Nos idos de 1946, Wantuil de Freitas e Chico continuam a
trocar cartas: “[...] Manda-me notícias do Ismael.
Chegou bem? Está animado? Grato pelas tuas informações
confidenciais a respeito do nosso amigo paulista”. Os
problemas são, de fato, enormes neste setor. [...]. Tens
feito tudo que é possível e o que para muita gente é
impossível. Tens dado tudo pela causa, inclusive teu
amor e tuas lágrimas — agora, meu amigo, Deus fará o
resto, não é? Trabalhemos e tenhamos fé. [...]. Conheço
o caso do elemento da Diretoria que vem sendo
hostilizado. Peço a Deus que te dê forças e inspiração
para amparares as situações e resolveres os casos. Sei
que a tarefa é extremamente difícil. [...]”
Wantuil está a braços com novos problemas. Chico reconhece a sua
imensa dedicação e o tranquiliza e reconforta dizendo: “Tens
feito tudo que é possível e o que para muita gente é
impossível”. O possível e o impossível se tornam realidade na
vida de Wantuil de Freitas. O que para muitos parece ser mesmo impossível,
ele realiza, com a sua incrível tenacidade e, sobretudo, com fé
inquebrantável. Em diversos momentos de sua vivência à frente da
FEB ele demonstra trazer no coração uma fé viva e dinâmica que
não esmorece ante os obstáculos e adversidades. Chico o conhece
bem, sabe das suas lutas diárias, eis por que afirma: “Tens dado
tudo pela causa, inclusive teu amor e luas lágrimas — agora, meu
amigo, Deus fará o resto, não é?” Lembra, portanto, a Wantuil
que ele tem feito a parte que lhe compete.
Outra luta que Wantuil enfrenta no momento é a de apaziguar os
ânimos na sua própria Diretoria. Como se vê, de lá para cá,
transcorridas várias décadas, a situação não é muito diferente
em certos setores do movimento espírita. Contornar e resolver
situações desse tipo é tarefa extremamente difícil.
Fácil é fomentar discórdia.
Fácil é criticar o companheiro.
Fácil é achar que só nós acertamos.
Fácil é apontar defeitos e falhas, segundo o nosso ponto de
vista pessoal.
Fácil é proclamar-se espírita.
Difícil é agir como tal.
Do livro Testemunhos de Chico Xavier, de Suely Caldas
Schubert.
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