Limites e perseverança...
A nossa mais elevada tarefa deve ser a de formar seres
humanos livres que sejam capazes de, por si mesmos,
encontrar propósito e direção para suas vidas. Rudolf
Steiner
Educar pressupõe paciência e perseverança.
Desde muito cedo as crianças testam os limites que as
rodeiam. Elas identificam, por exemplo, adultos que
cedem (facilmente ou não) às suas birras e os que não
cedem, elaborando estratégias diferentes para lidar com
cada pessoa em cada ocasião… Desse modo, elas vão
desenvolvendo suas relações com o mundo. Se a criança
entender que certo comportamento a leva a alcançar o que
deseja (o chocolate antes do almoço; um brinquedo no
supermercado etc.), obviamente voltará a repeti-lo.
Como os pais podem agir? Os pais devem adotar uma
postura firme, mas sem desrespeitar ou maltratar o
filho.
A criança precisa aprender a lidar com o “não” e a
frustração. Na vida, nem sempre nossos desejos podem ser
atendidos. Empatia, tolerância, espírito cooperativo
dependem desse exercício vivido e repetido arduamente no
começo da vida. Quem não viu, na faculdade, um rapaz (ou
uma moça) crendo que suas vontades deveriam ser
satisfeitas a qualquer custo? Demonstra, em sociedade,
um aprendizado distorcido sobre as dinâmicas da
liberdade, da autonomia.
No seu livro Mente
Absorvente, Maria Montessori anotou: “(…)
Deixar a criança fazer porque gosta, quando não
desenvolveu ainda nenhum controle, é distorcer a ideia
da liberdade.
O resultado que se obtém são crianças desordenadas,
porque a ordem que lhes foi imposta estava acima do que
poderiam cumprir; preguiçosas, pois foram forçadas a um
trabalho para o qual não estavam prontas; e
desobedientes, porque sua obediência tinha sido imposta
e não construída”.
Trabalhar regras com as crianças é um exercício
demorado, que demanda constância, exige tenacidade e
presença atenta (pais presentes). Muitas vezes teremos
de resgatar as mesmas conversas com nossos filhos,
igual quando ensinamos a eles os hábitos de higiene ou
alimentar. Esse é um aprendizado que deve ser
estruturado no cotidiano das relações familiares e que
depois vai ser estendido ao mundo da escola e das
relações sociais. É por meio desse exercício que a
criança entenderá que a regra serve para estabelecer os
direitos e os deveres de cada um, isto é, o equilíbrio
da vida social, não se reduzindo, por isso, somente em
mera proibição.
Amar os filhos é desejar que se formem como adultos
equilibrados e independentes, logo, não esquecer que a
criança é um “ser de promessas”, exigente, por isso e
segundo Pestalozzi, de um amor vidente.
Notinha
Se a criança fizer birra e estiver em segurança,
“ignore-a”. Mas “ignorar” não significa abandonar, não
ligar para sua manifestação: significa que o adulto vai
ficar perto da criança e demonstrar que só poderão
conversar quando ela se acalmar. E o adulto,
pacientemente, deve esperar. Se a birra ocorrer em local
público, não ceda à vergonha. Mais importante “do que os
outros vão achar” está a formação da educação do seu
filho. Explique claramente o motivo do “não” de forma
assertiva, para que a criança compreenda as
circunstâncias da negação. Mantenha um tom de voz baixo
e tranquilo. Não supervalorize a birra, nem se mostre
exaltado. Quando a criança perceber que fazer birras não
é a melhor estratégia para conseguir o que quer, vai
desistir e deixar de manifestar sua contrariedade pelo
choro. Ainda, se a criança tiver um padrão de birras
sempre que contrariada, mantenha-se firme. Mais cedo ou
mais tarde o comportamento vai se alterar e a paciência
ganhará vigor. Tente também compreender os sentimentos
que motivam a birra; ouça, converse e conforte a criança
caso se sinta ansiosa ou com vontade de se expressar.
Ajude-a a identificar seus sentimentos pessoais e a
lidar com as emoções.
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