Divaldo Franco: “Perdoar
não significa estar de acordo com o erro”
O conhecido orador foi um dos destaques do 4º Congresso
Espírita de Uberlândia, promovido pela Web Rádio
Fraternidade
Entre os dias 25 e 27 de janeiro de 2019, o Center
Convention de Uberlândia (MG) acolheu em suas amplas
e confortáveis instalações cerca de 3.500 participantes
do 4º Congresso Espírita de Uberlândia, que teve como
tema principal a frase: JESUS, CAMINHO PARA A SUA PAZ
E A PAZ NO MUNDO.
O evento foi promovido pela Web Rádio Fraternidade, que
comemorou na ocasião seu décimo aniversário. As
palestras do Congresso foram transmitidas ao vivo pela
Web Rádio Fraternidade, pela Rede Amigo Espírita e pela
FebTV, dando assim oportunidade de ouvi-las àqueles que
não puderam estar presentes no evento.
Durante os três dias do encontro, os participantes
ouviram palestras de importantes nomes envolvidos na
causa espírita, tais como Haroldo Dutra Dias, Rossandro
Klinjey, Artur Valadares, Simão Pedro de Lima, Ana
Tereza Camasmie, Jussara Korngold, Alberto Almeida,
Jorge Elarrat, Iraci Campos, José Carlos De Lucca,
Eulália Bueno, Juan Danilo Rodrigues e Divaldo Franco.
No dia 27 de janeiro – data de encerramento do Congresso
– Divaldo Franco e Dr. Juan Danilo iniciaram bem cedo
seus compromissos de divulgação. A Rádio Fraternidade
recebeu Divaldo Franco e o Dr. Juan Danilo para uma
entrevista rica em informações e serenas mensagens de
esperança e renovação. Logo em seguida ambos
participaram de um encontro com os jovens, ocasião em
que puderam falar à juventude sobre Francisco de
Assis, o Jovem e a Missão. Posteriormente ambos
revezarem-se para responder a uma grande quantidade de
questões formuladas pelos jovens.
Dando início à sua conferência, Divaldo citou dados
relacionados com as diversas guerras que assolaram, ao
longo dos anos, a Humanidade terrena.
Em 3.500 anos de
registros históricos, o mundo só teve 268 anos sem
guerras. Somente nas guerras do século XX morreram cerca
de 100 milhões de pessoas.
Divaldo formulou algumas questões relevantes acerca do
tema:
- Qual
a razão de tanta agressividade que vem acompanhando a
humanidade desde seu início?
- Diante do Universo infinito como pode o ser humano
viver preso à sua pequenez?
- Como
pode a humanidade que vem descobrindo as maravilhas do
Universo, ainda deixar preponderar a agressividade em
seu comportamento?
Divaldo passou, em seguida, a abordar as conquistas da
Ciência que permite ao ser humano deslumbrar-se com as
luzes do conhecimento e dos segredos da vida, da matéria
e do Universo, lembrando que, apesar disso, nos perdemos
nas sombras da ignorância e da agressividade.
Na sequência, ele fez uma sucinta incursão pelas fases
da evolução antropossociopsicológica da Humanidade
terrena, revelando que alimentar-se, abrigar-se e
reproduzir-se compunham os instintos básicos que moviam,
ao longo do tempo, as ações humanas.
Surgiu, então, a primeira emoção: o Medo, que, por sua
vez, gera a suspeita, a desconfiança, a ansiedade e a
timidez. Logo em seguida surgiu a segunda emoção: a Ira,
a desdobrar-se em raiva, ódio, desejo de vingança.
Preocupado com a belicosidade humana, Allan Kardec – na
questão 742 de O Livro dos Espíritos – indaga: Que
é o que impele o homem à guerra?
Os
Espíritos Superiores responderam: “Predominância da
natureza animal sobre a natureza espiritual e
transbordamento das paixões. No estado de barbaria, os
povos um só direito conhecem — o do mais forte”.
Para emoldurar o tema, Divaldo se utilizou da narrativa
de uma jovem armênia, cuja história foi retratada no
livro Perdão Radical, de autoria de Brian Zahnd.
Entre os anos de 1915 a 1917 ocorreu a guerra entre
turcos e armênios. Como em toda a guerra, a crueldade é
soberana. A Armênia invadida pelos turcos viu seu povo
ser dizimado em um genocídio. Não foi diferente para
aquela família modesta. Os soldados turcos invadiram sua
casa e de imediato mataram os pais de duas jovens. A
mais moça, quase uma criança, foi estuprada até a morte;
a outra, um pouco mais velha, foi transformada em
escrava sexual do comandante daquela tropa.
Após fugir dessa situação a jovem refugiou-se em outro
país e estudou até, anos depois, formar-se enfermeira.
Muitos anos se passaram até que deu entrada no Hospital
onde ela trabalhava o antigo comandante das tropas que
havia destroçado suas esperanças.
Cristã, ela aplicou-se a cuidar do quase moribundo até a
sua recuperação total.
Desejando agradecer à jovem que tanto se havia dedicado
em lhe devolver a saúde, o militar descobriu toda a
verdade. E, envergonhado de suas ações pretéritas, ousou
perguntar à jovem qual a razão de tê-lo perdoado, quando
o normal teria sido um comportamento oposto.
A jovem olhou profundamente nos olhos do algoz de sua
felicidade e lhe respondeu:
— Teus crimes contra mim, minha família e meu povo foi
por sermos cristãos. Perdoo-te porque Jesus nos ensinou:
“Aquele que crê em mim faz também as obras que faço”.
Após um breve silêncio, Divaldo formula uma questão ao
público presente:
— E você, perdoaria?
Relembrando as fases da evolução da criatura humana,
Divaldo considera que sucedendo às duas iniciais emoções
– o medo e a ira – desponta a terceira emoção: o Amor,
sentimento do qual Jesus é o grande expoente por
divulga-lo e principalmente vivenciá-lo.
O amor é força poderosa que transforma tudo e a todos
que se deixam ser por ele tocado. Nem mesmo a
beligerância, a belicosidade e a violência tem
capacidade de diminuir-lhe o poder.
Perdoar não é esquecer, pois o esquecimento depende da
memória física. Perdoar no conceito amplo ensinado por
Jesus é não devolver o mal recebido e nem mesmo desejar
a infelicidade daqueles que nos prejudicam e
infelicitam.
Perdoar não significa estar de acordo com o erro. Todo
crime merece repúdio. O criminoso, porém, merece
compaixão.
O perdão, antes teológico, adquiriu a condição de
terapia, por nos devolver a harmonia pacificando nossos
corações e sentimentos.
A crise que se abate toda a Humanidade é, na realidade,
crise INDIVIDUAL que se propaga envolvendo toda a
Sociedade, que centraliza seus objetivos existenciais no
individualismo, consumismo e na busca do prazer, por
confundi-lo com a felicidade. A Sociedade carece de
objetivos existenciais profundos e transcendentais,
preferindo permanecer na superfície das ilusões que
passam e se esgotam em si mesmas, levando o ser à perda
do objetivo existencial resultando no inconformismo, na
depressão, na revolta e, por conseguinte produzindo a
violência.
Busquemos, com todas as forças do nosso ser, alcançar a
plenitude através do BEM, nunca pela força, pelo AMOR e
não pelo ódio.
Divaldo encerrou a conferência sob ovação da imensa
plateia. Enquanto suas considerações repercutiam nas
mentes luarizadas com suas palavras, os exemplos da
jovem armênia e o Poema da Gratidão fincavam
profundamente suas raízes nos corações.
No ambiente saturado de doces vibrações que permeava a
todos os presentes a voz de Divaldo Franco – convidado a
formular a prece de enceramento dos trabalhos - foi se
alterando suavemente e todos emocionados ouviram – pelo
sentido de audição e também a repercutir na acústica da
alma - a voz de Dr. Bezerra de Menezes a se manifestar
por intermédio da mediunidade psicofônica de Divaldo em
uma mensagem que nos encoraja a atender ao convite
formulado pelo Espirito de Verdade de que nos amassemos
e nos instruíssemos.
Conclamando a todos que fossem e pregassem o Evangelho,
rogou a Jesus que nos ajudasse a escalar a montanha do
nosso aperfeiçoamento, sublimando o Ego que ainda nos
prende ao passado de equívocos e que sustenta as
incontáveis e seculares imperfeições que nos pejam na
consciência aguardando a nossa atitude de
transformá-las.
Nota do autor:
As fotos desta reportagem são de Edgar
Patrocínio.