Um minuto
com Chico Xavier

por Regina Stella Spagnuolo

   

De novo reunido à família, Chico Xavier, fosse porque tivesse retornado à tranquilidade ou porque houvesse ingressado na escola, não mais viu o Espírito da mãezinha desencarnada. Entretanto, passou a ter sonhos. À noite, durante o repouso, agitado, levantava-se do leito, conversava com interlocutores invisíveis e, muitas vezes, despertava pela manhã, trazendo notícias de parentes mortos, contando peripécias ou narrando sucesso que ninguém podia compreender.

João Cândido Xavier, a conselho da segunda esposa, que se interessava maternalmente pela criança, conduziu Chico ao padre Sebastião Scarzelli, antigo vigário da cidade de Matozinhos, nas vizinhanças de Pedro Leopoldo, o qual, depois de ouvir o menino, por algumas vezes, em confissão, aconselhou João Cândido a impedir que o rapazelho lesse jornais, livros ou revistas. Chico devia estar impressionado com más leituras — dizia o sacerdote —. Aqueles sonhos não eram outra coisa senão perturbações, porque as almas não voltam do outro mundo...

Intrigado por ver que ninguém dava crédito ao que via e escutava, em sonhos, certa noite, rogou, em lágrimas, alguma explicação da progenitora, de quem não se esquecia. Dona Maria João de Deus apareceu-lhe no sonho, calma e bondosa, e o Chico deu-lhe a conhecer as dificuldades em que vivia.

Ninguém acreditava nele — clamou. Mas o conselho maternal veio logo:

— Você não deve exasperar-se. Sem humildade, é impossível cumprir uma boa tarefa.

Mas, mamãe, ninguém acredita em mim...

— Que tem isso, meu filho?

— Mas eu digo a verdade.

— A verdade é de Deus, e Deus sabe o que faz — disse a generosa entidade.

Chico, porém, choramingou:

— Não sei se a senhora sabe, papai e o padre estão contra mim... Dizem que estou perturbado...

Dona Maria abraçou-o e disse:— Modifique seus pensamentos. Você é ainda uma criança e uma criança indisciplinada cresce com a desconfiança e com a antipatia dos outros. Não falte ao respeito para com seu pai e para com o padre, eles são mais velhos e nos desejam todo o bem. Aprenda a calar-se. Quando você lembrar alguma lição ou alguma experiência recebidas em sonho, fique em silêncio. Se for permitido por Jesus, então, mais tarde virá o tempo em que você poderá falar. Por enquanto, você precisa aprender a obediência para que Deus, um dia, conceda ao seu caminho a confiança dos outros.

Desde essa noite, Chico calou-se e Dona Maria João de Deus passou algum tempo sem fazer-se visível.

 

Do livro Lindos casos de Chico Xavier, de Ramiro Gama.



 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita