Entre tantas façanhas produzidas pelo telescópio Hubble, algumas merecem
especial destaque. Refiro-me a dez imagens absolutamente impressionantes. São
fotos simplesmente exuberantes, isto é, verdadeiras obras-primas esculpidas em
pleno cosmos por um excepcional artista celestial: Deus. Nelas podemos perceber
um pouco da grandeza do Criador manifestada nos contornos e cores da Galáxia
do Sombrero, que dista 28 milhões de anos-luz da Terra, e é dotada de uma
aparência de tirar o fôlego (a propósito, ela abriga 800 bilhões de sóis e
possui um diâmetro de 50.000 anos-luz); da Nebulosa
da Formiga, essencialmente composta de uma nuvem de poeira cósmica e gás,
distante da nossa Galáxia, e da Terra, entre 3.000 a 6.000 anos-luz; da Nebulosa
Esquimó, que se assemelha a um rosto circundado por chapéu ou gorro enrugado, ou
seja, um anel formado por estruturas ou restos desagregados de estrelas mortas,
e distante aproximadamente 5.000 anos-luz do nosso planeta; da Nebulosa Olho de
Gato, que tem uma aparência de olho esbugalhado tal qual a do feiticeiro Sauron
do filme O Senhor dos Anéis; da Nebulosa Ampulheta, distante 8.000
anos-luz, e que apresenta um singular estrangulamento no meio devido aos ventos
que a modelam; da estonteante Nebulosa do Cone, que possui 2,5 anos-luz de
comprimento, o equivalente a 23 milhões de voltas ao redor da Lua; da Tempestade
Perfeita, isto é, uma pequena região da Nebulosa do Cisne, distante 5.500
anos-luz (composta de um oceano de hidrogênio, bem como de pequenas quantidades
de oxigênio, enxofre e outros elementos); da Noite Estrelada, assim denominada
por recordar o famoso quadro de Van Gogh; do enigmático redemoinho de olhos
“furiosos”, isto é, duas galáxias que literalmente se fundem (chamadas NGC 2207
e IC 2163), distantes 114 milhões de anos-luz na longínqua Constelação do Cão
Maior; e, por fim, da Nebulosa Trifid, um maravilhoso “berçário estelar”,
situado a 9.000 anos-luz da Terra, e local onde nascem as novas estrelas
(Fonte: https://fla.st/2ZJuhXP -Acessado
em 25 dez.2018.)
Apesar de tão expressivas obras cósmicas, há um contingente considerável de
criaturas humanas que duvidam da existência de um poder maior que rege todo o
universo: são os ateus que ainda se fazem presentes na Terra. As estatísticas
indicam que há cerca de749,2
milhões (11% da população mundial) deles em nosso orbe. Eles representam 85% da
população da Suécia, 81% do Vietnã, 80% da Dinamarca, 72% da Noruega, 65% do
Japão, 61% da República Checa, 60% da Finlândia, 54% da França e 52% da Coreia
do Sul.
Os países com maior número absoluto de ateus são: China (181,8 milhões), Japão
(82 milhões), Rússia (69 milhões), Vietnã (66 milhões), Alemanha (40 milhões),
França (32 milhões), EUA (26,8 milhões), Inglaterra (26,5 milhões) e Coreia do
Sul (25 milhões). Cumpre destacar que 8% dos brasileiros são ateus, agnósticos e
sem religião. Em termos de sexo, os ateus se subdividem em 56% homens e 44%
mulheres. Na área científica estima-se que ao redor de 10% assim se denomine.
Outro dado surpreendente foi revelado por um estudo conduzido pelo Núcleo de
Tendências e Pesquisa do Espaço Experiência FAMECOS/PUCRS de 2015, denominado Ideias
e Aspirações do Jovem Brasileiro sobre Conceitos de Família. O trabalho
focou em 1.500 jovens, sendo 82,5% da amostra situada na faixa etária de 18 a 24
anos e 17,5% de 25 a 34 anos. A pesquisa trouxe a lume que 19,3% declararam-se
ateus e 6,2% agnósticos, isto é, mais de 1/4 não consegue desenvolver uma noção
elementar de Deus em suas vidas. A propósito, escrevo sobre esse assunto porque
recentemente conversei com uma jovem – bacharel em Biologia pela USP – que me
confidenciou ser ateia. Disse-me com toda a clareza possível que sentia ser alvo
de preconceito em relação à sua opinião. De minha parte, admito ter ficado
perplexo a priori por descobrir uma pessoa que tenha estudado essa área
do saber, e não ter conseguido vislumbrar a “mão de Deus” permeando a natureza.
Recobrando-me rapidamente do choque inicial, busquei argumentar aludindo aos
perceptíveis sinais divinos que a tudo abrange. Não fui bem sucedido, pois
encontrei intransponível barreira por parte da minha interlocutora. Indaguei-lhe
se havia tido educação religiosa na infância, e ela confirmou-me positivamente.
Perguntei-lhe ainda se havia lido a obra A Gênese, de Allan Kardec, que
apresenta um riquíssimo tratado sobre a divindade, entre outros assuntos, e ela
também fez gesto afirmativo. Posto isto, só sobrou-me inquiri-la se algum
conteúdo havia tocado nas fímbrias do seu ser. Para minha decepção, ela negou
taxativamente qualquer aproveitamento. Na verdade, insinuou que eu pretendia
convencê-la. Eu, mais do que depressa, informei-a de que, em matéria de fé, nós
é que nos convencemos.
Senti-me compelido a falar-lhe sobre Jesus, a sua luminosa obra, os seus
milagres, a visão do Tabor, as aparições logo após a sua morte traiçoeira, o
crescimento exponencial do movimento cristão etc. Todavia, percebi
indisfarçáveis sinais de desdém da parte da moça. Diante do quadro de
radicalismo por mim divisado, assim como a inutilidade de qualquer discussão,
compreendi que, infelizmente, não havia mais nada a fazer... Lamentei
profundamente ainda existirem na face da Terra seres humanos que sequer
conseguem sentir a presença de Deus em seus corações e inteligência. Além de não
terem capacidade para explicar os cruciais fenômenos da vida, negam
veementemente a existência de uma força superior. Por isso, orei fervorosamente
pela garota que ainda não descobriu Deus.
Imaginei as duríssimas experiências que ela enfrentará nessa amarga fase de
turbulência planetária, com as suas duras expiações coletivas e individuais, sem
uma fé, sem uma crença, sem uma luz interior para confortá-la nas horas de dor e
desespero. Pobres de espírito, penso eu, são as criaturas que se fecham
cabalmente aos apelos do mais alto à razão. Infelizes são os que se opõem
sistematicamente aos raios do amor universal.
Na verdade, melhor seria se aceitassem a sensata recomendação do filósofo
espírita J. Herculano Pires, aduzidas no livro Libertação Espiritual:
“O homem deve conter-se nos limites de si mesmo, cuidar das suas imperfeições,
melhorar-se. Basta-lhe saber que Deus existe, e que é justo e bom. Disso ele não
pode duvidar, porque ‘pela obra se reconhece o obreiro’, a própria natureza
atesta a existência de Deus, sua própria consciência lhe diz que ele existe, e a
lei geral da evolução comprova a sua justiça e a sua bondade. [...]”.
Com efeito, se há algo que nunca faltou à humanidade foi o envio de missionários
divinos atestando a existência de Deus. A bem da verdade, nunca fomos
abandonados pelo Criador; Deus sempre nos supriu com o seu infinito amor. Como
corretamente destacou o Espírito Emmanuel, no livro A Caminho da Luz(psicografia
de Francisco Cândido Xavier), “Todas as raças da Terra devem aos judeus esse
benefício sagrado, que consiste na revelação do Deus Único, Pai de todas as
criaturas e Providência de todos os seres”.
O
sábio mentor recorda igualmente que:
“O grande legislador dos hebreus trouxera a determinação de Jesus, com respeito
à simplificação das fórmulas iniciáticas, para compreensão geral do povo; a
missão de Moisés foi tornar acessíveis ao sentimento popular as grandes lições
que os demais iniciados eram compelidos a ocultar. E, de fato, no seio de todas
as grandes figuras da antiguidade, destaca-se o seu vulto como o primeiro a
rasgar a cortina que pesa sobre os mais elevados conhecimentos, filtrando a luz
da verdade religiosa para a alma simples e generosa do povo”.
Avançando ainda mais na elucidação do assunto, Emmanuel propõe que:
“O Nirvana, examinado em suas expressões mais profundas, deve ser considerado
como a união permanente da alma com Deus, finalidade de todos os caminhos
evolutivos; nunca, porém, como sinônimo de imperturbável quietude ou beatifica
realização do não ser. A vida é a harmonia dos movimentos, resultante das trocas
incessantes no seio da natureza visível e invisível. Sua manutenção depende da
atividade de todos os mundos e de todos os seres. Cada individualidade, na
prova, como na redenção, como na glória divina, tem uma função definida de
trabalho e elevação dos seus próprios valores. Os que aprenderam os bens da vida
e quantos os ensinam com amor, multiplicam na Terra e nos Céus os dons infinitos
de Deus”.
Assim sendo, Emmanuel leva-nos, por fim, a concluir que “Toda a realidade é a do
Espírito e toda a paz é a do entendimento do reino de Deus e de sua justiça”.
Allan Kardec, por sua vez, revela na obra de sua autoria acima mencionada (Capítulo
II), com muita acuidade, que “[...] Deus não se mostra, mas se revela pelas
suas obras”.
O
codificador do Espiritismo inferiu em sem seus estudos que:
“[...] A existência de Deus é, pois, uma realidade comprovada não só pela
revelação, como pela evidência material dos fatos. Os povos selvagens nenhuma
revelação tiveram; entretanto, creem instintivamente na existência de um poder
sobre-humano. Eles veem coisas que estão acima das possibilidades do homem e
deduzem que essas coisas provêm de um ente superior à humanidade. Não demonstram
raciocinar com mais lógica do que os que pretendem que tais coisas se fizeram a
si mesmas?”
Kardec observa, com plena razão, que:
“[...] Para compreender Deus, ainda nos falta o sentido, que só se adquire
com a completa depuração do Espírito. Mas se o homem não pode penetrar a
essência de Deus, pode ter como premissa a sua existência. O homem pode, então,
pela razão chegar a conhecer-lhe os atributos necessários e concluir que esses
atributos só podem ser divinos, deduzindo daí quem é Deus”.
Graças ao hercúleo esforço do codificador somos informados que Deus é a
expressão da suprema inteligência; é eterno; é imutável; é imaterial; é
onipotente; é soberanamente justo e bom; é infinitamente perfeito; e é
único. Os argumentos coligidos por Kardec são tão eloquentes que somos
naturalmente conduzidos a concluir que “É assim que, comprovada pelas suas obras
a existência de Deus, por simples dedução lógica se chega a determinar os
atributos que o caracterizam”.
E
aí reside a questão-chave arrolada por Kardec: dedução lógica. Como nós,
espíritos impuros e imperfeitos, queremos ter a pretensão de ter acesso direto
ao Criador? Normalmente, o cético, na sua arrogância peculiar, cogita esse
direito, sem considerar, entretanto, as premissas necessárias para tal, isto é,
a conquista intransferível da fé e o seu próprio desenvolvimento espiritual.
Ademais, o ateu, na sua incomensurável ignorância, não consegue conceber que
“... a natureza inteira está mergulhada no fluido divino. [...]”, como
destaca Kardec. O Espírito Emmanuel pondera, com absoluta razão, em Caminho,
Verdade e Vida (também psicografado por Francisco Cândido Xavier) que “Quem
não consegue crer em Deus está doente. [...]”. Mais ainda: “O homem nada pode
sem Deus”. Por isso, creio que só indivíduos altamente presunçosos e insipientes
não sentem Deus. Viver divorciado de Deus é caminhar sem direção. Em paralelo,
até a limitada ciência humana hodierna já é capaz de conceber Deus como um dos stakeholders. Posto
isto, adverte Emmanuel que “No fundo, há um só Pai que é Deus e uma grande
família que se compõe de irmãos” (Capítulo 20). Para ele, “A vida deveria
constituir, por parte de todos nós, rigorosa observância dos sagrados interesses
de Deus” (Capítulo 21).
O
iluminado mentor espiritual ensina que: “Deus é o Pai magnânimo e justo. Um pai
não distribui padecimentos. Dá corrigendas e toda corrigenda aperfeiçoa”
(Capítulo 26). Concomitantemente, Emmanuel esclarece que “O bem flui
incessantemente de Deus e Deus é o Pai de todos os homens. [...]” (Capítulo 42).
Recorrendo uma vez mais à lógica, ele propõe que “Deus é o Criador Eterno cujos
desígnios permanecem insondáveis a nós outros. Pelo seu amor desvelado criam-se
todos os seres, por sua sabedoria movem-se os mundos no Ilimitado” (Capítulo
54). Desse modo, não podemos, por meio dos nossos restritos sentidos e
conhecimentos, definir ou delinear algo tão acima de nós. Especialmente nós que
estamos nos primeiros degraus do pensamento transcendental.
Certamente teremos muitas revelações no momento apropriado... De qualquer
maneira, Emmanuel comenta também (Capítulo 61) que:
“Os homens não compreenderam, ainda, que a oportunidade de cooperar nos
trabalhos da Terra transforma-os em despenseiros da graça de Deus. Chegará,
contudo, a época em que todos se sentirão ricos. A noção de ‘capitalista’ e
‘operário’ estará renovada. Entender-se-ão ambos como eficientes servidores do
Altíssimo”.
Portanto, descobrir Deus é dever e missão de cada ser inteligente. É o primeiro
grande passo na senda do Espírito imortal. Reencontrá-lo dentro de nós talvez
seja a nossa maior conquista, pois através dela outras importantes serão obtidas
no tempo devido. Achar Deus é se iluminar. Além disso, ninguém consegue conhecer
a si mesmo sem a ajuda do Criador. Negá-lo, por outro lado, é sinal de
desinteligência e profundo atraso espiritual. Como bem explica J. Herculano
Pires, na referida obra acima destacada:
“A negação de Deus é, para o espiritismo, como a negação do sol. O ateu, o
descrente, não é um condenado, um pecador irremissível, mas um cego, cujos olhos
podem ser abertos, e realmente o serão. Porque Deus é necessariamente existente,
segundo o princípio cartesiano. Nada se pode entender sem Deus. Ele é o centro e
a razão de ser de tudo quanto existe. Tirar Deus do Universo é como tirar o sol
do nosso sistema. Simples absurdo”.
Desse modo, portanto, só nos resta concluir que a persistência do ateísmo na
Terra, em pleno terceiro milênio da era cristã, deve-se apenas e tão somente ao
inexplicável descaso de certos humanos que se fecham à luz da sabedoria
universal.