Arsenal
defensivo
Reserva-te o hábito da meditação e apoia-te no recurso
da prece
"Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos
da couraça da fé e da caridade, e tendo por capacete a
esperança da salvação." -
Paulo. (I
Tessalonicenses, 5:8.)
Escrevendo aos efésios (6:17), Paulo de Tarso completa o
pensamento esboçado aos tessalonicenses: "tomai
também o capacete da salvação, e a espada do Espírito,
que é a palavra de Deus”.
Dizendo que "somos do dia", o nobre tarsense
assegura a nossa identidade de cristãos, isto é, aqueles
que estão do lado da luz. E foi o próprio Cristo quem
disse:"convém
que eu faça as obras d`Aquele que me enviou enquanto é
dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.
Enquanto estou no mundo, sou a Luz do mundo”.
Ora, sendo Jesus a Luz do mundo, nosso "modelo e guia
mais perfeito", se
queremos estar com Ele, deveremos não só colocarmo-nos
na condição de Seus alunos, mas, principalmente, na de discípulos, já
que aluno é quem somente aprende com o mestre,
mas discípulo é aquele que faz o que o
mestre faz.
Temos na consciência uma espécie de sentinela vigilante
da Alma, que se encarrega de dar o grito de alarme
contra o inimigo, quando ele se aproxima; depois, há
oraciocínio para dizer-nos o que é bom e o que é
mau; há o instinto sensitivo e artístico para nos
indicar o que é belo; há a inteligência natural de todas
as pessoas, a desimpedir-lhe a compreensão e a aferir,
por esta, o grau de responsabilidade nos atos que
pratica... Existem, também, elementos adquiríveis, que
podem ser poderosos ou fracos, porque são relativos e
partem de causas mais indiretas e muitas vezes
independentes da vontade de cada um. São os que têm
origem no meio em que as pessoas nascem e vivem: os que
são oriundos ou supervenientes da educação; os que
dependem do melhor ou pior equilíbrio da vontade e da
razão; os que se tomam dos exemplos que na vida aí mais
se ajustam ao modo de ser de cada pessoa; e, finalmente,
há mais, como forças a apreciar, ainda que invisíveis à
vista incauta, as diligências que os Espíritos melhores
e abnegados põem sempre em jogo contra as tramas e as
redes dos Espíritos tentadores. Essas diligências são
ainda consoantes com o modo como as pessoas recebem e
aproveitam, dependendo, portanto, da vontade dos
interessados o grau de eficácia que delas pode promanar.
Como se vê, tem cada indivíduo um bem provido arsenal
defensivo; e só se deixa vencer pelo desprezo a que
votar todos os meios de reagir, que Deus põe, pródiga e
magnanimamente, à sua disposição. Estando
permanentemente com Ele, estaremos imunizados contra as
tentações e as quedas morais. Para isso, dispomos de
valioso arsenal defensivo que nos municia para os
embates do mundo. Nós não estamos desprevenidos e
completamente entregues às quedas e tentações. Ao
contrário: estamos muito bem armados para a defensiva e
também para o "bom combate".
Diz Almeida Garrett (Espírito): "em
primeiro lugar, temos, ainda, à nossa disposição nesse
arsenal defensivo, duas "armas" infalíveis às quais
podemos recorrer sempre em todos os momentos de nossa
vida, mormente naqueles em que perigos maiores nos
ameaçam. São elas: a meditação e a prece...”.
Com a sua habitual clareza de raciocínio, Joanna de
Ângelis demonstra o quanto o homem necessita da
meditação e da prece, a fim de saber agir e entregar-se
aos objetivos superiores que a vida lhe destina,
imunizando-o contra os vapores tóxicos dos erros e
quedas...
Assim, a Mentora alinha em sublime paralelo a ação
interativa desses recursos colocados à nossa disposição,
os quais são, por excelência, inesgotáveis:
"a meditação abre espaço para a convivência com a prece,
que lhe é irmã gêmea. A meditação aclara o raciocínio; a
prece ilumina-o. A meditação acalma; a prece dulcifica.
A meditação fortalece; a prece sustenta. A meditação
liberta; a prece conduz. A meditação realiza; a prece
purifica. A meditação dilata os valores que dormem no
ser; a prece canaliza-os para as realizações
edificantes. A meditação eleva às regiões sublimes de
onde procede o Espírito; a prece imanta-o às matrizes da
sua origem e para cujo lar retornará. A meditação dá
vida; a prece é combustível para a sua sustentação.
A meditação e a prece são instrumentos ao alcance de
todos aqueles que empreendem a viagem de conscientização
da sua realidade imortal.
Reserva-te o hábito da meditação e apoia-te no recurso
da prece. Antes de tomares decisões, medita, e antes
de agires, ora.
A meditação te equacionará todas as dificuldades e a
prece te concederá lucidez para a atitude correta.
Jesus, a cada passo, buscava o silêncio da Natureza,
durante o Seu ministério, para meditar, logo Se
entregando à prece, de cujo concurso retornava à
convivência dos homens, a fim de conduzi-los, sofrê-los
e amá-los sem desfalecimentos até o fim”.
FRANCO,
Divaldo. Momentos de Esperança. Salvador:
LEAL.