Um minuto
com Chico Xavier

por Regina Stella Spagnuolo

   

Chico recebeu mais um pedido de socorro no Centro Luiz Gonzaga: um cego, guiado por um bêbado, tinha despencado de uma altura de quatro metros. Desmaiado e ensanguentado, já estava há horas embaixo de um viaduto da cidade. O rapaz correu para ajudar. Alugou um quarto num velho pardieiro para o homem e conseguiu um médico de graça. Mas o doente precisava de companhia durante o dia, enquanto Chico trabalhava no bar de José Felizardo. O caixeiro publicou um anúncio no jornal semanal da cidade pedindo socorro. Seis dias depois, duas moças apareceram dispostas a ajudar o enfermo durante o dia. Trabalhavam à noite: eram prostitutas. A recuperação do doente durou um mês. Após acompanhar as rezas de Chico, as duas decidiram mudar de vida. Foram para Belo Horizonte. Uma se empregou numa tinturaria, a outra tornou-se enfermeira.

Foi o primeiro de uma série de encontros entre Chico e as "nossas irmãs que comercializam a força sexual", segundo um dos eufemismos usados por ele. Meses depois, um amigo de seu pai o convidou para dar um passeio à noite e o levou ao bordel. Chico não se apavorou nem se inibiu. Perguntou o porquê daquele programa. O acompanhante confessou: estava atendendo a um pedido do pai de Chico, preocupado com a virgindade tardia do filho. O rapaz perdeu a paciência e, rispidamente, disse que se quisesse ir até ali não precisaria de guia.

Ao entrar no salão, ele foi reconhecido: “Vejam quem está aqui... Vamos fazer uma prece juntos”.

As mulheres não estavam brincando. De repente, o bordel virou um centro espírita improvisado. Preces, passes, "uma grande alegria cristã", segundo Chico. "Uma chatice", segundo quatro candidatos a uma noitada nada católica. O rapaz saiu de lá intacto.


Do livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita