As duas tristezas
Há, sim, a tristeza construtiva – aquela que nos
impulsiona para a Vida Superior, encaminhando-nos para o
trabalho da melhoria íntima, perante a sede de ascensão
espiritual.
Existe, porém, a outra – a tristeza destrutiva – que se
traja de luto, por dentro do coração, todos os dias,
espalhando desânimo e pessimismo onde passa.
Observa a ti mesmo, a fim de que te imunizes contra
semelhante doença da alma.
Toda vez que comentamos nossos problemas,
exagerando-lhes o tamanho ou dramatizando as
dificuldades que nos chegam à existência; sempre que
tomamos o tempo alheio, a fim de recordar sofrimentos
passados que a Providência Divina já mandou apagar, em
nosso benefício, com a esponja do tempo; em todas as
situações nas quais nos pomos a exaltar os preconceitos
próprios, desconsiderando a posição e a experiência dos
semelhantes; e, na generalidade dos casos em que nos
pusermos a lamentar dissidências e desacordos, contendas
e mágoas, estamos afastando de nós mesmos os melhores
amigos, através da amargura e do ressentimento que
destilamos com as nossas palavras.
Naturalmente, cautelosos, esses companheiros preferem
distância à partilha indébita de nossas aversões e
frustrações, antagonismos e queixas, embora, sempre que
generosos e leais, estejam claramente dispostos a
apoiar-nos na restauração da própria harmonia.
Compreendamos que ninguém estima a permanência num
espinheiro e nem escolhe vinagre para brindar os laços
diletos, e saibamos fornecer bondade e paz, entusiasmo e
otimismo aos que se aproximem de nós, porquanto não há
quem não necessite de alguém para executar os deveres
que a vida lhe preceitue.
Para isso, nós que sabemos rogar a Deus proteção e
bênção, aprendamos igualmente a pedir à Divina
Providência nos conceda a precisa coragem para silenciar
desapontamentos e lágrimas, de maneira a doar paz e
alegria, segurança e consolo aos outros, tanto quanto
esperamos esses benefícios dos outros em auxílio a nós.
Do livro Coragem, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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