Com quem falamos quando falamos sozinhos?
Escolhas de pensamentos, sintonia. Sabemos que
jamais estamos sós. Podemos sentir a comunicação
com os Espíritos através da intuição, sonhos,
sentimentos, o que nos remete à questão 459 de O
Livro dos Espíritos. Pergunta Kardec: “Os
Espíritos influem sobre nossos pensamentos e
ações?”. Respondem os benfeitores
espirituais: “Sim, muito mais do que supondes
imaginar, em via de regra são eles que vos
dirigem”. Podemos, assim, compreender que os
Espíritos nos ouvem, leem nossos pensamentos,
ficando claro que estes são força viva atuante e
criadora, atraindo outras mentes boas ou não.
A qualidade dos pensamentos que temos são os
fatores que mais influenciam o tipo de energia e
vibrações que iremos ter e que tipo de Espíritos
estarão ao nosso lado. Sabemos que nossos amigos
espirituais estão conosco, porém, quando
preferimos seguir as más tendências, eles se
afastam, pois, nossa energia vibratória estará
muito distante das deles. Nesse momento, seus
conselhos seriam inúteis. Não ignoramos que eles
se afastam porque não nos impõe nada,
diferentemente dos irmãos menos evoluídos que
constantemente permanecem insuflando ideias
desequilibrantes.
A mente em qualquer plano emite e recebe, dá e
recolhe, renovando-se constantemente para o
Alto, destino que lhe compete atingir. Assim,
estamos assimilando correntes mentais de maneira
permanente, de modo imperceptível, absorvendo
pensamentos a todo momento, projetando ao nosso
redor essas influências. Por isso, quando
estivermos tristes, com raiva, magoados,
ressentidos, sentindo dificuldade em perdoar ou
até mesmo tendo algum pensamento inferior
constante, entremos em oração, pedindo auxílio
ao nosso amigo espiritual; e esvaziando a mente
de pensamentos sombrios, busquemos na memória os
momentos alegres que experimentamos; ouçamos
músicas que nos acalmam intimamente e o
equilíbrio retornará, despertando e fazendo
florescer nossas boas intenções, ainda que sejam
poucas; restabeleçamos o contato com os
benevolentes amigos desencarnados, que nos
ampararão nesses momentos. Conseguiremos assim
tomar as rédeas de nosso progresso espiritual
quando nos propusermos a educar os sentimentos.
Essa ação resultará, certamente, na
transformação do pensamento. No entanto, esse
esforço deverá ser constante, diário, para que
possamos nos renovar moralmente, alcançando
degraus, cada vez mais altos, na escala
evolutiva. Essa transformação poderá ser
conquistada pouco a pouco e o caminho será
sempre através do Evangelho de Jesus, iluminando
nossos sentimentos, pensamentos e atitudes.
Ainda somos trevas e luz, o que nos faz lembrar
que as influências espirituais que nos cercam
fazem parte da Lei da Vida, e em virtude dessa
sintonia que estabelecemos entre nós e os
Espíritos, poderemos ceder às tentações ou
resistir a elas. Daí a importância do alerta de
Jesus: “Olhai, Vigiai e Orai”, sentindo
desta forma a presença amiga daqueles que nos
amam e guiam.
Um modo de distinguir nossos pensamentos
daqueles que nos são sugeridos é o de
compreender que normalmente o primeiro que nos
ocorre nos pertence. É importante notarmos que,
independentemente das sugestões ou não, a
responsabilidade pelos atos é nossa. Por isso é
necessário lembrarmos Kardec, em O livro dos
Espíritos, na questão 462: “Se fosse útil
pudéssemos claramente distinguir nossos próprios
pensamentos daqueles que nos são sugeridos, Deus
nos teria dado o meio, assim como nos dá o de
distinguir entre o dia e a noite. Quando algo
fica impreciso, é que assim convém ao nosso
benefício”.
Mister se faz que reflitamos sobre o que estamos
sintonizando através dos pensamentos que
emitimos diariamente, pois estes são a base de
nossa evolução, atuando, principalmente, por
meio de nossas palavras e ações. Assim, iremos
construindo dia a dia o edifício grandioso ou
miserável de nossa existência.
Somos responsáveis, sim, pela ligação com as
forças construtivas do bem ou com as forças
destrutivas do mal. É nosso livre-arbítrio. Para
tanto, nada melhor que o Evangelho para clarear
nossos pensamentos, vivenciando com profundidade
o conhecimento que a Doutrina Espírita nos
proporciona, educando-nos, alcançando a paz
íntima através de vibrações salutares, na
prática do bem e na fé em Deus. Sabemos que não
é fácil. No entanto, precisamos perseverar,
fortalecer-nos e jamais desistir de vencer a nós
mesmos. Seguindo confiantes sempre, apesar das
dificuldades e das lutas diárias tão necessárias
a cada um de nós.
Em nossos esforços diários, tenhamos sempre como
base os ensinamentos trazidos pelo Mestre Jesus
e a prática desses ensinamentos nos quais
encontraremos a chave para a renovação moral,
como é esclarecido pelo codificador da Doutrina
Espírita: “Reconhece-se o verdadeiro espírita
por sua transformação moral e pelos esforços que
faz para dominar suas más inclinações”.
Bibliografia:
DENIS, Léon – O problema do
ser, do destino e da dor - 1ª edição –
Brasília/DF/ Editora FEB – 2009 – terceira parte
– capítulo 23.
XAVIER, C. Francisco – Roteiro – ditado
pelo Espírito Emmanuel – 9ª edição –
Brasília/DF/ Editora FEB – 1994 – capítulo 26.