Joias da poesia
contemporânea

Espírito: Cornélio Pires

 

Educação e vida

 
“Que pode um desencarnado

Dizer sobre educação?”

Eis aqui sua pergunta,

Caro amigo Viamão.

 

Educação — velho tema

Que se estuda por dever,

Tão fácil de se explicar,

Tão difícil de entender!…

 

A Terra é uma grande escola

Do bem suprimindo o mal,

Como agora a reconheço

Da Vida Espiritual.

 

Para que tempo no mundo,

Entre passado e porvir?

Para que se nasce e morre

Senão para se instruir?

 

A pessoa ganha o berço

Para a conquista do bem,

Se aprende, trabalha e serve,

Vai seguindo Mais Além…

 

O Espírito, em qualquer parte,

Pode o que pensa que pode,

Mas, em se achando na Terra,

Aí é que a luta explode.

 

Raro o espírito encarnado

Que aceita o que deve ser,

A maioria, entre os homens,

Sofre o medo de sofrer.

 

E receando ferir-se,

Intenta fuga ou disfarce,

Recusando o próprio ensejo

De educar e de educar se.

 

Agora, depois da morte,

Bastante tempo depois,

É que entendo os casos tristes

Que passaram por nós dois.

 

Tim renasceu com problemas

Para obter disciplina,

Tendo o sexo lesado

Suicidou-se com morfina.

 

Tânia pediu casa em provas,

A fim de aprender a amar,

Ligada a um marido enfermo,

Largou-se do próprio lar.

 

Querendo aprender perdão,

Tomé pediu outra vida,

Achando pais exigentes,

Deslanchou para a bebida.

 

Ao tentar conformação,

Nosso Alarico Machado,

Internado na penúria,

Suicidou-se revoltado.

 

Buscando olvidar paixões

Gil nasceu de Ana Noronha,

Mais tarde, tendo conflitos,

Abandonou-se à maconha.

 

Tônio querendo mais fé

Pediu luta e tentação,

Na Terra, falava em Deus

Trazendo um porrete à mão.

 

Rogou missão de educar

Dona Jurana Junquilhos,

Mas podava as pimenteiras,

Desprezando os próprios filhos.

 

Para ajudar entes caros

Noé nasceu na Água Branca,

Hoje, pai, só mostra em casa

Tristeza, grito e carranca.

 

É isso aí… Educar

É serviço dos serviços,

Mas quão difícil honrar

Nossos próprios compromissos!…

 

Para mim mesmo essa bênção

É luz de Deus a brilhar,

Mas tenho, para obtê-la,

Muitos séculos que andar…

 

Do livro Baú de casos, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita