Joias da poesia
contemporânea

Espírito: Augusto dos Anjos

 

Ao corpo humano

 
Ri, corpo humano, o riso dos palhaços,

Nos espasmos das articulações,

Inda mesmo com a carne em afecções,

Caindo nua, em pútridos pedaços.

 

Ri, na lubricidade dos devassos

E na volúpia das corrupções,

Inda que se amarfanhem corações

Com teus risos irônicos e crassos.

 

Ri, sempre, porque a alma, essa, paupérrima,

Dia há de vir se encontrará misérrima,

Com o seu quinhão de lágrimas nos ermos...

 

Ri, corpo humano, esquálido fantasma,

No mesmo barro obscuro, onde se plasma

A figura dos grandes estafermos.

 

Do livro Lira Imortal, obra psicografada pelo médium Francisco Candido Xavier.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita