Mediunidade e imperfeição
A mediunidade é uma faculdade física, também
chamada orgânica. A mediunidade ostensiva está
igualmente distribuída entre os indivíduos no
globo terrestre e independe de religião, raça,
classe social ou elevação moral. É oferecida por
misericórdia de Deus, para que aqueles que em
outras existências se desviaram da conduta
equilibrada possam ser instrumentos das
orientações de que eles mesmos necessitam e,
dessa forma, então, possam se realinhar com a
Lei Divina.
O que define a prática mediúnica responsável, ou
seja, assistida pelos bons Espíritos, com a
finalidade de distribuir o amor, o consolo,
amparar, alertar e orientar as criaturas, é a
conduta moral do médium.
Malbaratar o talento da mediunidade, deixando-a
manchar-se sob o uso com finalidades pueris e
frívolas, indignas e vulgares acarreta penosas
aflições e renascimentos dolorosos. Igualmente,
a incorreta utilização dos recursos mediúnicos
termina, quase sempre, por desarmonizar o
psiquismo e a emoção, levando a patologias muito
complexas.
Médiuns ciumentos, exibicionistas, descuidados,
mentirosos e portadores de outras imperfeições
morais pululam em toda parte, acreditando-se
ignorados pelas leis soberanas. Mesmo assim, por
bondade, são visitados pelos benfeitores
espirituais condoídos, que deles se acercam,
intentando despertá-los para os deveres e
compromissos que lhes dizem respeito.
As entidades superiores, por falta às vezes de
médiuns que sintonizem com os seus relevantes
propósitos, utilizam-se daqueles que encontram,
com dupla finalidade: adverti-los através de
orientações seguras e auxiliar as pessoas
confiantes ou necessitadas que lhes busquem o
socorro.
Cabe, desse modo, a todos os médiuns, a
vigilância e a oração constantes, a ação
caridosa e a disciplina, a fim de se prevenirem
de si mesmos e de suas imperfeições, lembrando
que nas faixas vibratórias mais elevadas
permanece o pensamento divino aguardando ser
captado para o progresso da humanidade.
No livro Mediunidade: Desafios e Bênçãos,
Philomeno de Miranda nos alerta: “Somente
através do conhecimento lúcido e lógico da
mediunidade, mediante o estudo de O Livro dos
Médiuns, de Allan Kardec, é que deve se permitir
o candidato à educação da sua faculdade, ao
aprimoramento pessoal, iniciando, então, o
exercício dessa disposição orgânica
profundamente arraigada nos valores morais do
Espírito”.
Prossegue afirmando que uma das primeiras
providências a serem tomadas em relação a esse
programa iluminativo diz respeito à autoanálise
que se deve propor ao interessado, trabalhando
as imperfeições do caráter, os conflitos
comportamentais, lutando pela transformação
moral no seu mundo interior durante toda a
existência, para ampliar o esforço pessoal de
depuração dessas imperfeições.
É sabido que a permanência voluntária nos vícios
torna cada um de nós responsável pelas
consequências lamentáveis que advirão. O autor
lembra, ainda, que: “A disciplina e a ordem
são fundamentais para o seu mais amplo campo de
realizações, porquanto a mediunidade não pode
constituir-se estorvo à vida normal do cidadão,
nem instrumento de interesses escusos sobre a
falsa justificativa da aplicação do tempo que
lhe é dedicado. É fundamental para os médiuns
ter a consciência de que são instrumentos e não
autores das informações, tornando-se simples,
sem as posturas de que são seres especiais ou
emissários irretocáveis da verdade. A busca da
notoriedade constitui terrível chaga moral, que
o médium deve cicatrizar mediante a terapia da
humildade e do trabalho anônimo”.
O cultivo dos bons pensamentos constitui aos
médiuns recurso valioso, que não pode ser
desconsiderado, ao lado do trabalho perseverante
dedicado à edificação em favor do seu próximo. O
exercício da mediunidade responsável deve
produzir indizível bem-estar, por proporcionar a
sintonia com as elevadas esferas espirituais,
nas quais o medianeiro haure conforto,
inspiração e alegria de viver. Se cumprirmos os
deveres que nos cabem, receberemos os direitos
que nos esperam. Fazendo corretamente o que nos
pede o dia de hoje, não precisaremos repetir a
experiência amanhã.
Se na dedicação ao trabalho iluminativo, o
medianeiro se entregar ao Pai, sem reservas, com
o esquecimento do velho egoísmo, aprendendo a
grandeza de sua posição de Espírito imortal,
estará ele cumprindo seu papel diante da Lei
Divina.
Se Deus é por nós, quem será contra nós? -
Romanos,8:31.
Bibliografia:
XAVIER, F. C. Seara dos Médiuns –
pelo Espírito Emmanuel – Mediunidade e
Imperfeição – 13ª edição – Editora FEB –
Brasília/DF/ 2001.
FRANCO, D. P.- Médiuns e
Mediunidades – pelo Espírito Vianna de
Carvalho – encurtador.com.br/suPSZ