Brasil
por Paulo Salerno

Ano 12 - N° 611 - 24 de Março de 2019

 

Divaldo Franco: “A reencarnação explica as complexidades da vida”

 
O conhecido orador deu início em Londrina, no dia 13 de março, à sua participação na XXI Conferência Estadual Espírita; no dia seguinte, falou aos espíritas de Ponta Grossa


Dentro da programação da XXI Conferência Estadual Espírita (XXI CEE), com o tema: Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei, na fase de interiorização, ou seja, a realização de conferências em diversas cidades do interior do Estado, proferidas por múltiplos oradores, Divaldo Franco, o incansável trabalhador do Cristo, esteve proferindo conferências em Londrina e Ponta Grossa nos dias 13 e 14 de março. A culminância da XXI CEE aconteceu no período de 15 a 17 de março de 2019, no Expotrade Convention Center, Rodovia Deputado João Leopoldo Jacomel, 10.454, em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba.


Reencarnação foi o tema da palestra em Londrina

Cerca de 2.500 pessoas se fizeram no Centro de Eventos de Londrina, em 13 de março.

Divaldo Franco, o trator de Deus, na assertiva de Chico Xavier, foi efusivamente recebido pelas lideranças espíritas regionais e pelo 1º Vice-Presidente da Federação Espírita do Paraná – FEP -, Luiz Henrique da Silva. Divaldo mantém, desde o ano de 1958, uma intensa relação doutrinária com Londrina.

Como tem ocorrido desde 2017, se fez acompanhar por Juan Danilo Rodríguez Mantila, espírita equatoriano, residente na Mansão do Caminho, em Salvador (BA), desde janeiro de 2018, onde desenvolve suas atividades, com atenção especial aos portadores do Espectro Autista. Juan Danilo é médico, terapeuta holístico, psicólogo transpessoal, fundador do Centro Espírita Francisco de Assis e da Fundação Luz Fraterna, em Quito. A Fundação Luz Fraterna se dedica ao tratamento da síndrome autista, propiciando, para esses, uma vida de mais equilíbrio e contato social, dignificando a criatura humana. Juan Danilo é autor dos livros Alliyana, que aborda o tratamento do autismo, e Notas do Coração, com reflexões inspiradoras para o bem-estar. Alliyana é uma palavra originária da língua quíchua, dos nativos do Equador, e tem como significado sarar, que para a cultura andina, sarar, curar é esclarecer.

Em noite de temperatura amena, Divaldo Franco destacou a frase tema da XXI CEE: Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei, enfatizando a reencarnação na vida de todos os seres humanos.

Allan Kardec, através de O Livro dos Espíritos, esclareceu as dúvidas que pairavam na sociedade humana sobre a continuidade da vida e a volta ao corpo somático. O Espiritismo apresenta a mais importante proposta filosófica para elucidar a criatura humana, apresentando propostas para que ela possa autoiluminar-se, bem como revela o caminho a ser percorrido para alcançar a evolução moral e intelectual. As diversas reencarnações vividas pelos seres humanos são sempre riquíssimas em experiências. As ciências humanas, pouco a pouco, foram lançando luzes sobre a origem do Universo, bem como sobre da vida física, oriunda nas profundezas dos oceanos, em consonância com o Espiritismo.

A dificuldade para a aceitação da reencarnação possui geratriz, amiúde, pela forma superficial e fantasiosa com que é apresentada, sem bases fáticas e científicas. Seria necessário, então, uma religião científica, que oferecesse as provas e o claro entendimento lógico da questão. Assim, a reencarnação explica o que é o ser humano, cujo corpo físico é composto por cerca de trezentos trilhões de células, em termos de origem, destino e condição atual. É a chave para se decifrar os enigmas da existência humana.

Ao Espiritismo coube desvelar a causalidade da vida, da evolução do ser humano até que este alcance a plenitude. Apresentando o pensamento dos grandes filósofos, Divaldo destacou Jesus, o incomparável Mestre, que trouxe a diretriz segura para a evolução do homem.

Com base na Ciência, nas pesquisas parapsicológicas que afirmam que o ser humano é portador de duas memórias – a cerebral e a extracerebral -, Divaldo apresentou os estudos realizados pelo Dr. Hemendra Nath Banerjee (1929-1985), do Departamento de Parapsicologia da Universidade de Rajasthan, Índia, naturalizado mais tarde americano. O Dr. Banerjee foi um dos mais notáveis pesquisadores da reencarnação, escrevendo a obra Vidas Pretéritas e Futuras. Segundo o emérito cientista, toda vez que se falava sobre o tema, as pessoas adotavam uma das quatro posturas: a negação apriorística, ela não existe; a negação baseada na mera crença religiosa; a crença baseada no dogma religioso; e a certeza sobre a reencarnação, com base na análise racional dos fatos e na lógica.

Analisando a primeira conduta, Divaldo asseverou que se trata de negação pura e simples, isenta de qualquer análise, não estando dotada de argumentos plausíveis, quer afirmativos, quer negativos. Sobre a segunda conduta, o termo reencarnação somente passou a existir com o advento do Espiritismo, embora o conceito já estivesse presente na Bíblia, como no capítulo 3 do Evangelho de João, que narra o encontro de Nicodemos com Jesus e em outras 10 passagens evangélicas sobre a reencarnação. A terceira conduta, a crença cega, não tem estrutura para resistir às vivências humanas, podendo facilmente desfazer-se, pois que somente a reencarnação pode explicar as complexidades da vida. Analisando a quarta conduta, Divaldo Franco, Embaixador da Paz, salientou diversos fatos estudados pelo Dr. Banerjee, e que confirmam a reencarnação e oferecem a certeza, a fé inabalável sobre ela. Os que se encontra vinculados e adeptos da reencarnação compreendem que as forças telúricas do mal e do bem se entrechocam, levando o ser humano a fazer as próprias escolhas. A ciência espírita demonstra que o aparente caos da morte física é perfeitamente compreensível, pois que apresenta a continuidade da vida após a desestruturação molecular.

Apresentando o pensamento de Friedrich Nietzsche (1844 — 1900), filósofo alemão, autor de “Assim Falava Zaratustra”, Divaldo destacou a seguinte conclusão do filósofo: Toda vez quando surge uma ideia nova, ela passa por três períodos distintos: 1. Período em que é combatida tenazmente – Negação; 2. Período em que passa a ser ridicularizada – Zombaria; e 3. Período onde finalmente é aceita - Aceitação. Com a Doutrina Espírita não foi diferente. Tão logo ela foi ganhando notoriedade pela seriedade de seus postulados, surgiram adversários gratuitos para combatê-la.

Elucidando com a própria experiência, o médium narrou a história de sua irmã Nair, suicida, que, mais tarde, reencarnaria trazendo no corpo físico as marcas do ato ignóbil, resgatando o desequilíbrio gerado em si mesma. Em pesquisas sérias e documentadas, levadas a efeitos por estudiosos da área, são apresentados inúmeros casos comprovando a reencarnação. É a lei de causa e efeito, que todos os seres humanos estão submetidos, invariavelmente.

Divaldo Franco discorreu sobre variadas situações da vida, fazendo reflexões em torno do tema, como por exemplo: o fato de certos indivíduos nascerem sem problemas físicos e numa condição social e financeira favoráveis, enquanto outros renascem com doenças ou em favelas; as deformidades dos xifópagos, ou siameses; ou, ainda, os casos de gênios nas artes e nos diversos ramos científicos; fatos que somente podem encontrar uma explicação lógica e plausível à luz da reencarnação.

A reencarnação explica as complexidades da vida. A ciência espírita apresenta as respostas para as equações da vida, dando-lhe um sentido. A humanidade, notadamente os brasileiros, vive um momento moral decepcionante, extravagante. Herói, afirmou o ínclito orador, é todo aquele que transita pelo oceano da iniquidade sem contaminar-se. A vida vazia, sem sentido é indutora de severos quadros depressivos que podem culminar em suicídio. Na atualidade o número de depressivos na Terra é de cerca de 300 milhões.

Uma vida com bases éticas saudáveis, com direito de viver e de amar, com bases em Jesus, o modelo ímpar dado ao homem moderno, é formuladora e fomentadora de alegria, felicidade, de plenitude, onde a maior alegria é a de fazer com que o semelhante sinta-se gente. A fase do mundo novo se constituirá no exercício da caridade, quando o homem, então, melhorando-se, construirá uma nova sociedade mais fraterna, solidária e justa. Esse é o momento de cantar o amor do Cristo.

Apresentando outras considerações elucidativas, Divaldo Franco foi preparando o encerramento, e o público ávido de bênçãos e conhecimento se repletou de bem-estar e confiança nos dias vindouros. Após declamar o Poema da Gratidão, de Amélia Rodrigues, o orador por excelência foi amplamente aplaudido e, colocando-se o público de pé, a conferência foi encerrada. Pairava suave harmonia, envolvendo em bênçãos os presentes.


Consciência Humana foi o tema da palestra em Ponta Grossa

O Arauto do Evangelho e da Paz, Divaldo Franco, tendo vindo pela primeira vez no Paraná em 1954, jamais deixou de retornar à terra das araucárias. Nesta atual jornada, cumprindo compromissos com a XXI CEE, em atividade no interior do Estado, esteve no dia 14 de março em Ponta Grossa, no Clube Princesa dos Campos, para apresentar o tema “Consciência Humana”, atendendo à expectativa de cerca de duas mil pessoas.

Recebido com grande gáudio pelas lideranças espíritas locais, regionais e estadual, representada pelo 1º Vice-Presidente da Federação Espírita do Paraná, Luiz Henrique da Silva, Divaldo foi recepcionado pelo Coral Vozes de Francisco. Juan Danilo Rodríguez brindou o público executando e cantando linda canção ao violão.

A mitologia grega, disse Divaldo, serve de base para a interpretação das análises psicológicas, tanto as de Sigmund Freud, quanto as de Carl Gustav Jung. Discorrendo sobre o desentendimento havido entre Zeus e sua mulher Hera, envolvendo percepções de cada um, Tirésias foi chamado para dirimir as dúvidas do casal mitológico que zelava pelos demais deuses gregos. Tirésias, tendo desagradado a Heras, foi por ela condenado a cegueira. Zeus, não querendo perturbar ainda mais o relacionamento, decidiu não anular a cegueira imposta a Tirésias, porém, concedeu-lhe um benefício: deu-lhe o poder da visão interior, isto é, dotou-o de qualidades iluminativas do mundo interior, se autoiluminando.

O ser humano, ao viajar para dentro de si, descobre as possibilidades de viver as metas do porvir, o vir a ser. Ele consegue, então, estabelecer objetivos e os meios de realizar o progresso. O Livro dos Espíritos é uma obra que faculta ao homem conhecer o caminho, bem como, traçar rotas para a conquista da plenitude. Nesta grande obra, a questão 621 discorre sobre a consciência, o repositório da lei de Deus.

Divaldo, detentor de enorme experiência e conhecimento, através de inúmeros exemplos foi analisando os homens e seus graus de consciência, uns ainda permanecendo em estado de sono consciencial, amando mais os objetos e suas posses do que a Deus, independente do grau intelectual, numa dicotomia entre a inteligência e a consciência, isto é, o de postar-se alinhado com os postulados divinos ínsitos em si, ou simplesmente deixar-se conduzir pela intelectualidade sem ética.

Em 1905, Alfred Binet (1857 -1911) e o seu colega Theodore Simon (1873-1961) criaram a Escala Binet-Simon, usada para identificar estudantes que pudessem precisar de ajuda extra na sua aprendizagem escolar. Os autores da escala concluíram que os baixos resultados nos testes indicavam uma necessidade para uma maior intervenção dos professores no ensino destes alunos e não necessariamente que estes tivessem inabilidade de aprendizagem. Os dois ficaram conhecidos pela construção da primeira escala de medida de inteligência.

Jung, através da meditação, foi tomado por um furor e escreveu durante três dias e três noites seguidas o livro Resposta a Jó, uma referência ao Livro de Jó do Antigo Testamento. Jó perdeu tudo, inclusive a família, e reduzido a miséria, continuava, mesmo assim, a amar Deus. Jó afirmava que não amava o que Deus lhe deu, mas sim a Deus.

Segundo Jung, a consciência é um estado de aquisições éticas, possibilitando a autoiluminação, a consciência de si. Este postulado está em perfeito acordo com O Livro dos Espíritos. A ética é a base de toda a cultura, porém, Aristóteles, discípulo de Platão, apregoa que é necessário acrescentar outro componente para o desenvolvimento da consciência, a estética. A Doutrina Espírita, em seu conjunto, é um tratado de ética e de estética.

Cabe a cada ser humano optar por um sentido para a sua vida: o material ou o transcendental. Jesus, o modelo e guia para a humanidade, é o exemplo máximo de alguém dotado de ampla consciência apoiada na ética e na estética. Jesus fascina os que O conhecem. A Doutrina Espírita se constitui em valioso instrumento para a erradicação dos erros e a superação das dificuldades emocionais.

Divaldo Franco fez importante e preocupante revelação. Segundo informações recebidas de Espíritos Benfeitores, quase 10% da Humanidade está depressiva. Assim, segue o orador por excelência, o vazio existencial deve ser preenchido através da realização de uma viagem interior, descobrindo o homem novo, ainda em estado de sono e que deve ser desperto com as ações no bem. Através das reencarnações sucessivas, o ser humano irá encontrar o Deus interno, no âmago de seu coração.

Há necessidade de a criatura humana estabelecer uma ética para a vida. O Espiritismo é um repositório de ética e de estética. Na senda do progresso, o homem poderá optar pelo SER ou pelo TER, responsabilizando-se pela escolha. A caridade é um instrumento imprescindível na evolução do homem, que optando por fazer o bem para si e para o outro, desenvolve o amor. A oração é um ato sublime que une o homem a Deus, portanto, o ato de orar deverá ser revestido da mais pura sinceridade.

Encaminhando-se para o encerramento, Divaldo Franco asseverou que a humanidade transita por um momento grandioso, onde cada um deve sorrir mais, cumprimentar as pessoas, ser solidário, aprender a descobrir os invisíveis, os que são catalogados pela sociedade humana como miseráveis, os malcheirosos, os abandonados, auxiliando-os, acolhendo-os, sendo útil aos que estão à volta.

Divaldo Franco exortou o público a descobrir a alegria de viver, pois que a vida é rica de valores, principalmente aqueles que são empregados em benefício do próximo. Declamando o Poema da Gratidão, de Amélia Rodrigues, o evento foi encerrado e bênçãos se fizeram presente na intimidade de cada um, retemperando o ânimo para a prática da ética e da estética, do desenvolvimento da consciência segundo a Lei Divina. O público, postando-se de pé, aplaudiu o orador demonstrando a sua gratidão.

 

Nota do Autor:

As fotos que ilustram esta reportagem são de Jorge Moehlecke.


 

 

 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita