Brasil
por Angélica Reis

Ano 13 - N° 637 - 22 de Setembro de 2019

151 anos atrás nascia o carioca Cairbar Schutel, o Bandeirante do Espiritismo

 

Jornalista, escritor e orador nascido no dia 22 de setembro de 1868 no Rio de Janeiro, além dos livros que escreveu sobre o Espiritismo, Cairbar legou-nos o jornal O Clarim e a Revista Internacional de Espiritismo

 

No túmulo de Cairbar Schutel, na cidade paulista de Matão, de que foi o primeiro Prefeito, está gravada esta frase: “Vivi, vivo e viverei, porque sou imortal”, sugerida por ele próprio na primeira comunicação que deu momentos depois de sua desencarnação, ocorrida em 30 de janeiro de 1938, quando ele contava 69 anos de idade.

Filho do casal Anthero de Souza Schutel e Rita Tavares Schutel, aos 17 anos de idade Cairbar mudou-se para o Estado de São Paulo, onde trabalhou como farmacêutico em Piracicaba, Araraquara e depois em Matão, localidade em que viveu durante 42 anos e onde se tornou espírita.

Casado com Maria Elvira da Silva e Lima, Cairbar não teve filhos.

Quando Matão foi elevado à categoria de município, ele foi escolhido para ser o primeiro Prefeito da localidade, função que exerceu por duas vezes, no período de 28 de março de 1899 a 15 de outubro de 1900.

De formação católica, começou, quando adulto, a receber durante sonhos frequentes a visita de seus pais, que faleceram quando ele era criança e não havia ainda completado 10 anos de idade. Os sonhos acabaram levando-o ao contato com os fenômenos espíritas e ao conhecimento do Espiritismo, por intermédio inicialmente de Quintiliano José Alves e Calixto Prado, que realizavam sessões mediúnicas em casa, das quais Cairbar passou a participar. O fato ocorreu quando ele já residia em Matão.

Assim que se tornou espírita, fundou o Grupo Espírita Amantes da Pobreza, hoje Centro Espírita O Clarim, instalado no dia 15 de julho de 1905. No mês seguinte, no dia 15 de agosto de 1905, fundou o jornal O Clarim e, duas décadas depois, no dia 15 de fevereiro de 1925, a Revista Internacional de Espiritismo. Ambos os periódicos circulam até hoje.

Depois da imprensa escrita, surgiu, com o advento do rádio na década de 1930, uma nova possibilidade de divulgação do Espiritismo, e Cairbar, antenado com as novidades da época, tornou-se um dos pioneiros da divulgação espírita pelas ondas do rádio, transmitindo suas hoje célebres conferências radiofônicas pela Rádio Cultura de Araraquara, fato que se deu no período de 19 de agosto de 1936 a 2 de maio de 1937. As conferências foram depois, ainda em 1937, reunidas em livro.

Ao mesmo tempo em que essas atividades se desenvolviam, Cairbar fundou a Casa Editora O Clarim e dedicou-se com afinco à tarefa do livro, legando-nos 17 obras que os estudiosos do Espiritismo não podem deixar de conhecer.

Ei-las:

1. Espiritismo e Protestantismo - setembro de 1911

2. Histeria e Fenômenos Psíquicos - dezembro de 1911

3. O Diabo e a Igreja - dezembro de 1914

4. Espiritismo para crianças - 1918

5. Interpretação sintética do Apocalipse - 1918

6. Cartas a Esmo - 1918

7. Médiuns e Mediunidades - agosto de 1923

8. Gênese da Alma - setembro de 1924

9. Espiritismo e Materialismo - dezembro de 1925

10. Fatos Espíritas e as Forças X... - maio de 1926

11. Parábolas e Ensinos de Jesus - janeiro de 1928

12. O Espírito do Cristianismo - fevereiro de 1930

13. A Vida no Outro Mundo - outubro de 1932

14. Vida e Atos dos Apóstolos - fevereiro de 1933

15. Preces espíritas - 1936

16. Conferências Radiofônicas - setembro de 1937

17. O Batismo – 1937.

Pelas datas em que suas obras foram escritas, percebe-se que Cairbar não teve, em sua formação doutrinária, nenhuma influência das obras que Emmanuel, André Luiz e tantos outros escreveram por intermédio de Chico Xavier.

Com efeito, até o dia da desencarnação de Cairbar, em 30 de janeiro de 1938, Chico Xavier só havia dado à luz 4 obras:

1. Parnaso de Além-Túmulo (por Espíritos diversos) - 1932

2. Cartas de uma morta (por Maria João de Deus) - 1935

3. Palavras do Infinito (por Espíritos diversos) - 1936

4. Crônicas de Além-Túmulo (por Humberto de Campos) – 1937.

 

Se os livros de Cairbar Schutel, especialmente A Vida no Outro Mundo, fossem conhecidos e lidos, oradores famosos como Leopoldo Machado e
tantos outros certamente não ficariam surpresos com as informações contidas no livro Nosso Lar, primeira obra de André Luiz, quando ela surgiu em 1944.

Só esse fato mostra a importância do trabalho de Cairbar, que se revelou muito à frente do seu tempo e, por esse motivo, permanece atual, embora passados mais de 80 anos de seu retorno à vida espiritual.


 

 

     
     

O Consolador
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