Ao corpo humano
Ri, corpo humano, o riso dos palhaços,
Nos espasmos das articulações,
Inda mesmo com a carne em afecções,
Caindo nua, em pútridos pedaços.
Ri, na lubricidade dos devassos
E na volúpia das corrupções,
Inda que se amarfanhem corações
Com teus risos irônicos e crassos.
Ri, sempre, porque a alma, essa, paupérrima,
Dia há de vir se encontrará misérrima,
Com o seu quinhão de lágrimas nos ermos...
Ri, corpo humano, esquálido fantasma,
No mesmo barro obscuro, onde se plasma
A figura dos grandes estafermos.
Do livro Lira Imortal, obra
psicografada pelo médium Francisco Candido Xavier.