Joanna de Ângelis e suas diversas
passagens pelo nosso globo
Foi em fevereiro de 1822 que faleceu em Salvador (BA),
aos 60 anos de idade, a sóror Joana Angélica de Jesus.
Religiosa da Ordem da Imaculada Conceição de Maria,
Joana morreu defendendo o Convento da Lapa em Salvador
contra soldados portugueses contrários à independência
do Brasil, proclamada no dia 7 de setembro daquele mesmo
ano
Conforme fontes idôneas diversas, ela fora, na época de
Jesus, Joana de Cusa, uma das mulheres que acompanhavam
o Mestre no dia de sua crucificação, mas no meio
espírita é conhecida como a mentora Joanna de Ângelis,
orientadora da obra mediúnica de Divaldo Franco.
Segundo Divaldo Franco, em sua primeira manifestação, no
dia 5/12/1945, Joanna de Ângelis se apresentou com o
epíteto “um Espírito amigo”, que por muitos anos teria
sido um pseudônimo utilizado por ela, inclusive no
período da codificação da doutrina espírita, de que
participou.
A ela são atribuídas, conforme o psicólogo e escritor
Cezar Braga Said em seu livro Joanna e Jesus: Uma
história de amor, além de sua encarnação como Joana
de Cusa, as seguintes personalidades históricas:
1 - Clara de Assis (1194-1253), que viveu no século
XIII, seguidora de São Francisco de Assis e fundadora da
Ordem das Clarissas.
2 - Juana Inés de la Cruz (1651-1695), pseudônimo
religioso da poetisa mexicana Juana de Asbaje.
3 - Joana Angélica de Jesus (1761-1822), sóror e depois
abadessa que protagonizou doloroso episódio que culminou
sua morte, por ocasião dos acontecimentos pertinentes à
independência do Brasil.
Juana Inés de la Cruz
Em março de 2016 foi exibida na TV mexicana a série Juana
Inés, criada por Patricia Arriaga Jordán, baseada na
vida e obra de Sóror Juana Inés de la Cruz. A série
encontra-se disponível na Netflix, em nosso país, desde
janeiro de 2017.
Filha de pai basco e mãe indígena, natural de Nepantla,
no México, onde nasceu em 1651, Juana Inés de Asbaje y
Ramírez de Santillana entrou para a história como Sóror
Juana Inés de la Cruz, uma freira da Ordem das Jerônimas,
considerada a mente mais brilhante de sua época. Seus
poemas, assim como suas peças de teatro e escritos
dedicados aos mais variados temas, eram consumidos pela
corte espanhola e também pelos vice-reis que governavam
a Nova Espanha, como se intitulava o México de então.
Ainda criança, fascinada pelas letras, ao ver sua irmã
aprender a ler e escrever, enganou a professora e
disse-lhe que sua mãe mandara pedir-lhe que a
alfabetizasse. A mestra, acostumada com a precocidade da
criança, que já respondia as perguntas que a irmã
ignorava, passou então a ensinar-lhe as primeiras
letras.
Juana começou a fazer versos aos 5 anos. Aos 6 anos,
dominava perfeitamente o idioma pátrio, além de possuir
habilidades para costura e outros afazeres comuns às
mulheres da época. Aos 12 anos, morando na capital,
Juana aprendeu latim em 20 aulas, e português, sozinha.
Além disso, falava nahuatl, uma língua indígena.
O Marquês de Mancera, querendo criar uma corte
brilhante, na tradição europeia, convidou a
menina-prodígio de 13 anos para dama de companhia de sua
mulher.
Na corte encantou a todos com sua beleza, inteligência e
graciosidade, tornando-se conhecida e admirada por suas
poesias, ensaios e peças bem-humoradas. Um dia, o
vice-rei resolveu testar os conhecimentos da vivaz
menina e reuniu 40 especialistas da Universidade do
México para interrogá-la sobre os mais diversos
assuntos. A plateia assistiu, pasmada, àquela jovem de
15 anos responder, durante horas, ao bombardeio das
perguntas dos professores.
A série exibida pela Netflix inicia-se com Juana
adolescente e em busca de um lugar na corte, onde,
segundo sua tia, poderia “arranjar um marido”. Pobre e
sem apoio, ela tornou-se dama de companhia da
vice-rainha da Nova Espanha, Leonor, a Marquesa de
Mancera, e sonhou com a universidade, tendo cogitado
vestir-se de homem para assistir às aulas. Leu os
clássicos gregos e romanos, livros de teologia e estava
também inteirada do que a ciência de então produzia.
Algum tempo depois, a fim de se dedicar mais aos estudos
e penetrar com profundidade no seu mundo interior, numa
busca incessante de união com o divino, ansiosa por
compreender Deus através de sua criação, resolveu
ingressar no Convento das Carmelitas Descalças, aos 16
anos de idade.
Desacostumada com a rigidez ascética, adoeceu e retornou
à Corte.
Seguindo orientação de seu confessor, foi para a ordem
de São Jerônimo da Conceição, que tinha menos obrigações
religiosas, podendo dedicar-se às letras e à ciência. Aí
tomou o nome de Sóror Juana Inés de la Cruz.
Na sua confortável cela, cercada por inúmeros livros,
globos terrestres, instrumentos musicais e científicos,
Juana estudava, escrevia seus poemas, ensaios, dramas,
peças religiosas, cantos de Natal e música sacra. Era
frequentemente visitada por intelectuais europeus e do
Novo Mundo, intercambiando conhecimentos e experiências.
A linda monja era conhecida e admirada por todos, sendo
seus escritos popularizados não só entre os religiosos,
como também entre os estudantes e mestres das
Universidades de vários lugares. Era conhecida como a
“Monja da Biblioteca”, que se imortalizou também por
defender o direito da mulher de ser inteligente, capaz
de lecionar e pregar livremente.
Em 1695 houve uma epidemia de peste na região. Juana
socorreu durante o dia e a noite as suas irmãs
religiosas que, juntamente com a maioria da população,
estavam enfermas. Com a doença, foram morrendo, aos
poucos, uma a uma de suas assistidas, e quando não
restava mais ninguém, ela, abatida e doente, tombou
vencida, aos 44 anos de idade.
Joana Angélica de Jesus
Passados 66 anos do seu regresso à Pátria Espiritual,
Juana Inés retornou, reencarnando na cidade de Salvador,
Bahia, em 1761, como Joana Angélica, filha de uma
abastada família.
Aos 21 anos de idade ingressou no Convento da Lapa, como
franciscana, com o nome de Sóror Joana Angélica de
Jesus, fazendo profissão de Irmã das Religiosas
Reformadas de Nossa Senhora da Conceição.
Foi irmã, escrivã e vigária, quando em 1815 tornou-se
abadessa e, no dia 20 de fevereiro de 1822, defendendo
corajosamente o Convento, assim como a honra das jovens
que ali moravam, foi assassinada por soldados que
lutavam contra a Independência do Brasil.
Nos planos divinos, já havia uma programação para esta
sua vida no Brasil, desde antes, quando reencarnara no
México como Sóror Juana Inés de La Cruz. Daí, sua enorme
facilidade para aprender português.
O fato é que nas terras brasileiras estavam
reencarnados, e reencarnariam brevemente, Espíritos
ligados a ela, almas comprometidas com a Lei Divina, que
faziam parte de sua família espiritual e aos quais
desejava auxiliar.
Dentre esses afeiçoados a Joanna de Ângelis, destaca-se,
entre outros, Amélia Rodrigues, educadora, poetisa,
romancista, dramaturga, oradora e contista.
Joanna na espiritualidade
Quando, na metade do século 19, as potências do Céu se
abalaram, e um movimento de renovação se alastrou pela
América e pela Europa, fazendo soar aos “quatro cantos”
a canção da esperança com a revelação da vida imortal,
Joanna de Ângelis integrou a equipe do Espírito de
Verdade, para o trabalho de implantação do Cristianismo
redivivo, do Consolador prometido por Jesus.
No livro Após a Tempestade, em sua última
mensagem, referindo-se aos componentes de sua equipe de
trabalho, diz ela:
“Quando se preparavam os dias da Codificação Espírita,
quando se convocavam trabalhadores dispostos à luta,
quando se anunciavam as horas preditas, quando se
arregimentavam seareiros para a Terra, escutamos o
convite celeste e nos apressamos a oferecer nossas
parcas forças, quanto nós mesmos, a fim de servir, na
ínfima condição de sulcadores do solo onde deveriam cair
as sementes de luz do Evangelho do Reino”.
No livro O Evangelho segundo o Espiritismo encontramos
duas mensagens assinadas por “Um Espírito amigo”. A
primeira, no cap. IX, item 7, com o título “A
paciência”, escrita em Havre, 1862. A segunda, no cap.
XVIII, itens 13 e 15, intitulada “Dar-se-á àquele que
tem”, psicografada no mesmo ano que a anterior, na
cidade de Bordéus.
No mundo espiritual, Joanna estagia numa bonita região,
próxima da crosta terrestre.
Segundo Divaldo Franco, quando vários Espíritos ligados
a ela, antigos cristãos equivocados, se preparavam para
reencarnar, reuniu a todos e planejou construir na
Terra, sob o céu da Bahia no Brasil, uma cópia, embora
imperfeita, da Comunidade onde estagiava no Plano
Espiritual, com o objetivo de, redimindo os antigos
cristãos, criar uma experiência educativa que
demonstrasse a viabilidade de se viver numa comunidade,
realmente cristã, nos dias atuais.
Espíritos gravemente enfermos, não necessariamente
vinculados aos seus orientadores encarnados, viriam na
condições de órfãos, proporcionando oportunidade de
burilamento, ao tempo em que eles próprios se iriam
liberando das injunções cármicas mais dolorosas e
avançando na direção de Jesus.
Engenheiros capacitados foram convidados para traçarem
os contornos gerais dos trabalhos e instruírem os
pioneiros da futura Obra. Quando estava tudo esboçado,
Joanna procurou entrar em contato com Francisco de
Assis, solicitando que examinasse os seus planos e
auxiliasse na sua concretização, no plano material.
O “Pobrezinho de Deus” concordou com a Mentora e se
prontificou a colaborar com a Obra, desde que “nessa
Comunidade jamais fosse olvidado o amor aos infelizes do
mundo, ou negada a Caridade aos 'filhos do Calvário',
nem se estabelecesse a presunção que é vérmina a
destruir as melhores edificações do sentimento moral".
Quase um século se passou quando os obreiros do Senhor
iniciaram na Terra, em 1947, a materialização dos planos
de Joanna, que inspirava e orientava, secundada por
Técnicos Espirituais dedicados, que espalhavam ozônio
especial pela psicosfera conturbada da região escolhida,
onde seria construída a “Mansão do Caminho”, nome dado
em alusão à “Casa do Caminho” dos primeiros cristãos.
Nesse ínterim, os colaboradores foram reencarnando, em
lugares diversos, em épocas diferentes, com instrução
variada e experiências diversificadas, para, aos poucos
e quando necessário, serem “chamados” para atender aos
compromissos assumidos na espiritualidade.