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Já sofri preconceito por ser espírita, mas nunca dei
importância a isso |
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A frase acima, de autoria do dr. Sérgio Luis da Silva
Lopes (foto),médico especialista em Psiquiatria
pela Associação Médica do Brasil e Associação Brasileira
da Psiquiatria, é uma das revelações contidas na
entrevista abaixo.
Radicado na cidade de Pelotas (RS), nosso entrevistado é
casado com Jeanini Almeida Lopes, com quem tem três
filhos, Mariana, Luisa e João Pedro, e duas lindas netas
gêmeas, Izabella e Martina.
Autor dos livros Leis Morais e Saúde Mental, O
Código do Monte e, em parceria com Irvênia Prada e
Décio Iandoli Jr., O Cérebro Triúno a Serviço do
Espírito, ele nos fala na entrevista, entre outros
assuntos, sobre suas obras e também sobre o movimento
espírita de Pelotas.
Como você se tornou espírita?
Sou de família espírita. Quando nasci em Bagé-RS minha
família já era espírita. Cresci absorvendo os conceitos
da Doutrina Espírita desde criança na evangelização da
infância e depois no movimento jovem, onde conheci minha
esposa, também espírita. Namoramos, casamos e estamos
juntos até hoje.
Fale-nos sobre seus livros e o que eles contêm?
O livro Leis Morais e Saúde Mental é o estudo da
terceira parte de O Livro dos Espíritos e sua
relação com os conhecimentos atuais em torno da saúde
mental. Esse livro é uma consequência direta da minha
ligação como psiquiatra e a Doutrina Espírita.
O livro O Código do Monte é o estudo psicológico
do sermão da montanha, bem como reflexões espirituais
aplicadas aos dias de hoje. Também faço um ensaio das
virtudes de Jesus exaradas no ensinamento de suas
bem-aventuranças e suas relações com nossos campos de
força.
O Cérebro Triúno,
escrito em parceria com Irvênia Prada e Décio Iandoli
Jr., é o estudo do cérebro em seus três andares da casa
mental, conforme o estudo apresentado pelo instrutor
Calderaro no livro No Mundo Maior, de André Luiz.
Minha parte também está lincada com a relação das leis
morais e os três níveis na casa mental.
Que importância você vê na divulgação do Espiritismo por
meio das redes sociais, algo que atualmente é bastante
comum?
Acho que as redes sociais são importantes canais de
divulgação para a propagação das ideias espíritas, no
entanto há que cuidar quanto à qualidade do material
divulgado, porque nas redes sociais tudo se dá de modo
muito rápido e instantâneo e, assim, tende a se tornar
superficial, o que não combina com o conteúdo
naturalmente profundo da Doutrina Espírita. Penso que há
muito material espírita repetido nas redes sociais e
também impropriamente simplificado, gerando um comodismo
para quem as acessa. Muitas pessoas abrem mão de estudos
mais aprofundados e vivem a frequentar as redes sociais,
em que a superficialidade e a falta de reflexão
predominam.
Sabemos que a cidade gaúcha de Pelotas possui,
proporcionalmente, uma das maiores populações espíritas
do país? Você sabe o porquê disso?
Esta é uma questão interessante. Pelotas é uma cidade
que apresenta uma característica cultural muito rica. No
século XIX tinha uma economia bastante pujante graças à
produção do charque, as charqueadas. Filhos de
fazendeiros iam estudar na Europa, onde permaneciam
longos períodos. Por essa época, entre 1857 e após,
alguns pelotenses estavam na França e conheceram os
estudos de Allan Kardec enquanto este ainda elaborava as
obras da codificação espírita. No início da década de
1870 o Espiritismo já havia chegado a Pelotas e se
iniciaram os primeiros grupos de estudos na cidade. O
movimento espírita em Pelotas é, portanto, praticamente
concomitante à codificação. Esses fatos estão muito bem
documentados no livro "O Movimento Espírita Pelotense e
suas raízes sócio-históricas e culturais", do
historiador, professor e confrade espírita Marcelo Gil.
Acredito que esse é um dos motivos de o Espiritismo até
hoje ser bastante propagado em Pelotas. Obviamente que a
continuidade do movimento espírita em Pelotas responde
também pela manutenção desses índices.
Na condição de médico psiquiatra, você já sofreu algum
preconceito por ser espírita?
Sim, muitas vezes, mas nunca dei importância a isso.
Quando me formei em psiquiatria fui aconselhado por um
professor a cuidar para “não misturar os assuntos” e
também para exercer a profissão em algum outro lugar,
porque Pelotas, na época, já era uma cidade com muita
concentração de profissionais da área psi. Fiz
exatamente o contrário do que ele recomendou. Psique
significa “alma”, atria significa “medicina. Portanto, a
psiquiatria é a “medicina da alma” e eu resolvi exercer
a medicina da alma “com alma”. Acho que estou no caminho
certo.
Qual tem sido seu posicionamento em relação a
pacientes não espíritas, quando se identifica
um problema de ordem espiritual?
Na minha experiência tenho sido procurado exatamente por
ser conhecido como espírita. Dificilmente alguém
desconhece essa minha credencial, portanto as pessoas
que me chegam, de certo modo, desejam falar sobre a
dimensão espiritual de suas dificuldades. Sempre aguardo
o relato do paciente e incluo na anamnese as informações
de natureza espiritual. Os pacientes se sentem aliviados
de poderem falar sobre questões espirituais e ainda se
expressam dizendo: “finalmente posso falar com um
profissional sobre esse assunto sem ser considerado
louco ou atrasado”.
Você tem algum projeto futuro que gostaria de comentar
conosco?
Sim, estou terminando de escrever um novo livro sobre o
estudo psicológico de duas parábolas de Jesus, “do
semeador e dos talentos”. Provavelmente o livro já
estará disponível até a metade de 2019. Será lançado
pela editora Francisco Spinelli, da Federação Espírita
do Rio Grande do Sul, a FERGS, para a qual todos os
direitos autorais serão doados.
Suas considerações finais?
Agradeço o convite para esta entrevista e desejo que a
Revista Semanal de Divulgação Espírita O Consolador
continue a divulgar a nossa bela Doutrina que tanto tem
consolado mentes e corações.