A caravana para em frente de uma palhoça num bairro
pobre de Uberaba. Uma mulher grisalha acerca-se do
médium à saída do carro: “Chico, meu neto está pra
morrer. Que é que eu faço?”
Disse-lhe o médium: “Minha irmã, a prece de uma avó por um neto
necessitado arromba as portas do céu! Vamos orar”.
Um grupo de pessoas do bairro logo se forma na calçada,
adiantando-se uma mulher ainda jovem em visível crise nervosa:
“Chico, estou com espírito ruim encostado em mim, tira ele de
mim”. A resposta veio surpreendente: “Uai, gente, para que tirar
o Espírito? Vamos evangelizar-nos todos juntos, encarnados e
desencarnados”.
Uma recém-casada, alta e magra, queixa-se de que o marido se
enfureceu e ficou violento. “A caridade quebra a violência.
Minha filha, a harmonia muitas vezes é fruto da caridade” –
explicou o médium.
Ele entra numa casa humilde. Uma mãe com quatro filhos
retardados, todos eles sofrendo de paralisia. “Chico, está tudo
ruim, a vida anda difícil!”
Ele aponta para um quinto filho, este adotado pela mulher:
“Olha! que lindos olhos tem este menino. Como é inteligente e é
seu amigo. Vamos pensar em coisa boa, gente. Em maré baixa ou
maré alta, vamos com Deus”.
Duas ou três casas adiante Chico Xavier e seus caravaneiros
entram numa casa de pau-a-pique, chão de terra batida. A mulher
recebe um rancho de mantimentos, dois travesseiros e um
cobertor, mas nem isso a alegra e passa a lastimar-se das
adversidades do dia a dia. O otimismo do médium é contagiante:
“A irmã conhece a estória daquele pedaço de barro que exala doce
perfume? Um dia, tendo alguém perguntado a razão de tanta
fragrância ele respondeu: É que durante certo tempo fui chão num
depósito de rosas”.
Alegrando aqui, consolando ali, espalhando esperanças na
maioria, a visitação estendeu-se por toda a manhã. A alegria e o
encantamento de todos à simples passagem de Chico Xavier era
contagiante!
Do livro Lições de Sabedoria, de Marlene Severino Rossi
Nobre.
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