Brasil
por Djair Ribeiro

Ano 12 - N° 605 - 10 de Fevereiro de 2019

Divaldo Franco: “Perdoar não significa estar de acordo com o erro”


O conhecido orador foi um dos destaques do 4º Congresso Espírita de Uberlândia, promovido pela Web Rádio Fraternidade


Entre os dias 25 e 27 de janeiro de 2019, o Center Convention de Uberlândia (MG) acolheu em suas amplas e confortáveis instalações cerca de 3.500 participantes do 4º Congresso Espírita de Uberlândia, que teve como tema principal a frase: JESUS, CAMINHO PARA A SUA PAZ E A PAZ NO MUNDO.

O evento foi promovido pela Web Rádio Fraternidade, que comemorou na ocasião seu décimo aniversário. As palestras do Congresso foram transmitidas ao vivo pela Web Rádio Fraternidade, pela Rede Amigo Espírita e pela  FebTV, dando assim oportunidade de ouvi-las àqueles que não puderam estar presentes no evento.

Durante os três dias do encontro, os participantes ouviram palestras de importantes nomes envolvidos na causa espírita, tais como Haroldo Dutra Dias, Rossandro Klinjey, Artur Valadares, Simão Pedro de Lima, Ana Tereza Camasmie, Jussara Korngold, Alberto Almeida, Jorge Elarrat, Iraci Campos, José Carlos De Lucca, Eulália Bueno, Juan Danilo Rodrigues e Divaldo Franco.

No dia 27 de janeiro – data de encerramento do Congresso – Divaldo Franco e Dr. Juan Danilo iniciaram bem cedo seus compromissos de divulgação. A Rádio Fraternidade recebeu Divaldo Franco e o Dr. Juan Danilo para uma entrevista rica em informações e serenas mensagens de esperança e renovação. Logo em seguida ambos participaram de um encontro com os jovens, ocasião em que puderam falar à juventude sobre Francisco de Assis, o Jovem e a Missão. Posteriormente ambos revezarem-se para responder a uma grande quantidade de questões formuladas pelos jovens.

Dando início à sua conferência, Divaldo citou dados relacionados com as diversas guerras que assolaram, ao longo dos anos, a Humanidade terrena.

Em 3.500 anos de registros históricos, o mundo só teve 268 anos sem guerras. Somente nas guerras do século XX morreram cerca de 100 milhões de pessoas.

Divaldo formulou algumas questões relevantes acerca do tema:

Qual a razão de tanta agressividade que vem acompanhando a humanidade desde seu início?

- Diante do Universo infinito como pode o ser humano viver preso à sua pequenez?

Como pode a humanidade que vem descobrindo as maravilhas do Universo, ainda deixar preponderar a agressividade em seu comportamento?

Divaldo passou, em seguida, a abordar as conquistas da Ciência que permite ao ser humano deslumbrar-se com as luzes do conhecimento e dos segredos da vida, da matéria e do Universo, lembrando que, apesar disso, nos perdemos nas sombras da ignorância e da agressividade.

Na sequência, ele fez uma sucinta incursão pelas fases da evolução antropossociopsicológica da Humanidade terrena, revelando que alimentar-se, abrigar-se e reproduzir-se compunham os instintos básicos que moviam, ao longo do tempo, as ações humanas.

Surgiu, então, a primeira emoção: o Medo, que, por sua vez, gera a suspeita, a desconfiança, a ansiedade e a timidez. Logo em seguida surgiu a segunda emoção: a Ira, a desdobrar-se em raiva, ódio, desejo de vingança.

Preocupado com a belicosidade humana, Allan Kardec – na questão 742 de O Livro dos Espíritos – indaga: Que é o que impele o homem à guerra?  

Os Espíritos Superiores responderam: “Predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e transbordamento das paixões. No estado de barbaria, os povos um só direito conhecem — o do mais forte”.

Para emoldurar o tema, Divaldo se utilizou da narrativa de uma jovem armênia, cuja história foi retratada no livro Perdão Radical, de autoria de Brian Zahnd.

Entre os anos de 1915 a 1917 ocorreu a guerra entre turcos e armênios. Como em toda a guerra, a crueldade é soberana. A Armênia invadida pelos turcos viu seu povo ser dizimado em um genocídio. Não foi diferente para aquela família modesta. Os soldados turcos invadiram sua casa e de imediato mataram os pais de duas jovens. A mais moça, quase uma criança, foi estuprada até a morte; a outra, um pouco mais velha, foi transformada em escrava sexual do comandante daquela tropa.

Após fugir dessa situação a jovem refugiou-se em outro país e estudou até, anos depois, formar-se enfermeira.

Muitos anos se passaram até que deu entrada no Hospital onde ela trabalhava o antigo comandante das tropas que havia destroçado suas esperanças.

Cristã, ela aplicou-se a cuidar do quase moribundo até a sua recuperação total.

Desejando agradecer à jovem que tanto se havia dedicado em lhe devolver a saúde, o militar descobriu toda a verdade. E, envergonhado de suas ações pretéritas, ousou perguntar à jovem qual a razão de tê-lo perdoado, quando o normal teria sido um comportamento oposto.

A jovem olhou profundamente nos olhos do algoz de sua felicidade e lhe respondeu:

— Teus crimes contra mim, minha família e meu povo foi por sermos cristãos. Perdoo-te porque Jesus nos ensinou: “Aquele que crê em mim faz também as obras que faço”.

Após um breve silêncio, Divaldo formula uma questão ao público presente:

— E você, perdoaria?

Relembrando as fases da evolução da criatura humana, Divaldo considera que sucedendo às duas iniciais emoções – o medo e a ira – desponta a terceira emoção: o Amor, sentimento do qual Jesus é o grande expoente por divulga-lo e principalmente vivenciá-lo.

O amor é força poderosa que transforma tudo e a todos que se deixam ser por ele tocado. Nem mesmo a beligerância, a belicosidade e a violência tem capacidade de diminuir-lhe o poder.

Perdoar não é esquecer, pois o esquecimento depende da memória física. Perdoar no conceito amplo ensinado por Jesus é não devolver o mal recebido e nem mesmo desejar a infelicidade daqueles que nos prejudicam e infelicitam.

Perdoar não significa estar de acordo com o erro. Todo crime merece repúdio. O criminoso, porém, merece compaixão.

O perdão, antes teológico, adquiriu a condição de terapia, por nos devolver a harmonia pacificando nossos corações e sentimentos.

A crise que se abate toda a Humanidade é, na realidade, crise INDIVIDUAL que se propaga envolvendo toda a Sociedade, que centraliza seus objetivos existenciais no individualismo, consumismo e na busca do prazer, por confundi-lo com a felicidade. A Sociedade carece de objetivos existenciais profundos e transcendentais, preferindo permanecer na superfície das ilusões que passam e se esgotam em si mesmas, levando o ser à perda do objetivo existencial resultando no inconformismo, na depressão, na revolta e, por conseguinte produzindo a violência.

Busquemos, com todas as forças do nosso ser, alcançar a plenitude através do BEM, nunca pela força, pelo AMOR e não pelo ódio.

Divaldo encerrou a conferência sob ovação da imensa plateia. Enquanto suas considerações repercutiam nas mentes luarizadas com suas palavras, os exemplos da jovem armênia e o Poema da Gratidão fincavam profundamente suas raízes nos corações.

No ambiente saturado de doces vibrações que permeava a todos os presentes a voz de Divaldo Franco – convidado a formular a prece de enceramento dos trabalhos - foi se alterando suavemente e todos emocionados ouviram – pelo sentido de audição e também a repercutir na acústica da alma - a voz de Dr. Bezerra de Menezes a se manifestar por intermédio da mediunidade psicofônica de Divaldo em uma mensagem que nos encoraja a atender ao convite formulado pelo Espirito de Verdade de que nos amassemos e nos instruíssemos.

Conclamando a todos que fossem e pregassem o Evangelho, rogou a Jesus que nos ajudasse a escalar a montanha do nosso aperfeiçoamento, sublimando o Ego que ainda nos prende ao passado de equívocos e que sustenta as incontáveis e seculares imperfeições que nos pejam na consciência aguardando a nossa atitude de transformá-las.

 

Nota do autor:

As fotos desta reportagem são de Edgar Patrocínio.


 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita