José María Fernández Colavida, “o Kardec espanhol”
Há 200 anos – no dia 19 de março de 1819 – nascia o
pioneiro espírita José María Fernández Colavida,
reconhecido como o maior divulgador do Espiritismo nos
países de língua espanhola
Primeiro tradutor das obras de Allan Kardec para o
idioma espanhol, José María Fernández Colavida nasceu em
Tortosa, província de Tarragona, em 19 de março de 1819,
e desencarnou em Barcelona no ano de 1888.
Em 1833, quando a primeira guerra carlista na Espanha
ocorreu, ele dela participou e destacou-se por ser um
homem corajoso e humanitário, do que lhe resultou a
obtenção do posto de Coronel. Em 1840, os carlistas
perderam a guerra e Colavida teve de exilar-se na
França, onde, além de aprender a língua, pôde estudar e
praticar o Magnetismo ensinado por diferentes
professores franceses, incluindo du Potet.
Depois de alguns anos de exílio, regressou a Barcelona,
onde casou-se com uma jovem chamada Ana Campos, que lhe
deu uma pequena amostra de suas faculdades mediúnicas.
Em 1860, o Capitão Ramón Laguier e Pomares lhe deu de
presente O Livro dos Espíritos, com o que ele
descobriu a Doutrina Espírita. Ele ficou tão
impressionado com o trabalho, que em 1861 decidiu
traduzi-lo e publicá-lo, tornando-se o primeiro tradutor
espanhol das obras da codificação espírita.
Dotado de grande conhecimento doutrinário, tornou-se a
partir daí um fiel discípulo da Doutrina Espírita e,
sobretudo, um exemplo de amor e caridade. Graças a seu
trabalho nas lides espíritas, foi chamado então, já na
sua época, de “o Kardec espanhol”, visto que, além de
tradutor das principais obras espíritas, foi fundador,
diretor e redator da Revista de Estudios Psicológicos,
periódico espírita que circulou pela primeira vez em
Barcelona no ano de 1869.
Maior divulgador do Espiritismo na Espanha e nos países
de língua espanhola, foi graças à divulgação que
empreendeu e aos livros que imprimiu por sua conta e
distribuiu graciosamente que Amalia Domingo Soler pôde
conhecer a Doutrina Espírita e, com o conhecimento
espírita, sentir-se aliviada com a resposta que o
Espiritismo lhe deu, em face da situação que vivia.
José María Fernández Colavida fundou também a primeira
livraria espírita surgida na cidade de Barcelona,
Catalunha, onde se verificou um momento muito
significativo na história do Espiritismo. Allan Kardec
enviou à Espanha, em 1861, trezentos volumes espíritas,
que foram queimados na Plaza de Cataluña, na presença de
dezenas de pessoas que não compreendiam o porquê daquele
ato, promovido pela Igreja católica, que considerou que
aqueles livros eram contrários aos princípios católicos.
Reportando-se ao episódio, o próprio Allan Kardec
escreveu: “Hoy, nueve de octubre de 1861, siendo las
diez y treinta horas de la mañana en la explanada de la
ciudad de Barcelona, lugar donde se ejecutaban a
criminales condenados, fueron quemados por orden del o
bispo Palau de Barcelona, 300 libros, revistas, folletos,
etc.”
A espiritualidade – soube-se depois – permitiu que o
auto de fé ocorresse porque, em vez de prejudicar o
Espiritismo, ele ajudou-o a difundir-se pela Espanha,
devido à curiosidade que levou muitos a procurar e
conhecer aqueles livros e, na sequência, converter-se em
espíritas.
Colavida foi um exemplo vivo de honestidade e de prática
daquilo que divulgava. Nunca teve medo da Igreja
católica e dos ataques que ela fazia à sua pessoa, a
Amalia Domingo Soler e a Miguel Vives y Vives, entre
tantos outros. Nada disso, contudo, impediu que
continuasse com seu trabalho e os muitos compromissos
que ajudaram bastante a expansão do movimento espírita
espanhol.
Suas mãos laboriosas, ferramentas luminosas em serviço
constante pela causa espírita, escreviam textos
doutrinários e cartas de orientação a espíritas de todas
as condições sociais e nacionalidades.
Entre suas realizações, fundou também a Asociación de
los Amigos de los Pobres e a Sociedad Barcelonesa
Propagadora del Espiritismo, tendo sido diretor do Grupo
Espírita La Paz, instituições em que trabalhou com
afinco pelo bem do próximo.
Em setembro de 1888, poucos meses antes de sua
desencarnação, foi presidente de honra do Primeiro
Congresso Internacional Espírita, realizado em
Barcelona, uma homenagem que ele recebeu com humildade,
visto que jamais buscara reconhecimento pelo seu
trabalho, exceto o de sua própria consciência.
A Federação Espírita Brasileira publicou em português o
livro A Barqueira do Júcar, autoria de Colavida,
que é em verdade uma novela
mediúnica recebida no Grupo La Paz, em Barcelona,
Espanha, que relata a história de uma jovem barqueira
tida como bruxa e famosa pela sua inteligência, cultura
e mediunidade. Para ler a obra, clique em https://goo.gl/fKGxst
Para mais informações sobre Colavida: https://goo.gl/4aUSKw