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por Vladimir Polízio

 

Intuição, a voz silenciosa


A intuição é uma percepção muito sutil, mas ao mesmo tempo clara e vigorosa, que envolve fluidicamente o ser.

Mesmo aqueles cujos corações se apresentam insensíveis durante o exercício da vida na Terra recebem e captam esses suaves sinais procedentes do Alto.

Todos os dias e com uma frequência vibrante, somos alcançados por lampejos de sentimentos, seja da parte do nosso protetor ou do grupo de almas que, por nos verem com simpatia, vez por outra se acham ao nosso lado, fortalecendo nossos passos.

São muitas, muitas! Junto às correntes de pensamentos, nos instantes de precisão e para auxiliar-nos na solução de tudo o que consideramos problemas, estamos recebendo, diuturnamente, elevada carga de vibrações que invadem o cérebro, quer da parte de encarnados ou desencarnados.  Essas ideias de toda ordem, sujeitas ao emprego de criterioso cuidado na seleção dos valores embutidos, passam a fazer parte da relação de onde será extraída a que melhor se encaixe na necessidade requerida para o momento. A decisão, em quaisquer desses instantes, será sempre da própria pessoa. Este é um ponto que exige de cada um boa dose de responsabilidade, visto que a decisão, sempre, deverá ser pessoal.

intuição, esse substantivo feminino, está presente na vida de todos nós.

Alguns atos de nossa parte, considerados como normais pela usualidade corriqueira, estão amparados pela manifestação expressa da intuição. Essa voz silenciosa nos faz observações, por exemplo, quando por ela somos auxiliados ao preparar nossos pratos para uma refeição. Quanto à opção de que lançamos mão, isto é, escolher o que comer, é matéria de interesse pessoal, mas, no que toca à quantidade, a dosagem está ao abrigo dessa advertência que impõe, não obstante a mudez. Se por acaso, durante a preparação do prato nos deixarmos enganar pela volúpia dos olhos, que pedem mais, e concordamos, via de regra será considerada fora de cota para o estômago, que até se sentiria saciado sem esta porção, quando, não, trazendo algum desconforto.

Quando dividimos metade de um refrigerante ou algo que se assemelhe, em dois copos, e acertamos na quantidade destinada ao segundo copo, não é o acaso que se faz presente, mas é a voz silenciosa que diz: "Pare de encher o primeiro; o que ainda resta é para o outro copo".

Na preparação das comidas, a quantidade de temperos para cada caso, quando não há medidas previamente estabelecidas, eis de novo presente a intuição, manifestada através das pitadas[1]disso ou daquilo, que raramente não se equilibram.

Outro exemplo interessante está relacionado com a radiestesia[2], quando o operador do pêndulo, da forquilha ou das varetas procura por veios de água. Neste caso, quando acontece a manifestação desses aparelhos apropriados, como a giração do pêndulo, a ponta da forquilha que se curva em direção ao chão ou as pontas das varetas que se aproximam ou se repelem, o operador avisa: ‒ "Aqui tem água", descrevendo de pronto a profundidade do poço, seja este normal (caseiro), semiartesiano ou artesiano, e a quantidade de água disponível por hora, em metros cúbicos. O aqui enunciado não é uma hipótese, mas um fato. Se for perguntado ao operador como é que ele sabe disso, não saberá explicar-se, pois esses detalhes simplesmente lhe surgem à mente. Cabe aqui lembrar sobre este caso específico, que as pessoas dotadas de sensibilidade magnética capaz desses resultados integram uma variedade de médiuns, tanto curadores como de incorporação[3].

Há também situações em que, após deixarmos nosso lar, somos alertados de que algo ficou aguardando por providências, em nossa casa, que não mereceu a devida atenção. Ao retornar, é constatado o ferro ligado, o fogão aceso etc...

O Velho ou Antigo Testamento igualmente é farto dessas mensagens que chegam de surpresa em alguns momentos. Uma dessas belas passagens refere-se a Moisés, durante a fuga pelo deserto, quando tocou certa pedra com seu cajado e desta começou a brotar água em abundância, saciando a sede de seu povo que o acompanhava, bem como dos seus animais. É compreensível que a água já estivesse ali, mas bloqueada pela pedra[4].  

Os dicionários trazem a explicação desse vocábulo: "É o ato ou a capacidade de sentir", o que não deixa de ser uma realidade, pois nem sempre as intuições são observadas ou acatadas. Quantas vezes, ao deixar de ouvir o que muitos dizem ser "a voz da consciência", os resultados para essas pessoas não têm sido nada agradáveis.

Portanto, junto às nossas orações, convém que nos lembremos dos abnegados protetores que estão conosco, dia após dia neste campo de provas, dedicando-lhes e a outros mais que nos acompanham por simpatia, nossos agradecimentos pelo tanto que nos têm ajudado, especialmente nos momentos mais difíceis de nossa caminhada.


 


[1] Pitada: porção de alguma coisa, sem medida.

[2] Radiestesia ou radioestesia: sensibilidade às radiações (ou irradiações) de campos energéticos.

[3] O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, segunda parte - Cap. XIV, nº 176.

[4] Números, 20, 8-12.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita