Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

Desacelerar a infância


Não é que tenhamos pouco tempo, é que perdemos muito tempo
... Sêneca


Ele tem seis anos e sua rotina estressante implica: escola integral, judô, futebol, inglês…  Brincar? Há pouco tempo para aproveitar, com calma, a própria infância.

Preocupados em assegurar um futuro de sucesso laboral para as crianças, os pais simplesmente sobrecarregam o dia a dia dos filhos com escola e atividades extracurriculares.

Mas é preciso refletir: uma agenda cheia não é garantia de êxito no futuro. Pior! Estabelecer para os filhos pequenos uma rotina norteada por compromissos acaba por estimular crianças ansiosas, estressadas e que arcam, na realidade, com as expectativas fantasiosas dos próprios pais…

Criança quer ser criança, e isso não tem sido nada fácil na atualidade.  Por causa também do excesso de estímulos causado pela tecnologia, e obrigada a assumir diversos deveres que lhe causam fadiga e uma fraca desconexão consigo mesma, os pais tanto ajudam a afetar negativamente a infância da criança como contribuem com a formaçãode pessoas mais individualistas e egocêntricas.

Que podemos oferecer aos filhos pequenos? Forçá-los o menos possível, porque focar a educação dos filhos unicamente no estudo é um erro que implica deixar de lado outras áreas importantes, como, por exemplo, o fomento da responsabilidade. Brincar, sim, é um requisito fundamental para que uma criança cresça feliz e saudável.

Notinha

Para educar os filhos sem pressa, em primeiro lugar os pais precisam refletir e repensar muitas vezes o próprio ritmo de vida. Se a rotina dos pais é cheia de compromissos, acelerada, provavelmente essa também será a maneira com que decidirão modelar o cotidiano do filho ou da filha. Para o bem-estar da criança, é essencial o pai ou a mãe procurar atuar como uma pessoa desacelerada, que prioriza não a quantidade de atividades, mas sim conexões humanas, reais e significativas. Uma criança também precisa de pais que se importem mais em estar presentes e não somente em “dar presentes”. Entender, por fim, que o ócio (o não fazer nada) é precioso à infância.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita