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por Vânia Pauletti

 
Bons Espíritos


“Se queres paz, trabalha pela paz alheia; se queres amor, não te esqueças de amar.” (*)


Como manter-nos em harmonia e em sintonia com os bons Espíritos, numa época em que se dá tanto destaque às “coisas ruins” que acontecem no dia a dia, deixando de lado as boas iniciativas? Existem vários motivos para ainda existir destaque para as coisas ruins: Porque ainda gostamos das coisas ruins; porque ainda valorizamos as coisas ruins; porque acreditamos nas coisas ruins, no sentido de que isto é predominante.

Um dos trabalhos que devemos realizar na vida é apurarmos o nosso gosto, observando o que estamos fazendo com o nosso tempo, qual o tipo de programas e atividades a que estamos nos habituando? Como nos divertimos ou relaxamos? O que e como fazer para não nos envolvermos neste clima recheado de acontecimentos pesados e repetitivos que nos fazem desacreditar nos homens, nos bons costumes e no bem? Por exemplo, podemos começar a nos questionar: Por que perco tanto tempo nesta atividade? Por que não substituo um desses programas por algo mais útil? Isso é bom para mim? Isto é bom para a minha família? O que estou aprendendo?

Nesse processo de reavaliação é importante procurarmos ocupar o tempo com outras formas de relaxar, ou de nos sentirmos úteis. A música, caminhar ao ar livre, tentando perceber o que temos ao nosso redor, o estudo, a meditação, os exercícios físicos e, principalmente, auxiliando a quem necessite do nosso concurso fraterno. Poderemos, também, refletir sobre uma boa palestra ou sobre uma boa leitura. Não falamos em deixar, imediatamente, os programas ou divertimentos aos quais estamos acostumados. A ideia é ir buscando, paralelamente, alternativas que nos fazem sentir bem e, dessa forma, iniciar a mudança do hábito que não está nos deixando serenos, leves, nos tornando melhores e, consequentemente, não agregando valores importantes.

A partir dessa nossa conscientização, vamos refinando o nosso gosto sem mudanças bruscas, sem proibições, sem nos alienarmos. Esse movimento vai ajudar aos Espíritos que nos cercam e atrair outros melhores. É uma mudança difícil em nosso dia a dia, mas precisamos exercitá-la e sair do automatismo. Quando nos dermos conta, teremos uma etapa vencida. E é assim que deve ser tudo em nossa vida, um constante movimento em direção ao bem viver.

Como manter sintonia com os bons Espíritos, quando no ambiente existem pessoas negativas? Essa é uma questão que nos traz muitas dúvidas, pois precisamos viver em sociedade. Primeiramente, combatendo o negativismo que existe dentro de nós. No convívio com pessoas negativas, temos duas opções: recriminar estas pessoas ou buscar compreendê-las. A escolha da opção é nossa e será sempre intransferível. Se no convívio com as pessoas negativas, buscarmos ser cristãos, atrairemos os bons Espíritos. Mas, se no convívio com elas, exercitamos a maledicência, a censura, a falta de paciência, que Espíritos estaremos atraindo para nós?

Façamos antes a tarefa que nos cabe, combatendo em nós o gosto pelas acusações e más inclinações. Reflitamos, sinceramente, qual é o teor das nossas conversas no trabalho, nas horas de folga, no nosso dia a dia. Pelas nossas conversas, saberemos qual tipo de Espíritos estamos atraindo, o que independe das pessoas que estão à nossa volta, pois somos o que sentimos, pensamos e agimos, independentemente de circunstâncias externas.

Eduquemos, então, o nosso pensamento através do esforço contínuo em melhorar-nos; combatamos incessantemente os vícios morais; cuidemos para que nossas observações, na maioria das vezes, tão duras com relação ao nosso semelhante, sejam de compreensão e não de conivência e de bondade. Este é o trabalho de todas as nossas existências. Certamente estaremos criando condições propícias para sintonizar com os bons Espíritos, e isto será inevitável.

É preciso certo discernimento para começarmos a nos questionar se isto é bom ou não para nós. Como atingir essa consciência se as maiores influências que sofremos, tanto de encarnados como de desencarnados, nos empurram no sentido contrário? O discernimento vem através do conhecimento e da experiência, e por isso precisamos estudar com seriedade e com disciplina. A influência que sofremos é uma via de mão dupla e ela só existe porque encontra eco em nós. Se já assimilamos que não devemos tirar a vida de uma pessoa, não há influência que nos possa dirigir a isso; se já percebemos claramente que o fumo faz mal à saúde, não há influência que nos faça fumar. E é fundamental refletir que, mesmo debaixo desta ou daquela influência, temos o livre-arbítrio, excetuando os casos de loucura, onde não podemos responder pelos nossos atos. Nos demais, a responsabilidade será sempre nossa.

É preciso levar em consideração que a experiência, mesmo dolorosa, servirá para o nosso aprendizado. Nada se perde na Lei de Deus, tudo é aproveitado. Apenas é chegado o momento da nossa maioridade no sentido de atender aos apelos do Cristo.

Encontramos centenas de mensagens na Doutrina Espírita chamando-nos à razão, explicando as consequências do falatório, das fofocas, dos Espíritos que atraímos frente ao abuso que fazemos com um dos nossos mais belos recursos. A palavra tantas vezes dita para edificar pode ser também agente desagregador ou instrumento de ferir. À medida que nos conscientizamos e nos fortalecemos espontaneamente, vamos procurando leituras que façam menção a estas questões que nos incomodam e os esclarecimentos nortearão a nossa renovação. O pensamento é criador em todos os sentidos e vemos isso claramente. Os bons pensamentos, sem nenhuma ação correspondente, não sustentam o apoio dos bons Espíritos, e vemos isto no exemplo de Jesus. Ele orava, vigiava, tinha bons pensamentos, mas, acima de tudo, exemplificava.

O que fazer para não estacionar a nossa evolução? O fato de percebermos que estamos estacionando já é um ótimo sinal, pois temos de valorizar as nossas conquistas. A percepção e a consciência dos nossos erros são um grande passo para a nossa mudança e crescimento moral. Olhemos à nossa volta e poderemos ver quantos ainda não percebem o erro no qual incorrem quando praticam a violência e os abusos na prática de tantos vícios morais.

A Doutrina Espírita nos ensina e mostra a importância da boa luta para a transformação, no combate às nossas imperfeições. Graças ao amor de Deus e ao aproveitamento das oportunidades diárias, estamos mais lúcidos.

Ao praticarmos o bem desinteressadamente entramos em sintonia com os bons Espíritos e eles, fraternalmente, nos estimulam ao exercício do bem para que a nossa reencarnação seja produtiva. Eles trabalham a nosso favor para mantermos a paz interior, compreendem as nossas fraquezas, mas, também, sabem que uma queda pode ser prenúncio de vitória no porvir. Estamos rodeados de testemunhas espirituais que nos assistem, atraídas pela sintonia dos nossos sentimentos. Também recebemos do próprio ambiente em que vivemos impulsos de magnetismo inferior, por isso a necessidade de vigiar e orar permanentemente.

Ainda não temos noção do que é a Providência Divina, mas, mesmo assim, somos muito protegidos pelos enviados de Deus. Busquemos sempre o melhor, e, nessa procura, Jesus aparecerá nos encorajando a persistir na nossa batalha íntima, aliviando as nossas tensões, no que se refere à nossa consciência.


(*) MAIA, João Nunes - Filosofia Espírita, ditado pelo Espírito Miramez - Volume X – análise da questão 486 de O Livro dos Espíritos, Editora Espírita Cristã Fonte Viva - Belo Horizonte /MG – 1987.

 

Bibliografia:

XAVIER, F. C. Seara dos Médiuns – ditado pelo Espírito Emmanuel – “Bons Espíritos” – 13ª edição – FEB – Brasília/DF - 2001.

KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos – “Escala Espírita” - 86ª edição – FEB – Rio de Janeiro/RJ - 2005.


 

 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita