Medo do desconhecido, medo da morte
Qual é a mais útil das ciências?
Será a ciência do bem? Da paz, da esperança, da alegria,
da sabedoria ou da felicidade?
Jesus diria que a melhor ciência é a de vivenciar as
leis divinas e amar o próximo como a si mesmo.
Sócrates informaria que a fórmula seria conhecer a si
mesmo.
Humberto de Campos, em mensagem pelo Chico Xavier, diria
que a mais útil das ciências seria treinar as pessoas
para a morte. Tarefa que foi designada para as
religiões, mas que estas a transformaram em rituais,
dogmas e mistérios – afirmando que é oculto ao homem
saber os mistérios da vida e da morte.
Essa é uma viagem que todos teremos de fazer. Atravessar
o túnel da sombra para a luz, porque todos já vivemos na
Vida Eterna, apenas agora estamos presos a um corpo
denso de carne. A morte do corpo é a libertação de nosso
Espírito.
O corpo volta para a terra e o Espírito volta para Deus,
que nos criou e nos ama, mais do qualquer outro ser.
Por isso todas as ciências nos edificam, mas o que nos
transforma são as vivências praticadas por nós no dia a
dia. Se, para termos uma boa noite de sono e sonho,
temos que ter um bom dia de trabalho, de cumprimento do
nosso dever, para uma passagem tranquila da morte para a
Vida Plena, devemos cultivar o saber, atividades no bem
e ações nobres.
Conta uma pequena fábula oriental que, estando um dia um
sultão tranquilo em seu palácio na cidade de Damasco
(uma das cidades conhecidas mais antigas), um jovem e
forte rapaz, que fazia parte de sua guarda, apareceu-lhe
nervoso, dizendo que tinha de partir imediatamente para
Bagdá, implorando o favor ao soberano, que lhe
emprestasse o mais veloz cavalo de sua cavalaria.
De Damasco, hoje capital da Síria, a Bagdá, a capital do
atual Iraque, a viagem seria longa, de muitos
quilômetros.
O Sultão, surpreso, quis saber por que ele tinha tanta
pressa de ir para Bagdá.
– Porque – respondeu o jovem –, ao passar agora mesmo
pelos jardins do palácio, vi a Morte ali postada. Quando
ela me avistou, estendeu os braços, como a me ameaçar.
Não há tempo a perder. Tenho de fugir o mais rápido e
distante possível.
O xeique deu ao agitado soldado o consentimento para que
usasse o melhor cavalo do palácio. Tendo ele partido, o
soberano desceu aos jardins e ali encontrou a Morte.
Então, indignado, gritou: Como se atreve a vir aqui
fazer gestos ameaçadores ao meu guardião?
A Morte, serena, explicou:
– Asseguro a Vossa Majestade que não o ameacei. Ergui
apenas os braços, de surpresa, por vê-lo aqui. Tenho um
encontro marcado com ele esta noite, em Bagdá.
Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é editor da Editora
EME.
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