Kardec e o Efeito Flynn
O progresso espiritual foi didaticamente
classificado por Allan Kardec como de duas
ordens: Moral e Intelectual. Em sua longa
caminhada da condição de ignorância e
simplicidade para a “angelitude” o princípio
espiritual deve necessariamente amealhar
recursos intelectivos (habilidades, técnicas,
inteligências) e éticos (virtudes morais). Nem
sempre seguem juntas essas dimensões do
progresso humano, mas frequentemente o progresso
moral segue o intelectual, na medida em que o
desenvolvimento cognitivo faz com que o homem
compreenda melhor as diferenças entre o bem e o
mal, capacitando-o para escolher de forma
melhor. (OLE, itens 780 e 780-a.)
Curiosamente, tem-se visto que muitos estudiosos
da atualidade vêm relacionando a queda global da
violência humana ao desenvolvimento da
inteligência, ratificando o pensamento
kardequiano. Embora alguns possam não acreditar,
mas somos bem mais inteligentes que nossos
antepassados. James Flynn, filósofo
norte-americano examinou a evolução do QI (Quociente
de inteligência, que mede a habilidade
linguística e a lógico-matemática) durante
grande parte do século XX, em 30 países do
mundo. Estudos mostram um aumento do QI de 3
pontos a cada dez anos. Calculou-se que um
cidadão de inteligência mediana no ano de 1920
se hoje fizesse um teste comum de QI teria na
faixa de 70 pontos, quanto a média é 100. 70
pontos no QI colocam-no no limite do retardo
mental. Respondemos melhor que nossos ancestrais
às mesmas perguntas.
Alguns fatores têm sido relacionados ao chamado Efeito
Flynn: um ambiente crescentemente
tecnológico, uma vida muita rica em símbolos e a
popularização da ciência, levando o raciocínio
abstrato dos centros acadêmicos de pesquisa para
as ruas. As pessoas tornaram-se mais habituadas
à abstração mental e ao raciocínio lógico.
Steven Pinker, neurocientista radicado na
América do norte, examinou a queda da violência
humana em sua obra Os anjos bons de nossa
natureza. Comenta Pinker que um dos grandes
fatores relacionados à queda da violência foi a
invenção da imprensa no século XV e o movimento
de popularização dos livros e do hábito da
leitura nos séculos seguintes. Ler, diz o autor,
é uma estratégia da mente para promover
mudanças. Quando temos na cabeça os pensamentos
de outra pessoa observamos o mundo de outro
ponto de vista, expandimos nossa capacidade de
compreensão; vivemos com ela as suas emoções,
suas experiências e desenvolvemos o sentimento,
amplificando nossa capacidade de amar.
Sábias e atuais as recomendações do Espírito de
Verdade, apresentadas n´O Evangelho segundo o
Espiritismo, capítulo VI: Espíritas!
amai-vos, este o primeiro ensinamento;
instruí-vos, este o segundo.