Em conversa com Wantuil
de Freitas, Chico Xavier fez alusão a aulas sobre os
Evangelhos que recebeu de Emmanuel: [...] Há três
anos, mais ou menos, assisti a uma aula de Emmanuel
sobre os Evangelhos, em que ele afirmava terem os quatro
livros personalidades distintas. Tendo perguntado a ele
como é que eu poderia compreender, desenhou o nosso
amigo uma figura que tentarei reproduzir para mandar-te
em anexo. Nunca mais a esqueci. De qualquer modo, confio
em tua inspiração e sei que o teu trabalho virá
enriquecer o nosso campo, de luz e verdade. Rogo a
Emmanuel te ajude sempre e te siga o ministério de
dedicação a Jesus. Meus parabéns pela organização do
“Doutrina Espírita”. Espero possamos tê-lo em mãos muito
breve [...].
Wantuil expôs-lhe então seu plano de compilação e condensação do
Novo Testamento. Somente três anos depois, em 1949, é que o
livro foi publicado, com o título “Síntese de O Novo
Testamento”, assinado por Mínimus, pseudônimo por ele usado
frequentemente. Chico achava complexa a conjugação dos quatro
livros e foi então que lhe falou a respeito da aula recebida de
Emmanuel sobre os Evangelhos — certamente em desdobramento
espiritual.
Vale destacar que tais aulas eram peculiares à tarefa mediúnica
de Chico Xavier. Muitas vezes surgiam perguntas a respeito de
como o médium adquiriu a cultura que ele demonstrava. Além do
acervo intelectual que trazia do passado, ele teve ainda a
assistência constante de Emmanuel, que se encarregava de
enriquecê-lo com novos conhecimentos.
Ele referiu-se ao assunto em entrevista concedida a Elias
Barbosa, quando se comemorava a passagem do quadragésimo
aniversário de suas atividades mediúnicas, entrevista publicada
no livro “No Mundo de Chico Xavier”:
— Você se reconhece pessoa inteligente, talvez genial como
entendem muitos adversários da Doutrina Espírita, sempre
interessados em desacreditar o fenômeno mediúnico?
Resposta: “Não. Nunca me senti assim. Basta lembrar que fui
aluno repetente de quarto ano primário no Grupo Escolar São
José, em Pedro Leopoldo, nos anos de 1922 e 1923”.
— Mas você se reconhece atualmente dispondo de mais facilidade
para falar ou escrever?
Resposta: “Sim, não posso esquecer que debaixo da disciplina de
Emmanuel, que, por misericórdia de Jesus, me dispensa atenções
constantes de um professor (não por mim mas pela obra do Mundo
Espiritual), estou numa escola constante, desde 1931, portanto,
há trinta e seis anos consecutivos. Algum proveito de tantas
bênçãos recebidas devo demonstrar”.
Do livro Testemunhos de Chico Xavier, de Suely Caldas
Schubert.
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