Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Infância e inteligência naturalista


Podemos ignorar as diferenças e supor que todas as mentes são iguais. Ou podemos aproveitar estas diferenças
. H. Gardner


As crianças precisam de um contato frequente com a natureza tanto para ter saúde, alegria, felicidade, quanto para dar vigor à inteligência naturalista. Geralmente, as experiências de natureza diretas ou indiretas estão relacionadas, na infância, com as atitudes ambientais dos adultos: em casa, se o pai se preocupa em agir de modo ambientalmente correto, o filho pequeno, que o observa, crescerá com predisposição em agir de modo ambientalmente correto. E isso, por sua vez, ajudará a estruturar um indivíduo que se guiará no mundo segundo uma perspectiva de conciliação entre interesses da natureza e humanos.

Em nossa época, em nosso mundo, a inteligência naturalista é essencial  para despertar sensibilidade e conexão com a natureza, orientando comportamentos coerentes com uma visão biocêntrica  (não devo usar canudo de plástico, pois o canudo de plástico causa danos a outros seres vivos do planeta).

Mesmo que haja tipos diferentes de mente, todo indivíduo tem potencial para ser criativo. O adulto consciente, então, pode dirigir-se à mente de uma criança da forma mais direta e pessoal possível, procurando despertar nela a inteligência naturalista – em casa e na escola. Faz-se possível assim um tipo de educação que promove atenção e compreensão sobre os fatos da natureza.

Além de um contato regular com a natureza, os pais podem ainda organizar  atividades baseadas em práticas sustentáveis, que motivam o amor à natureza: organizar brincadeiras ao ar livre; desfrutar de piqueniques em praças ou parques; cultivar horta ou jardim em casa; preparar receitas naturalistas; ter um animal de estimação e encorajar a criança a cuidar do animal; colecionar e observar folhas, pedras etc.; visitar jardins botânicos e jardins zoológicos; fazer passeios de bicicleta em família; plantar árvores; explicar e fomentar a reciclagem do lixo doméstico; visitar estação de tratamento de água; sensibilizar a criança para a proteção do meio ambiente etc.

Se queremos que nossos filhos tenham uma vida saudável e proambiental, precisamos fazer um esforço cotidiano para dar vigor à inteligência naturalista, incentivando, no começo da vida, o amor à Natureza.

Notinhas

De acordo com a Teoria das Múltiplas Inteligências, de Howard Gardner, há nove tipos de inteligências: espacial, corporal-cinestésica, linguística, lógico-matemática, musical, interpessoal, intrapessoal, existencialista e naturalista – esta última, a inteligência naturalista, diz respeito à capacidade humana de conhecer a Natureza, ou seja, de compreender padrões da natureza (plantas, animais, pedras, estações etc.) e refletir o impacto das ações humanas sobre o meio ambiente. As inteligências, segundo Gardner, “são potenciais – neurais presumivelmente – que poderão ser ou não ativadas, dependendo dos valores de uma cultura específica, das oportunidades disponíveis numa cultura e das decisões pessoais tomadas por indivíduos e/ou suas famílias, seus professores e outros”(2000, p. 47). Cf.Inteligência. Um conceito reformulado: O criador das Inteligências Múltiplas explica e expande suas ideias com enfoque no séc. XXI. RJ: Objetiva, 2000.

A inteligência naturalista também é conhecida como inteligência biológica ou inteligência ecológica. Botânicos, ecologistas, ambientalistas, geólogos, zoólogos, biólogos, ornitólogos, paisagistas, veterinários, terapeutas florais, guardas florestais, jardineiros são alguns exemplos de profissões que possuem a inteligência naturalista mais desenvolvida.

O canudo de plástico precisa ser definitivamente abolido da sociedade, porque, mesmo se descartado corretamente e levado para aterros legalizados, o canudinho pode escapar pela ação do vento (principalmente por ser leve) e ser carregado pela chuva para mares e rios, impactando toda a fauna aquática.

Em palavras simples, enquanto o paradigma antropocêntrico considera o ser humano como centro da proteção ambiental, a visão biocêntrica afirma que a vida – e a vida em todas as suas formas – é o centro da proteção ambiental.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita