Divaldo Franco: “Quem
não vive para servir ainda não aprendeu a viver”
O estimado orador ministrou em Mogi das Cruzes (SP), no
mês passado, um seminário sobre o tema “Vazio
Existencial”
O Seminário proferido por Divaldo Franco, que ocorreu na
Entidade Espírita Cáritas, no dia 26 de julho, teve a
participação intimista de um público de 500 pessoas.
O orador explanou sobre o verdadeiro sentido da vida e o
vazio existencial que atinge diversas pessoas na
atualidade. Para tanto, o palestrante realizou uma
análise, na perspectiva sociológica e histórica, das
diversas correntes de pensamento que tiveram como base a
busca pela felicidade, mas que também culminaram no
adoecimento da sociedade pós-moderna.
Demócrito, filósofo pré-socrático, do século V a.C., já
mencionava que tudo o que cabe no pensamento é matéria.
Voltaire, no século XVII, iluminista e materialista, ao
receber o grau 33 da Maçonaria, disse: “eu não creio no
Deus que os homens criaram, mas no Deus que criou os
homens”. No século XIX, Schopenhauer, com sua filosofia
pessimista, sugere o suicídio como solução. Também nesse
século Nietzsche propõe o niilismo. Em 1917, surge a
revolução comunista na Rússia. Para Marx, a religião
seria o ópio do povo, cujo intuito seria enganar a massa
e, por isso, era necessário acabar com Deus e a religião
judaico-cristã, que, na visão dele, pervertia os jovens.
No ano de 1928, na Dinamarca, já se debatia sobre as
partículas infinitamente pequenas, com a Teoria da
Complementariedade, de Niels Bohr, em que tudo está
perfeito, até mesmo o caos. O nacionalismo intenso na
Alemanha (1935) desembocou na ascensão de Hitler e, em
seguida, na 2ª Guerra Mundial, iniciada pelo líder
nazista, em que 110 milhões de pessoas foram mortas. O
existencialista Sartre lutou contra o nazismo, mas, ao
ver tanta degradação nos religiosos da época, tornou-se
materialista. Enquanto se declarava a paz,
simultaneamente, as igrejas de Paris ficavam vazias. Em
1947, ocorre a guerra entre as Coreias, em que a Coreia
do Norte se faz comunista.
Na década de 60 do século passado, os Beatles iniciaram
uma conquista ao mundo com sua música, mas sofreram a
angústia de não terem um ideal demarcado. Exemplo disso
foi o Woodstock, maior festival de música da história
que ocorreu nos 15, 16 e 17 de agosto de 1969. Por meio
do som e das letras do rock e também das performances no
palco, a contracultura começou a penetrar a sociedade
como um todo, no contexto da Guerra Fria, em que os
Estado Unidos foram capazes de lançar armas proibidas
durante a guerra do Vietnã.
A partir desse retrospecto, Divaldo levou o auditório a
refletir sobre a ética, concluindo que quando não se tem
ética tem-se o caos.
Em 1980, teve-se o paciente zero da Aids e a sociedade
precisou começar a mudar seus hábitos sexuais diante
dessa síndrome, pois o sexo desvairado é um instrumento
de angústia.
Para ilustrar ainda mais o vazio existencial, Divaldo
Franco lançou mão da história narrada por Camus no livro
O Estrangeiro. Nela, o personagem Meursault, um
homem indiferente à vida e à morte de sua mãe, acaba
envolvendo-se em um assassinato por motivo
fútil. Segundo o protagonista da obra, tanto faz uma
coisa ou outra, pois nada importa no final, há apenas a
indiferença de sentimentos.
Divaldo Franco afirmou então que a maioria dos seres
humanos, na atualidade, por vezes, em algum instante da
vida, sente-se um estrangeiro de si mesmo, com vazio
existencial.
Para erradicar o vazio existencial, Divaldo convida seu
ouvinte a servir, pois quem não vive para servir ainda
não aprendeu a viver. A questão 540 d´O Livro dos
Espíritos, que já prenunciava a física quântica,
enfatiza a importância do servir, quando os espíritos
respondem que “(...) é assim que tudo serve, tudo se
encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o
arcanjo, pois ele mesmo começou pelo átomo. Admirável
lei de harmonia, de que o vosso Espírito limitado ainda
não pode abranger o conjunto!”. Logo, fundamentalmente,
o objetivo da vida é servir, como Gabriela Mistral,
Prêmio Nobel de Literatura em 1945, ilustrou muito bem
em seu poema “O prazer de servir”, afirmando que “toda a
Natureza é um desejo de serviço”.
Divaldo Franco propõe que se faça uma viagem interior
para descobrirmos o sentido da vida. Que se preencha o
vazio existencial emitindo boas palavras. Toda vez que
vier um pensamento ruim, deve-se trocá-lo por um bom.
Pensar no bem, emitindo ondas eletropositivas. Amar, eis
o que importa, pois o Amor é latente e está no interior
do homem. Estabelecer metas, objetivos, e não se deixar
diminuir por aqueles que estão mais atrasados.
O vazio existencial está atrelado ao prelúdio da
depressão. Para vencer a depressão, deve-se tomar
substâncias que substituam aquelas que não estão sendo
produzidas pelos neurônios e que, por isso, desencadeiam
a doença. Deve-se, também, oferecer o esforço para
curar-se, pois não há terapia que funcione se o paciente
não colabora.
O ser humano é fundamentalmente espiritual e, por isso,
não se limita às sensações de comer, dormir e fazer
sexo. No início, lembrou Divaldo, o homem teve medo da
morte e, com isso, surgiu a primeira emoção: o medo. A
segunda emoção do ser humano foi a ira e a terceira
expressão de sentimento foi o Amor. Como este é uma
emoção recente, o medo e a ira ainda assaltam o
indivíduo. Por isso, faz-se necessário amar de tal forma
como se estivesse amando a si mesmo, redescobrindo o
autoamor.
Finalizando sua exposição, Divaldo Franco conclamou a
todos a amar como principal antídoto ao vazio
existencial, ponderando que se alguém não gosta de
você, o problema é dele. Mas se é você que não ama, o
problema é seu. Jesus disse-nos sobre a importância de
orar e vigiar. Orar é arar, é estimular coisas boas,
dizer a outrem que siga adiante. “Seja você aquele que
não permite que ninguém saia do seu lado sem levar algo
de bom, pois o importante é não ser inimigo de ninguém”,
concluiu o orador.
Nota da Autora:
As fotos que ilustram esta reportagem
foram feitas por Edgard Patrocínio.