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por Ricardo Baesso de Oliveira

 
Kardec e o Efeito Flynn


O progresso espiritual foi didaticamente classificado por Allan Kardec como de duas ordens: Moral e Intelectual. Em sua longa caminhada da condição de ignorância e simplicidade para a “angelitude” o princípio espiritual deve necessariamente amealhar recursos intelectivos (habilidades, técnicas, inteligências) e éticos (virtudes morais). Nem sempre seguem juntas essas dimensões do progresso humano, mas frequentemente o progresso moral segue o intelectual, na medida em que o desenvolvimento cognitivo faz com que o homem compreenda melhor as diferenças entre o bem e o mal, capacitando-o para escolher de forma melhor. (OLE, itens 780 e 780-a.)

Curiosamente, tem-se visto que muitos estudiosos da atualidade vêm relacionando a queda global da violência humana ao desenvolvimento da inteligência, ratificando o pensamento kardequiano. Embora alguns possam não acreditar, mas somos bem mais inteligentes que nossos antepassados. James Flynn, filósofo norte-americano examinou a evolução do QI (Quociente de inteligência, que mede a habilidade linguística e a lógico-matemática) durante grande parte do século XX, em 30 países do mundo. Estudos mostram um aumento do QI de 3 pontos a cada dez anos. Calculou-se que um cidadão de inteligência mediana no ano de 1920 se hoje fizesse um teste comum de QI teria na faixa de 70 pontos, quanto a média é 100. 70 pontos no QI colocam-no no limite do retardo mental. Respondemos melhor que nossos ancestrais às mesmas perguntas.

Alguns fatores têm sido relacionados ao chamado Efeito Flynn: um ambiente crescentemente tecnológico, uma vida muita rica em símbolos e a popularização da ciência, levando o raciocínio abstrato dos centros acadêmicos de pesquisa para as ruas. As pessoas tornaram-se mais habituadas à abstração mental e ao raciocínio lógico.

Steven Pinker, neurocientista radicado na América do norte, examinou a queda da violência humana em sua obra Os anjos bons de nossa natureza. Comenta Pinker que um dos grandes fatores relacionados à queda da violência foi a invenção da imprensa no século XV e o movimento de popularização dos livros e do hábito da leitura nos séculos seguintes. Ler, diz o autor, é uma estratégia da mente para promover mudanças. Quando temos na cabeça os pensamentos de outra pessoa observamos o mundo de outro ponto de vista, expandimos nossa capacidade de compreensão; vivemos com ela as suas emoções, suas experiências e desenvolvemos o sentimento, amplificando nossa capacidade de amar.

Sábias e atuais as recomendações do Espírito de Verdade, apresentadas n´O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo VI: Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo.

 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita