Imperfeições e trabalho
Quando refletimos sobre o conceito de perfeição, levamos
nosso pensamento ao Criador e logo encontramos em sua
criação a fragilidade humana. Como foi possível Judas,
que conviveu com o Mestre, testemunhando Seus
ensinamentos, sendo advertido e orientado por Ele,
traí-Lo, entregando-O aos seus inimigos? Poderemos dizer
que é bem provável que Judas O amava, a seu modo, pois
renunciou a seus compromissos anteriores para segui-Lo.
E, mesmo assim, não suportou as pressões externas. Ainda
sugado pela fraqueza de caráter, quando se deu conta da
crueldade praticada, ao invés de enfrentar as
consequências do ato, optou pela fuga do suicídio bruto.
Como pôde Pedro negar Cristo três vezes consecutivas,
sendo ele próprio o receptor da responsabilidade de
apascentar Suas ovelhas e tendo convivido na intimidade,
acompanhando todos os momentos de abnegação e amor do
Mestre?
Mesmo eles, que deveriam estar estruturados na coragem
imbatível por terem sido testemunhas diretas de Jesus,
não conseguiram vencer suas inferioridades morais no
momento da grande afirmação de fé. Mais tarde, sim,
todos se entregaram ao amor e à grandeza de servi-Lo,
redimindo-se da fraqueza humana.
Estes exemplos, assim como tantos outros, nos mostram a
misericórdia do Pai em constantes oportunidades para o
nosso despertar. Somos convidados para a restauração dos
postulados do Mestre diariamente. No entanto, cada
pessoa tem seu programa de evolução por consequência das
conquistas e prejuízos anteriores.
Muitos de nós, ainda, somos herdeiros de situações
lamentáveis de outrora. A urgência é que tenhamos a
audácia da ação. O ato repetido gera hábito e este se
incorpora na conduta, transformando a personalidade do
indivíduo.
Em Jesus temos sempre o modelo do qual podemos nos
utilizar como parâmetro, pois estamos num planeta
intitulado de provas e expiações, exatamente para que
tenhamos oportunidade de escolher e praticar os
ensinamentos que vão nos levar a um mundo mais evoluído.
Novas descobertas na ciência e na medicina são
assinaladas rapidamente. Os avanços tecnológicos chegam
a assustar. É hora da evolução individual e coletiva, no
sentido da moral se tornar mais evidente. Somos todos
imperfeitos, porque, se não fôssemos, não estaríamos
neste planeta, todavia, que isso não seja desculpa para
que nos acomodemos na rotina ociosa.
O verdadeiro homem em progresso é aquele que trabalha
incansavelmente, que tropeça e levanta, que se perde e
procura seu rumo. E nesse caminho vai constituindo-se
das qualidades essenciais e interiorizando-as para se
tornar um homem de bem, trabalhador sóbrio e
perseverante.
Temos o material conveniente e justo para o trabalho,
porque assim nos foi concedido pelo Pai, que confia em
nós e nos considera capazes de cooperar, com Seu
infinito Amor, na edificação de um mundo melhor. A
palavra de ordem do Pai é aprender a arte de servir.
Trabalhar é produzir transformação, oportunidade e
movimento. Não só para o mundo, mas antes de tudo para
nós mesmos. Trabalhemos, pois, com alegria, simpatia,
fraternidade e luz, para que possamos estar sintonizados
com Espíritos que trabalham com o mesmo objetivo.
A compreensão da vivência pautada em crescimento pessoal
por atos de amor e caridade fraternal propicia um
intercâmbio saudável entre os Espíritos e os homens,
facilitando a emissão e captação de mensagens superiores
que trabalham para o bem geral.
Em O Evangelho segundo o Espiritismo,
capítulo 17, um Espírito protetor deixou o alerta: “Não
imagineis que, para viver em constante comunicação
conosco, para viver sob o olhar do Senhor, seja preciso
entregar-se ao cilício e cobrir-se de cinzas. Não, não,
ainda uma vez: não! Sede felizes no quadro das
necessidades humanas, mas que na vossa felicidade não
entre jamais um pensamento ou um ato que possa ofender a
Deus, ou fazer que se vele a face dos que vos amam e vos
dirigem”.
Bibliografia:
XAVIER, Francisco C. Pronto-Socorro,
ditado pelo Espírito Emmanuel – 1ª edição – Editora FEB
– Brasília/DF/ lição 30 – 2015.
XAVIER, F. C. Seara dos Médiuns,
ditado pelo Espírito Emmanuel – 19ª edição – Editora FEB
– BRASÍLIA/DF – lição 25.
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