Da nossa grandeza e do nosso
futuro
Para penetrarmos no domínio do desconhecido e
infinito das leis, precisamos de guias
“(...) Erguendo a lápide dos túmulos vazios, a
reencarnação triunfa da
morte e revela às criaturas deslumbradas o seu
patrimônio intelectual.” -
Lázaro
Quando
Catherine entrou pela primeira vez em seu
consultório, o Dr. Brian Weiss, notável
psiquiatra norte-americano, nunca podia imaginar
que em alguns meses suas convicções iriam virar
de ponta cabeça, visto que o horizonte que sua
cliente – de maneira inconsciente – lhe abriu,
era por demais vasto e assustador: vidas
passadas, reencarnação, comunicabilidade dos
Espíritos, imortalidade da alma... Ele não
estava acadêmica e/ou psicologicamente preparado
para isso! E o dilema logo se apresentou: como
tornar conhecidas essas revelações?! Colocaria
em risco a respeitabilidade do seu nome?
Desafiaria a ortodoxia da psiquiatria? Ele
hesitava entre o dever de propagar ou a
comodidade de deixar tudo como dantes no
castelo de Abrantes!... Venceu o dever!...
Mal sabia ele que outra coisa não fazia senão “revelar” o
que os Espíritos já haviam há dezenas de anos
revelado a Kardec. Nem por isso, se reveste de
menor importância o seu best-seller: “muitas
vidas, muitos mestres” e outros que se
seguiram.
O estranhamento do Dr. Weiss se deveu ao fato de
que ele desconhecia completamente as obras de
Allan Kardec e Léon Denis. Como sabemos, aquele
trouxe a lume o inigualável best-seller espírita “O
Livro dos Espíritos” e este o “O Problema
do ser, do destino e da dor”, no qual lemos
o seguinte: “(...) podemos julgar as mensagens
medianímicas principalmente por seus efeitos
moralizadores, que inúmeras vezes têm melhorado
muitos caracteres e purificado muitas
consciências. É esse o critério mais seguro de
todo o ensino filosófico.
(...) O que mais impressiona, e convence, são as
conversas travadas com os nossos parentes e
amigos que nos precederam na vida do Espaço.
Quando provas incontestáveis de identidade nos
têm dado a certeza da sua presença, quando a
intimidade de outrora, a confiança e a
familiaridade reinam de novo entre eles e nós,
as revelações, que nestas condições se obtêm,
tomam um caráter dos mais sugestivos. Diante
delas, as últimas hesitações do ceticismo
dissipam-se forçosamente, dando lugar aos
impulsos do coração.
É possível, na realidade, resistir às vozes, aos
chamamentos daqueles que compartilharam a nossa
vida, cercaram os nossos primeiros passos de
terna solicitude, às vozes, aos chamamentos dos
companheiros da nossa infância, da nossa
juventude, da nossa virilidade que, um por um,
se sumiram na morte, deixando, ao partir, mais
solitário, mais desolado o nosso caminho? No
transe, eles voltam com atitudes, inflexões de
voz, evocações de lembranças, com milhares e
milhares de provas de identidade, banais nas
suas particularidades para os estranhos, tão
comovedoras, entretanto, para os interessados!
Dão-nos instruções relativas aos problemas do
Além, exortam-nos e consolam-nos. Os homens mais
fleumáticos, os mais doutos experimentadores não
puderam resistir às influências de além-campa.
Demonstra isso que no Espiritismo não há tão
somente, como o pretendem alguns, práticas
frívolas e abusivas, mas que nele se encontra um
móvel nobre e generoso, isto é, a afeição pelos
nossos mortos, o interesse que temos pela sua
memória. Não é esse um dos lados mais
respeitáveis da natureza humana, um dos
sentimentos, uma das forças que elevam o homem
acima da matéria e estabelecem a diferença entre
ele e a alimária?
Depois, a par disso, acima das exortações
comovidas dos nossos parentes, devemos assinalar
os surtos poderosos dos gênios do Espaço, as
páginas escritas febrilmente, na meia
obscuridade, por médiuns do nosso conhecimento,
incapazes de compreender-lhes o valor e a
beleza, páginas em que o esplendor do estilo se
alia à profundeza das ideias, ou, então, os
discursos impressionantes.
(...) Na presença desses Espíritos que por
momentos desceram ao nosso mundo obscuro e
atrasado para nele fazerem brilhar uma
fulguração do seu gênio, o criticismo mais
exigente turba-se, hesita e cala-se...
Quantos outros Espíritos eminentes não
espalharam assim os seus ensinamentos pelo
mundo, na intimidade de alguns grupos! Quase
sempre anônimos, revelam-se apenas pelo alto
teor das suas concepções. Foi-me dado soerguer
alguns véus que encobriam a sua verdadeira
personalidade. Devo, porém, guardar segredo,
porque a fina flor dos Espíritos
se distingue precisamente pela particularidade de
se esconder sob designações emprestadas e
querer ficar
ignorada. Os nomes célebres que subscrevem
certas comunicações,
vazias, não são, na maioria dos casos,
mais do que um engodo.
Quis com estes
pormenores demonstrar uma coisa: que
esta obra não é exclusivamente minha, que é,
antes, o reflexo de um pensamento mais elevado
que procuro interpretar.
Está de acordo em todos os pontos essenciais com
as vistas expressas pelos instrutores de Allan
Kardec”.
As seguintes palavras de Léon Denis coincidem
bem com a corajosa atitude do Dr. Brian Weiss de
publicar o resultado de suas sessões com
Catherine, navegando contra a violenta e
preconceituosa correnteza do status quo vigente:
“(...) Considerei como um dever conseguir que
destes ensinamentos
tirassem proveito os meus irmãos da Terra. Uma
obra vale pelo que é. Seja o que for que pensem
e digam
da Revelação dos Espíritos, não posso admitir
que, quando
em todas as Universidades se ensinam sistemas metafísicos
arquitetados pelo pensamento dos homens, se
possa desatender e rejeitar os princípios
divulgados pelas nobres Inteligências do Espaço.
O estimarmos os mestres da razão e da sabedoria
humana
não é motivo para deixarmos de dar o devido
apreço aos
mestres da razão sobre-humana, aos
representantes de uma sabedoria mais alta e mais
grave. O espírito do homem, comprimido pela
carne, privado da plenitude dos
seus recursos e percepções, não pode chegar de per
si ao
conhecimento do Universo invisível e de suas
leis. O círculo em que se agitam a nossa
vida e o nosso pensamento
é limitado, assim como é restrito o nosso ponto
de vista.
A insuficiência dos dados que possuímos torna
toda a
nossa generalização impossível. Para penetrarmos
no domínio desconhecido e infinito das leis,
precisamos de guias.
Com a colaboração dos pensadores eminentes dos dois
mundos, das duas humanidades, é que alcançaremos
as mais altas verdades, ou pelo menos chegaremos
a entrevê-las,
e que serão estabelecidos os mais nobres princípios.
Muito melhor e com muito mais segurança do que os
nossos mestres da Terra, os do Espaço sabem
pôr-nos em
presença do problema da vida e do mistério da
alma, e,
igualmente, ajudar-nos a adquirir a consciência
da nossa grandeza e do nosso futuro”.
-
KARDEC, Allan. O Evangelho seg. o
Espiritismo. 129. ed. Rio [de
Janeiro]: FEB, 2009, cap. XI, item 8, §
2º.