Abençoar e compreender
Ressentimento não se constitui tão só do azedume que se
nos introduz no espírito, quando a incompreensão nos
torna intolerantes, à frente das grandes dificuldades de
alguém.
Existem igualmente os pequeninos contratempos do
cotidiano que, sem a precisa defesa da vigilância,
acabam por transformar-nos o coração em vaso de fel, a
expelir germes de obsessão e desequilíbrio, ambientando
a enfermidade ou favorecendo a morte.
Analisemos essas diminutas irregularidades que nos será
lícito classificar como sendo cargas de sombra íntima:
- o descontentamento à mesa porque a refeição não
apresente o prato ideal;
- a impaciência ante a condução retardada;
- a indisposição contra o clima;
- a contrariedade em serviço;
- o constrangimento para desculpar um amigo;
- o mal-estar perante um desafeto;
- o melindre desperto, em ouvindo opiniões que se nos
mostrem desfavoráveis;
- o desagrado nas compras;
- o desgosto injustificável em família, unicamente pelo
motivo deste ou daquele parente não pensar pela nossa
cabeça;
- os cuidados exagerados com obstáculos naturais na
experiência comum;
- a pressa e a agitação desnecessárias;
- o descontrole ante uma visita problema;
- a exasperação diante de uma tarefa extraprograma;
- o desespero contra as provas inevitáveis que a vida
nos oferece a cada um.
Tanto pesa na balança o quilo de chumbo em massa, quanto
o quilo de palha nela depositado, de haste em haste.
Meditemos, em torno disso, e reconheceremos que o perdão
incondicional deve também alcançar as mínimas
circunstâncias que se nos façam adversas.
Em síntese, para que a paz more conosco, assegurando-nos
proveito e alegria, nos caminhos do tempo, é forçoso não
apenas trabalhar e servir sempre, mas igualmente
compreender e abençoar.
Do livro Mãos Unidas, obra
mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido
Xavier.
|