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por Temi Mary Faccio Simionato

 

Amor, luz que não se acaba


“Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei
.” (João, 13:34-35.)


Há muitos séculos antes da vinda do Cristo já era ensinada no mundo a Regra Áurea, trazida por embaixadores de Sua sabedoria e misericórdia. É importante esclarecer que semelhante princípio era transmitido com maior ou menor exemplificação de seus expositores. Diziam os gregos: “Não façais ao próximo o que não desejais receber dele”, ou ainda, os hebreus: “O que não quiserdes para vós, não desejais para o próximo”. Com o Mestre, todavia, a Regra Áurea é a novidade divina, por ter Jesus ensinado e exemplificado não com virtudes parciais, mas em plenitude de trabalho, abnegação e amor, revelando-se aos olhos de toda a humanidade.

Quando Ele pronunciava a palavra Amor, os povos sobressaltavam-se e os mártires, ébrios de esperança, desciam ao circo para serem sacrificados, porque havia neles o amor, resumo de toda doutrina trazida pelo Messias.

O espírito precisa ser cultivado como um campo; toda a riqueza futura dependerá do labor atual que granjearmos muito mais do que os bens terrenos, alcançando assim a nossa elevação gloriosa. Assim, quando rogamos a Deus que nos abençoe é preciso que nos conciliemos a cada manhã com todos e com todas as coisas, agradecendo as dádivas ou lições que nos são ofertadas. Poderemos solicitar proteção, mas é preciso amparar os irmãos de experiência cotidiana, dentro dos recursos que nos forem possíveis. Por vezes, suplicamos o auxílio do Senhor na sustentação de nossa paz, contudo, é importante não sonegarmos o amparo para que haja sustentação da paz do outro. Afirma-nos o Evangelho que para Deus nada é impossível, mas decerto o Pai espera que cada um de nós faça o possível ao nosso próprio favor.

Em qualquer parte, não poderemos agir isoladamente em se tratando da obra de Deus, pois Ele estabeleceu a cooperação como princípio dos mais nobres, santificando, assim, os laços que Jesus promoveu ao bem de nossa alma e de todos que nos cercam. Na comemoração da Páscoa, por exemplo, o meigo Rabi deixou o ensinamento que marca o novo tempo: “Um mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João, 13: 31-35).

Se o amor ao próximo constitui o princípio da caridade, amar os adversários é a sublime aplicação deste advento, porquanto a posse desta virtude representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho, lembrando que o amor que se coloca a serviço da humildade é o amor que perdoa e é perdoado, como esclarece o evangelista Mateus, no capítulo 6, versículo 12.

Só o amor é bastante forte para libertar-nos do cativeiro de nossos delitos. Por isso é importante entendermos que, ao ferirmos o outro, encarceramo-nos nas consequências lamentáveis da própria atitude; porém, ao ajudarmos, adquiriremos o tesouro da simpatia. Quem perdoa eleva-se, mas quem se vinga desce aos despenhadeiros das sombras. Tudo é fácil para quem cultiva a verdadeira fraternidade, porque o amor pensa, fala e age estabelecendo o caminho em que se atirará livre e feliz, para a glória da vida imortal. Se desejarmos avançar para a luz, aprendamos a desculpar infinitamente, porque o céu da liberdade ou o inferno da condenação residem na intimidade de nossa própria consciência. Por este motivo o Mestre ensinou-nos a pedir na oração a Deus: “Pai, perdoa as nossas dívidas, à medida que perdoamos aos nossos devedores”.Usemos a cada hora a compaixão sem medida e o perdão sem limites, lembrando-nos que, perante os nossos males, Jesus exclama complacente: “Em verdade, Eu não vim para curar os sãos”.Recordamos, assim, a Primeira Carta de João, capítulo 4, versículo 18: “O perfeito amor lança fora o temor”.Para que a nossa alma se expanda sem receio, através das realizações que o Senhor nos confia, não basta o imperfeito amor que estipula salários de gratidão ou que se isola na estufa do carinho particular. É necessário rendermos culto ao perfeito amor que tudo ilumina e a todos atende sem distinção, não paralisando o impulso do amor fraterno diante daqueles que nos parecem equivocados, calando-nos diante da crítica destrutiva e pronunciando o verbo que sirva de reconforto.

Ressurgindo no Espiritismo, o Evangelho nos faz sentir que tornamos à carne para reaprender e regenerar. Na engrenagem da vida, cada qual é peça importante com funções específicas, pois ninguém recebe conhecimento superior tão só para o próprio proveito. Saibamos, pois, dividir o tesouro da compreensão em parcelas de bondade, revisando as sendas trilhadas, a fim de amadurecermos no entendimento da estrada. Reflitamos nisso e perceberemos que Deus jamais nos deixou naufragar. Reconheceremos que a divina Providência que nos resguarda pelo devotamento de braços alheios, espera agora que sejamos a proteção aos nossos irmãos mais fracos, porque ninguém consegue adivinhar os prodígios do amor que poderão nascer de um simples gesto de bondade perante um coração infeliz.  

Amando-nos uns aos outros, uma nova luz brotará no terreno vivo da nossa alma, mostrando-nos que só o trabalho no serviço ao próximo é capaz de conduzir-nos à comunhão com a verdadeira felicidade, que decorre de nosso ajustamento à Lei de Deus. Seja qual for a dificuldade, não desertemos do amor que todos devemos ter uns para com os outros. E caso recebamos em troca pedra e ódio, vinagre e fel, continuemos firmes auxiliando sempre, porque é possível que estejamos hoje, na Terra, diante dos outros ou os outros diante de nós, pela última vez.

Herdeiros do Pai, raios de Sua inteligência infinita, Amor eterno de toda a criação, em tudo e em toda parte, é da legislação por Ele estatuída que cada Espírito reflita livremente, transformando-se aqui e ali na luz ou na treva, na alegria ou na dor a que empenharmos o coração. O apóstolo Paulo, na Carta aos Filipenses, capítulo 1, versículo 9, orienta: “Que vosso amor cresça cada vez mais no pleno conhecimento e em todo o discernimento”. Na advertência de Paulo, fica clara a necessidade de não desviarmos do significado do amor, deturpando-o com nossos sentimentos menos evoluídos, que se expressariam em relações perturbadoras como a inveja, o ciúme, o egoísmo, o apego excessivo às coisas e pessoas. Por isso a importância de nos instruirmos para conhecer, educando-nos para discernir; crescendo em valores morais e espirituais para a eternidade, porque muitas vezes o nosso amor é simplesmente querer, e, tão somente com o querer, é possível desfigurar, impensadamente, os mais belos quadros da existência.

Somos todos Espíritos a caminho dessa luz inesgotável que é Deus, e, como mariposas solitárias, volitamos em torno dela, sem ainda suportar a caridade que nos desnuda a alma de toda a vaidade e orgulho. Não precisamos chegar em primeiro lugar; precisamos apenas chegar, respeitando o ritmo e a condição dos amigos anônimos que Deus coloca em nosso caminho. Ninguém poderá estar diante Dele com as mãos vazias. Precisamos levar conosco as flores sublimes da caridade, pois, jamais alguém conseguirá, por mais rico e importante que seja, amealhar as sementes da caridade sem aprender primeiramente a amar a si mesmo, para, então, amar o seu próximo. Tendo fé e confiança em nós mesmos, na nossa capacidade de amar, de perdoar e evoluir até a plenitude do ser, poderemos ir ao encontro do Pai de amor e compaixão e ficarmos para sempre na Sua casa, como filhos pródigos, formando um só rebanho com um só Pastor.

 

Bibliografia:

XAVIER, F. C.– Justiça Divina – ditado pelo Espírito Emmanuel – 14ª edição – Editora FEB – Brasília/DF - lições 19 e 22 – 2018.

XAVIER, F. C. – O Consolador – ditado pelo Espírito Emmanuel – 29ª edição – Editora FEB – Brasília/DF - questão 344 – 2013.

RIBEIRO, Saulo César – coordenação – O Evangelho por Emmanuel segundo João – 1ª edição – Editora FEB – Brasília/DF - páginas 187, 191 e 194 – 2015.

 
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita