Um minuto
com Chico Xavier

por Regina Stella Spagnuolo

   

O ano de 1931 foi movimentado para Chico. E triste. Cidália morreu em março. Pouco antes de ir embora, chamou o enteado e fez um pedido: ele deveria evitar que João Cândido se desfizesse, novamente, dos filhos – seis dela e nove do primeiro casamento.

- Ah, mãe, fique despreocupada. Eu prometo que, enquanto minha última irmã não estiver casada, minha missão no lar não terá acabado.

Depois da promessa, o apelo:

- Não vá embora, não. Com quem vou conversar sobre minhas visões? Quem vai acreditar em mim?

Num último esforço, Cidália o consolou:

- Tenho fé de que você ainda há de encontrar aquelas pessoas do arco-íris e elas vão te entender mais do que eu.

Chico se sentia sozinho apesar das visitas esporádicas da mãe e das sessões no Centro Luiz Gonzaga. Para escapar do coro dos céticos, ele arrastava os pés pelas ruas de terra do arraial e, com os sapatos sempre frouxos, tomava o rumo do açude. Aquele era seu refúgio. Ali, ele se encolhia à sombra de uma árvore, na beira da represa, encarava o céu e rezava ao som das águas.

Em 1931, o bucolismo da cena deu lugar ao fantástico. O rapaz teve sua conversa com Deus interrompida pela visita de uma cruz luminosa. Franziu os olhos e percebeu, entre os raios, a poucos metros, a figura de um senhor imponente, vestido com túnica típica de sacerdotes. O recém-chegado foi direto ao assunto:

- Está mesmo disposto a trabalhar na mediunidade?

- Sim, se os bons espíritos não me abandonarem.

- Você não será desamparado, mas para isso é preciso que trabalhe, estude e se esforce no bem.

- O senhor acha que estou em condições de aceitar o compromisso?

- Perfeitamente, desde que respeite os três pontos básicos para o serviço.

Diante do silêncio do desconhecido, Chico perguntou:

- Qual o primeiro ponto?

A resposta veio seca:

- Disciplina.

- E o segundo?

- Disciplina.

- E o terceiro?

- Disciplina, é claro.

Chico Xavier concordou! Era Emmanuel.

 
Do livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita