Em carta trocada com
Wantuil de Freitas, então presidente da FEB, Chico
Xavier refere-se às lutas diárias e ao desânimo como um
alerta: [...] Restituo-te a carta do nosso irmão
Onésimo e, com esta, dou-te a conhecer o expediente que
recebi do Dr. Walter, a quem ele se refere. É a carta,
com o modelo de declaração que desejava ele fosse
assinada por mim. Vendo eu que se tratava de um
documento absurdo e sentindo-me constrangido pela
presença de vários jornalistas e autoridades dos
“Diários Associados”, dei a declaração escrita, da qual
te enviei cópia, negando-me a satisfazer totalmente o
que reclamavam de mim. [...] O plano dos nossos
perseguidores pode ser engenhoso, entretanto, estou
certo de que Jesus nos auxiliará como sempre. As lutas,
meu caro Wantuil, são enormes. Chegam de todos os
flancos, mas consola-me a certeza de que a obra é de
Jesus. Diariamente,
peço ao Céu me livre do desânimo. [...]
Novas lutas, novas ciladas. A presença de jornalistas e
autoridades dos “Diários Associados” constrange o médium, que se
vê forçado a escrever uma declaração negando-se a atender o que
solicitavam. Não é difícil avaliarem-se os absurdos exigidos a
Chico Xavier. Em todos os tempos os médiuns de boa-fé, honestos
e dignos, que trabalham em favor do Bem, têm sido atingidos pela
má-fé, pelos mal-intencionados, por todos os que se erigem em
donos da verdade ou juízes do mundo. Ao tomarmos conhecimento da
enormidade das lutas que Chico Xavier enfrenta no seu dia a dia,
imaginamos quão pouquíssimas pessoas suportariam a avalancha de
problemas e agressões com que ele se defronta. As lutas são
tantas e tão constantes que Chico confessa pedir ao Alto,
diariamente, que o livre do desânimo. O desânimo que nasce das
próprias dificuldades que se repetem e se renovam, e do cansaço
diante das intermináveis refregas que não cessam e que parecem
multiplicar-se de um momento para outro. Chico não desconhece
que esse estado de espírito é perigoso, sendo capaz de anular o
melhor trabalhador. O desânimo tem sido responsável pelo
afastamento de muitos companheiros, que acabam por não suportar
os constantes embaraços nas tarefas. Mas ele não encontra
guarida nesse coração justo e amoroso, pois semanalmente,
reunindo todas as forças e recebendo o influxo do Mais Alto, se
dirige à sua humilde mesa de trabalho e, como ponte de luz entre
as dores do mundo e as bênçãos dos céus, consola os aflitos,
enxuga lágrimas e dá notícias de que Jesus prossegue ao nosso
lado amando a todos e aguardando-nos nessa trajetória da qual Ele é
o Caminho, a Verdade e a Vida.
Do livro Testemunhos de Chico Xavier, de Suely Caldas
Schubert.
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