Análise de palestras espíritas
Participo de um grupo de estudos do Espiritismo
pela internet, grupo, aliás, muito instrutivo.
Costumo aprender com os comentários dos
estudiosos e, dia desses, vi algo num
comentário, que me chamou atenção.
Um componente do grupo pediu a outro
participante para analisar determinada palestra
espírita que havia sido proferida em sua cidade.
Então, após o pedido, a análise foi feita de
forma muito tranquila, com argumentos e sem
qualquer ofensa à referida palestra ou ao
orador.
Mas eis que uma outra participante do grupo, ao
se deparar com a análise da palestra, resolve
pedir mais caridade.
Fiquei, então, sem entender. A análise, como
disse acima, havia sido feita da forma mais
respeitável possível, sem ofensas ou
adjetivações.
Onde estaria a falta de caridade?
Aquilo me levou a refletir na compreensão que
temos da palavra caridade. Será que entendemos,
realmente, o que é caridade? Caridade seria
calar-se? Caridade seria não realizar críticas?
Por qual razão alguém entende uma análise como
falta de caridade?
Entender análise como falta de caridade, aliás,
é algo bem comum na cultura brasileira, e isto,
infelizmente, empobrece o debate e a troca de
ideias.
Quando digo que alguém que fez uma análise
respeitosa e com bons argumentos faltou com a
caridade, gero um clima de constrangimento que
tende a trazer o silêncio ou o confronto e não o
debate sadio.
A fuga de uma análise, seja de mensagens
mediúnicas, livros, textos e palestras é a
técnica utilizada por Espíritos que fascinam: a
ideia deles é privar os indivíduos do senso
crítico, transformando em inimigos e desafetos
todos aqueles que oferecem um ponto discordante
ou de melhoria em suas opiniões.
Penso que mudar o foco de como se vê a questão é
fundamental para o crescimento. Ao enxergar quem
faz análise como alguém que me dá,
gratuitamente, um feedback, um retorno sobre o
meu trabalho, automaticamente, elimino a ideia
de faltar caridade, de modo que poderei
aproveitar todos os seus apontamentos sobre
minha explanação, mensagem, livro, texto ou
coisas do gênero, logo, crescer com sua análise.
Mas para isto é preciso humildade; para bem
receber uma análise é necessário sair da redoma
da infalibilidade para conectar-se com sua
dimensão humana, pois os humanos erram.
E nós, infelizmente, parece que estamos ainda
imaturos para admitir que erramos.
Eis um tema para pensarmos com carinho.