Amigos virtuais
Dentre a maioria dos avanços da civilização, em todos os
tempos, talvez o de maior impacto entre o relacionamento
das pessoas seja o da informática. Aqui tratarei apenas
de um segmento — as redes sociais —, que nos anos 90
ficou conhecido como o “boom da internet”, pois foi
quando ela se popularizou pelo mundo.
Não tenho palavras para definir integralmente o imenso
bem que esse avanço proporcionou à Humanidade, em termos
de comunicação: pessoas, praticamente de todas as
idades, de todos os países, cada vez mais utilizam essa
verdadeira bênção:
● Pais, falando e vendo filhos que estejam distantes,
talvez no exterior, em cursos, estágios, trabalho,
passeios, de mudança etc.;
● Namorados, noivos, cônjuges trocando mensagens e juras
com o ser amado, quando distantes entre si, mas se
vendo;
● Imensa gama de negociações comerciais sendo efetuadas,
seja de forma digitalizada, seja em conversas pessoais;
● Pesquisa de todo tipo de assunto (por professores,
alunos, comerciantes, artistas e curiosos etc.),
consultando a rede e obtendo incrível quantidade de
informações do que procuram.
O impacto mundial foi enorme, impossível de ser medido.
Muitas pessoas têm telefone celular e smartphone (smart =
perfeito), e modo geral, fazem deles “amigos”
companheiros de todas as chamadas “horas vazias”
disponíveis. E como o tempo é utilizado sob decisão do
livre-arbítrio, na maior parte dele (tempo), a dedicação
é de convivência virtual, pela navegação internáutica.
Isso, todos os dias, praticamente em todo o mundo.
Contudo, a par de tamanha e tanta facilidade de
comunicação, surgiram vários outros aplicativos, agora
para distração e competição: os videogames (jogos),
primeiro só em computadores, atualmente, também com
smartphones. Foi imediata e intensa a adesão da geração
compreendida entre os 10 e 24 anos.
É sobre essa geração que registro aqui algumas
reflexões.
De início como experiência, deslumbramento, costume,
hábito.
Não demora, fixa-se, passa a ser vício, verdadeira
“febre”, a ele dedicando-se, por multiplicadas e
esquecidas horas.
Como se “dono” fosse do tempo do navegante na net, a
competição se apossa da mente dele, oferta distração
contínua (cada vez quer mais e mais...), causa-lhe febre
de vitória, não tardando transformar-se em obsessão.
Tamanha e tanta é a atração exercida pelos passeios nas
redes sociais, que não será exagero considerar que esta
geração está mergulhada na internet, desconhecendo por
completo a história que a antecedeu. Celular à mão, não
se desgruda das redes sociais, pelo que, não sobra mais
nem um minuto para qualquer confraternização pessoal,
muito menos para cumprir as obrigações nos estudos.
Deus criou os seres, maioria deles, para conviverem em
conjunto, espécie a espécie, a partir do reino animal,
mas integralmente pessoa a pessoa, no reino da
inteligência contínua.
Não há duvidar: o ser humano é um ser gregário, isto é,
sua tendência natural, ou inclinação, é para a
convivência com outros seres humanos, numa infinita
troca de ideias, pensamentos, reflexões, análises,
ensaios, experiências, aprendizados, aconselhamentos,
novidades, descobertas e, o maior de todos os benefícios
da aproximação: a convivência fraternal, em uma ou mais
das suas múltiplas faces, com a família, com as
amizades, nas uniões sentimentais e em tantas outras.
Como triste consequência da verdadeira volúpia para
acessar o mundo virtual, a maioria das atuais gerações
dos países já não mais consegue viver sem troca de
mensagens, ou bate-papos, com um, ou mais de um “amigos
virtuais”: duas ou mais pessoas, geralmente distantes,
mas celulares e smartphones agregando-as.
Aninhado na mão dos usuários, em qualquer hora do dia,
em qualquer lugar, sob a impenetrabilidade do
relacionamento fechado, isto é, só os dois — pessoa e
aparelho — participam do enredo que elegeram, seja em
competições nas lan houses(casa de jogos) em
violentos videogames, ou navegando nas redes sociais.
Isso, mesmo tendo gente por perto e por todo lado.
Nessa quadra da vida, não é difícil diagnosticar que os
jovens desta geração, fora da web*, têm dificuldade de
socializar, de estabelecer contato pessoal com várias
pessoas ou grupos, vivenciando dessa forma uma enganosa
participação tribal, na verdade, só a dois, repito — ele
e o smartphone.
Incontáveis aplicativos dirigidos aos jovens dão o tom
do cardápio virtual, e quem deles se serve, sem medidas
de emprego do abençoado presente que é o tempo, a médio
prazo será visitado por solidão, melancolia, ausência de
convivência, depressão.
A conexão pelo smartphone com o mundo todo é real,
atraente, cada vez mais emocionante. Não obstante, seu
uso contínuo e sem freio satura a mente, altera o
psiquismo e não tarda a gerar tédio, pois provoca
isolamento social do usuário, desencanto, desilusão e
depressão. Obviamente, não em todos os usuários. Mas a
mudança de comportamento de um viciado em internet, com
os sintomas acima alinhavados, significa necessidade de
maior atenção dos pais.
Rogo firmemente a eles, os pais, que
orientem seus filhos, particularmente dessa geração,
quanto à bênção da vida em família e mostrem-lhes o
benefício da verdadeira amizade, diferente da equivocada
eleição eventual de amizades... só virtuais.
Dirijo o mesmo alerta a convivas
indiretos (familiares e professores).
Não se diga que a utilização da internet é maléfica. Não
é. Ao contrário. Prejudicial será quando a viciação dos
navegadores que a ela sucumbem se tornar invencível,
causando transtornos, facilmente identificáveis, pelos
sinais: não socializam / quedam-se mudos / sempre com
olhar fixo, para baixo, na tela dos smartphones /
abandono dos estudos / alimentação rápida e fugaz /
poucas horas de sono — tudo isso provocando danos à
saúde.
Esses são sinais de alerta, demandando muita atenção!
Esse “cansaço da Vida” desestrutura qualquer convivência
e talvez — só talvez — oculte perigosa indução ao
suicídio...
* * *
Apenas como adendo: incontáveis são as maneiras de uma
existência terrena findar, mas todas obedecem a
planejamento superior das reencarnações, inclusive qual
o tempo de duração e os meios de cada uma, isso a cargo
de Espíritos Siderais que cumprem as Leis Divinas,
aplicando-as caso a caso, Espírito a Espírito.
Porém, quando o ser, por decisão própria põe fim à
existência terrena, na imensa maioria desses
tresloucados atos, estará incorrendo em grave engano, já
que “do lado de lá” redundará em terríveis sofrimentos,
somados aos que deram causa ao triste ato.
Assim, de todas as iniciativas antissuicídio sobressaem
as claras lições do Espiritismo, demonstrando que é um
infeliz equívoco, porque a vida continua após a morte —
qualquer morte.
Os ensinamentos do Excelso Mestre, minimamente
praticados, constituem poderosíssimo escudo contra as
investidas do mal.
Quando um infeliz vacila na fé pelo Pai Maior, que a
todos os Seus filhos vê, ama e protege..., abre as
portas do coração para Espíritos infelizes agirem como
cruéis avalistas do suicídio.
Mas não há problema na face da Terra, de ninguém, que o
Tempo não resolva. Então, qualquer que seja a causa, de
qualquer suicídio, todos se revestem de grande
desrespeito para com a Vida e principalmente para com
Deus, Pai Maior, Supremo Criador, que não desampara
nenhum dos Seus filhos, cujo Amor tudo pode!
Jesus — o Bom Pastor —, que sempre ampara a ovelha
desgarrada, tudo faz para livrar aquele que pensa na
loucura do suicídio, incutindo nessa alma arrependimento
e perdão, sem perguntar o que motivou a intenção de
pedir demissão da Vida.
Só depende dessa ovelha retornar à razão e agradecer a
Deus...
*Nome pelo qual a rede mundial de computadores internet
se tornou conhecida a partir de 1991, quando se
popularizou, facilitou o acesso e estendeu seu alcance
ao público em geral.
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