Artigos

por Temi Mary Faccio Simionato

 

Reconciliação

 

Reconcilia-te com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele.” - Jesus (Mateus, 5:25.)

 

Ninguém passa pela jornada terrestre sem experimentar o assédio da ignorância e da imperfeição humana. Assim, quando amigos se transformam em adversários, procuremos lidar com as zombarias de que somos objeto, sem queixar-nos. Mesmo à frente daqueles que nos golpeiam conscientemente, impondo-nos embaraços e desilusões, desculpemos renovando os pensamentos na direção dos objetivos superiores que pretendemos alcançar. E ainda que agressões e ofensas nos firam o recesso d’alma, sugerindo acerto de conta, façamos o possível para não passar recibo nas afrontas que nos sejam endereçadas, agindo sem reclamar, sem revolta e sem lastimar, permanecendo em silêncio, aguardando, porque Deus e o tempo tudo esclarecem restabelecendo a verdade. Por isso é importante interpretarmos nossos opositores como irmãos de caminhada, pois a adversidade é lição para a vida, e adversários são mestres que nos proporcionam treinamento no bem, operando sempre por fiscais dos nossos atos.

Lembremos que nem o próprio Cristo escapou de semelhantes percalços e, mesmo assim, ninguém conseguiu tirar a Sua paz. Deste modo podemos entender, segundo os preceitos do Mestre, que reconciliar-se com os oponentes é reconhecer-lhes, acima de tudo, o direito de opinião, harmonizando-nos com todos os que nos perseguem e caluniam, anotando suas qualidades e desejando, sinceramente, que triunfem nas tarefas cuja execução reprovam. Entendemos, então, que, quando o Mestre nos recomenda reconciliarmos o mais cedo possível com o nosso adversário, fica claro que não devemos apenas evitar as discórdias da vida presente, mas, também, evitar que elas se perpetuem nas existências futuras.

Portanto, é imprescindível mudarmos a forma de olhar esses irmãos, aprendendo a distinguir, nas reprimendas e nas críticas que nos dirigem, aquilo que nos seja útil e construtivo, prosseguindo no caminho que a vida nos situou, recordando que os antídotos para o veneno da injúria são a paz do silêncio e o socorro da prece.

Jesus jamais nos induziu ao revide, mas incentivou-nos a orar por todos os desafetos, fazendo-nos entender que eles já carregam consigo bastante sofrimento. Em razão disso, o meigo Rabi ensinou: “Amai os vossos inimigos; bendizei os que vos maldizem; orai por aqueles que vos perseguem e caluniam; perdoai setenta vezes sete vezes e ofertai amor aos que vos odeiam”. (Mateus, 5:44.)

Assim, diante da ofensa de um companheiro, não nos entreguemos a reações descabidas, refletindo nas ocasiões em que teríamos igualmente ferido os semelhantes, auxiliando também aquele que se faz instrumento de nossa dor, através do esquecimento de todo o mal, a fim de que ele se restaure.

É importante nos lembrarmos da inutilidade das lamentações, das irritações e das mágoas, pois a primeira enfraquece o otimismo, gerando desconfiança e perturbação; a segunda abate as forças da alma, trazendo exaustão prematura, e, a terceira, anula a esperança, arrasando possibilidade de trabalho. Para as desavenças, maledicências e ressentimentos que surgem nas nossas relações, usemos a palavra que dulcifica e acalma para o bem de todos, procedendo sempre com bondade, perdão, paciência e serenidade.

Em vista disso, é importante não conservarmos aversões e desamor na alma, perdoando incondicionalmente, recordando que também trazemos conosco imperfeições e fraquezas. “Pai, perdoa-lhes porque, ainda, não sabem o que fazem”, pediu Jesus, deixando os ofensores nas inibições próprias a cada um, sustentando em Si a luz do amor que dissolve toda sombra.

O Mestre não nos impele tão somente a beneficiar os que nos ferem, mas igualmente a proteger a harmonia mental do grupo em que fomos chamados a atuar e servir, imunizando os companheiros do contágio do pesar e do queixume, sustentando a tranquilidade e a confiança de todos.

Como filhos de Deus e irmãos em humanidade que somos, procuremos compreender que toda e qualquer inimizade, quando alimentada, é contrária a Lei de Amor, trazendo atribulação de consciência. O Pai é sábio em Suas leis, permitindo que passemos por fases de carência que acabem por favorecer tais aproximações, as quais devem ser aproveitadas de forma hábil e consciente com a utilização, se preciso for, do auxílio de terceiros.

A paz, o concurso fraterno e o contentamento em fazer o melhor que pudermos são obras morais que pedem serviço edificante. Acima de tudo, recordemos que, perdoando, a bênção de Deus consegue descer até as lutas da alma, e, assim, a alma consegue elevar-se para a bênção de Deus.

Recolhamos os dons divinos da claridade evangélica: amar e perdoar, construindo o bem e a paz, esposando ostensivamente a vida cristã, no estudo da teoria e no esforço de sua aplicação.

Se possuímos a luz da claridade, por que não lhe seguir a rota de luz?

 

Bibliografia:

XAVIER, C. Francisco – Palavras de Vida Eterna – ditado pelo Espírito Emmanuel - 35ª edição – Uberaba/MG/ Editora Comunhão Espírita Cristã - 2010 – páginas 33, 58, 238 e 327.

KARDEC, Allan – O Evangelho segundo o Espiritismo – 365ª edição – Araras/SP/ Editora IDE – 2009 – capítulo 10 - Reconciliar-se com os adversários.

SILVA, R. Cesar Saulo coordenação – O Evangelho por Emmanuel Segundo Mateus – 1ª edição - Brasília/DF/ Editora FEB – 2016 – páginas 149, 153 e 164.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita