Tanatofobia? Ora, a desencarnação não
extermina a vida essencial
As pessoas têm sentido inquietação e temor perante a
expectativa da desencarnação. Há aqueles que sofrem de
tanatofobia (receio mórbido da morte). Psicólogos têm
examinado os efeitos mentais e sociais causados por
pensar na morte. Muitas pessoas associam a desencarnação
a sentimentos como tristeza, dor e saudade. Raros fazem
associação a sentimentos como aceitação e libertação.
Falar sobre a morte ainda é visto como algo depressivo e
mórbido. Muitos têm ressalvas de como e com quem falar
sobre o tema. Normalmente, os amigos e parentes próximos
são pessoas mais procuradas para conversar sobre isso.
E esse receio tem sido alimentado por uma mistura de
falsos conceitos religiosos, senso comum e crenças
pessoais arraigadas. As religiões humanas são
especialmente responsáveis por gerar uma série de fobias
e mitos a respeito da inevitável viagem ao túmulo.
O problema do medo da morte é que tal fobia pode impedir
que tenham liberdade e prazer de viver. Daí o conforto
que a Doutrina Espírita apresenta, ao instruir sobre a
vida do Espírito aqui e no Além. A morte apenas dilata
as concepções e aclara a introspecção, iluminando o
senso moral, sem resolver, obviamente, de maneira
absoluta, os problemas que o Universo propõe a cada
passo, com os seus espetáculos de grandeza.
A maior surpresa da morte física é a de colocar o homem
face a face com a própria consciência, onde edifica o
céu, estaciona no purgatório ou precipita no abismo
infernal. Nesse sentido, a ninguém deve o destino senão
a si próprios.
Por outro lado, os que vivem com mais dedicação às
coisas do Espírito, esses encontram maiores elementos de
paz e felicidade no futuro. Todos os que alcançaram
aproveitar a encarnação sem viciações e apegos, os que
cumpriram a lei de amor adquirem laços magnéticos menos
densos aprisionando o Espírito ao corpo.
Permitamos que o pensamento sobre a “morte” componha de
forma ininterrupta e serena nossos estados mentais, uma
reflexão sem a qual estaremos desaparelhados ou para o
regresso inevitável, ou despreparados para enfrentar com
serenidade a “morte” dos nossos entes queridos.
A revelação Espírita demonstra que “morte” física não é
o aniquilamento das aspirações e anseios no bem, porém,
o ingresso para a existência autêntica, para a vida
real. Sim! A existência física é ilusória, fugaz,
transitória demais. A separação do corpo pela “morte”
não é uma anomalia da natureza. Simplesmente
transfere-se, da dimensão física, para o ambiente
espiritual.
Sobre isso, Allan Kardec nos remete a Jesus, e com o
Cristo certificamos que o fenômeno da “morte” é
totalmente diferente. No túmulo de Jesus não há sinal de
cinzas humanas, nem pedrarias, nem mármores luxuosos com
frases que indiquem ali a presença de alguém. Quando os
apóstolos visitaram o sepulcro, na gloriosa manhã da
“ressurreição”, não havia aí nem luto nem tristeza. Lá
encontraram um mensageiro do reino espiritual que lhes
afirmou: “não está aqui”.
Os séculos se dissiparam e o túmulo [de Jesus] permanece
aberto e vazio, há mais de dois mil anos. Seguindo,
pois, com o Cristo, através da luta de cada dia, jamais
localizaremos a amargura do luto por ensejo da “morte”
de pessoa amada, e, sim, a vida em plenitude.
|