Chico Xavier concordou com a disciplina sugerida pelo
seu mentor ainda desconhecido para ele. E o estranho
aproveitou a deixa:
- Temos algo a realizar. Trinta livros para começar.
O rapaz levou um susto. Como iria comprar tinta e papel? Quem
pagaria a publicação de tantos títulos? O salário de caixeiro no
armazém de Felizardo mal dava para as despesas de casa; os 13
mil-réis mensais eram gastos com catorze irmãos; seu pai era
apenas um vendedor de bilhetes de loteria.
Chico arriscou uma previsão:
- Papai vai tirar a sorte grande?
O forasteiro encerrou as apostas:
- Nada, nada disso. Sorte grande mesmo é o trabalho com fé em
Deus. Os livros chegarão por caminhos inesperados.
O roteiro estava escrito. Restava ao matuto de Pedro Leopoldo
seguir as instruções. Seus passos, tropeços e quedas, muitas
quedas, seriam acompanhados de perto por aquele estranho a cada
dia mais íntimo. O nome dele: Emmanuel, o mesmo que se havia
apresentado a Carmem Perácio quatro anos antes. A missão: guiar
o rapazote e evitar que ele fugisse do script traçado no
Além. Chico deveria colocar no papel as palavras ditadas pelos
mortos e divulgar, por meio do livro, a doutrina dos espíritos.
Do livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.
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