Desacelerar a infância
Não é que tenhamos pouco tempo, é que perdemos muito
tempo...
Sêneca
Ele tem seis anos e sua rotina estressante implica:
escola integral, judô, futebol, inglês… Brincar? Há
pouco tempo para aproveitar, com calma, a própria
infância.
Preocupados em assegurar um futuro de sucesso laboral
para as crianças, os pais simplesmente sobrecarregam o
dia a dia dos filhos com escola e atividades
extracurriculares.
Mas é preciso refletir: uma agenda cheia não é garantia
de êxito no futuro. Pior! Estabelecer para os filhos
pequenos uma rotina norteada por compromissos acaba por
estimular crianças ansiosas, estressadas e que arcam, na
realidade, com as expectativas fantasiosas dos próprios
pais…
Criança quer ser criança, e isso não tem sido nada fácil
na atualidade. Por causa também do excesso de estímulos
causado pela tecnologia, e obrigada a assumir diversos
deveres que lhe causam fadiga e uma fraca desconexão
consigo mesma, os pais tanto ajudam a afetar
negativamente a infância da criança como contribuem com
a formaçãode pessoas mais individualistas e
egocêntricas.
Que podemos oferecer aos filhos pequenos? Forçá-los o
menos possível, porque focar a educação dos filhos
unicamente no estudo é um erro que implica deixar de
lado outras áreas importantes, como, por exemplo, o
fomento da responsabilidade. Brincar, sim, é um
requisito fundamental para que uma criança cresça feliz
e saudável.
Notinha
Para educar os filhos sem pressa, em primeiro lugar os
pais precisam refletir e repensar muitas vezes o próprio
ritmo de vida. Se a rotina dos pais é cheia de
compromissos, acelerada, provavelmente essa também será
a maneira com que decidirão modelar o cotidiano do filho
ou da filha. Para o bem-estar da criança, é essencial o
pai ou a mãe procurar atuar como uma pessoa
desacelerada, que prioriza não a quantidade de
atividades, mas sim conexões humanas, reais e
significativas. Uma criança também precisa de pais que
se importem mais em estar presentes e não somente em
“dar presentes”. Entender, por fim, que o ócio (o não
fazer nada) é precioso à infância.
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