nada pode dizer em sua defesa. Rapidamente,
sem mais, o Emir a condenou a lapidação e a desfilar nua
pelas ruas da cidade, sendo de imediato arrastada para
fora do salão e dali para as ruas, cumprindo a sentença.
O terceiro caso foi anunciado como sendo o de um velho
homem que trabalhava em um monastério cristão, e que
para lá retornara, na calada da noite, para roubar um
pote de ouro. Foi surpreendido pelos monges que o
entregaram as autoridades. Assim que tentou pronunciar
algo em sua defesa foi esbofeteado, tendo o nariz
quebrado e a boca cortada. A sentença, proferida pelo
impiedoso Emir, foi o enforcamento por ter praticado o
ato hediondo de tentar roubar.
Gibran era
poeta, e como tal, ficou chocado com a dureza dos
corações que se apresentaram de forma tão vil naquele
tribunal.
Ao cair da tarde, anoitecendo, com seu coração de poeta
apertado, saiu para o campo dos condenados e não tardou
a ouvir barulho de galhos e choro. Ao sair da penumbra
viu uma jovem que segurava a cabeça do jovem decepado
junto ao corpo e então quis saber como podia chorar por
um assassino. Temendo ser entregue às autoridades, Gibran a
tranquilizou, afirmando não gostar da forma como o Emir
tratava o seu povo. Confiante, ela então narrou que
aquele jovem havia se adentrado em sua casa para
proteger a ela e ao seu pai. - Como? Perguntou Gibran.
Os homens do Emir exigiam os impostos. Eram 90 partes
para o reino e 10 para a família que arrendara as terras
reais, todas do Emir. Como não tinham, porque o clima
fora impróprio, o chefe ordenou que o pai fosse preso e
que a propriedade fosse devolvida ao Emir. Quando entrei
a sala, e assim que o soldado me viu, disse: “perdoarei
as dívidas e levarei a filha como escrava”. Foi nesse
momento que esse jovem, que eu nunca havia visto, entrou
para nos defender daquele horror, e para não ser morto,
pegou uma adaga que ficava na parede e defendeu-se
daquele funcionário vil. A jovem enterrou o decapitado e
saiu, deixando lá o poeta, só.
O silêncio foi quebrado por choro e palavras de amor. O
poeta, buscando aquele som, encontrou um homem a abraçar
o corpo disforme e nu daquela mulher acusada de
adultério. O homem gritou, ao avistar Gibran, que
ele poderia denunciá-lo, mas não deixaria o corpo
virginal daquela mulher exposto para os abutres.
- Mas ela era adúltera, falou Gibran. - Não! Ela
não era, respondeu o jovem. Nós crescemos juntos e
quando completei 18 anos, e ela 16, pedi ao seu pai que
me concedesse sua mão, mas ele era avaro e desejava
dinheiro. Então eu lhe disse para que a guardasse para
mim, que eu viajaria o mundo para enriquecer e voltaria
para casar-me com ela. Mas ele a vendeu a um homem rico,
possuidor de um harém. Eu subornei o guarda para vê-la,
a encontrei diante de uma fonte a chorar e quando ela me
viu, me falou: “por que demorou tanto para voltar?”
Perguntei se o casamento já estava consumado e ela me
disse que não, mas que já havia uma data para a
consumação. Então nos abraçamos, e choramos, e foi neste
momento que o esposo de 70 anos adentrou, juntamente com
os guardas, e não adiantou eu dizer que nada havia
acontecido. Eu fugi e ela ficou, foi espancada,
humilhada, lapidada. Então, afirmou o enamorado
enlutado, nada vai me impedir de vesti-la com as folhas
da natureza e enterrá-la. Gibran começou a
ajudar, colhendo ramos das árvores para cobrir aquele
corpo nu. Um manto foi jogado sobre o corpo e eles a
enterraram.
Gibran se
afastou, e novo barulho lhe chamou a atenção. Era uma
velha, magérrima e miserável que cortava com os próprios
dentes a corda que segurava o corpo morto, suspenso, do
homem enforcado. Quando ela viu Gibran disse-lhe:
- Nada podes fazer para me impedir de enterrar o meu
esposo. - Mas ele roubou o ouro da igreja! - Não!
Respondeu ela. Ele trabalhava para aqueles monges gordos
e bêbados e recebia uma miséria, basta ver o nosso
aspecto. Eram mesmo tristes figuras de farrapos humanos,
dava para ver os ossos de seus corpos miseráveis.
- Nosso filho ficou doente de fome, continuou a
miserável mulher, então meu marido pediu aos monges o
dinheiro para o remédio e eles negaram, riram e
mandaram-no trabalhar mais. Nosso filho está morrendo, e
ontem, quando o dia estava para amanhecer ele acordou
com os olhos arregalados, e com um brilho estranho de
desespero, me disse: “hoje trarei comida” e saiu em
direção ao monastério, não era o pote de ouro que ele
queria, mas sim um pouco do trigo que é guardado lá
dentro. Gibran ajudou a mulher a enterrar seu
marido e a viu sumir na escuridão após beijar a terra
sobre o cadáver como se osculasse a testa do
companheiro.
Naquele momento o poeta libanês chorou e orou a Deus,
declarando sua dor em forma de poesia, escrevendo a
respeito da justiça. Para haver paz é preciso
equilíbrio, dignidade, que, sonegados, geram violência
de todo tipo. O Emir, após Gibran ter escrito
sobre o senso de justiça no Líbano, tornou-o apátrida e
seus livros foram queimados em praça pública.
Passaram-se os anos, e Gibran Khalil Gibran morreu.
Seu país devolveu-lhe a condição de cidadão, honrando-o,
e seu funeral, no Líbano, teve mais de 600 mil libaneses
acompanhando o cortejo. É pensando nesse drama narrado
por Gibran, que é o mesmo do Brasil, onde as
incertezas campeiam em todos os poderes e a ausência de
dignidade, de exemplo de justiça, de honradez, onde há a
usurpação de alguns ante a dignidade de muitos, a paz
desaparece e se torna revolta. A revolta, ante a
injustiça, envilece o homem, tornando-o predador de seu
semelhante.
Destacando uma frase de Madame Roland, Divaldo
chamou a atenção para as condições em que se trata a
liberdade. Oh, Liberdade, Oh, Liberdade, quantos
crimes se cometem em teu nome! Cada ser humano deve
ter a consciência da dignidade, do respeito, do amor ao
próximo, frisando que tudo isso independe de religião ou
de qualquer outra crença ou filosofia. O Movimento Você
e a Paz é um projeto que visa promover e divulgar a paz.
A liberdade é o maior anseio da alma humana e que deve
ser conquistada e mantida com amor, paciência,
tolerância, sem o uso de revide.
Mahatma Gandhi afirmava
que a paz não possui um caminho, a paz é o próprio
caminho. Asseverou o nobre orador pacifista que é
necessário ter coragem para amar, para ser solidário e
caridoso. A paz e o amor se entrecruzam. A paz é o único
meio de ser feliz, para desfrutar a harmonia e ser
fraternal. Com a declamação do Poema da Gratidão, de
Amélia Rodrigues, o evento se encaminhou para o final,
quando todos, irmanados cantaram a canção Paz pela Paz,
de Nando Cordel, que do palco animou os milhares de pazeadores ali
presentes e milhares de outros através da internet.
Os sentimentos estavam aflorados, os abraços, desejando
paz duradoura, se multiplicaram em uma verdadeira onda
de solidariedade e de fraternidade. Lembre-se: Você é a
Paz! Você é Paz!
Nota do autor:
As fotos desta reportagem são de Jorge
Moehlecke.