Divaldo Franco: “A vida plena é viver o amor, é viver
com ternura, com compaixão, promovendo vidas”
Divaldo Franco, instrumento de Deus entre nós, tal como
exímio músico, toca as almas com suavidade, tirando
notas de sinfonia amorosa, pois que sua partitura é o
Evangelho de Jesus, fazendo de sua vida um hino ao amor,
cujo verso preferido é: Não desisto nunca de amar.
No período de 19 a 22 de setembro, em Mata de São João,
Bahia, foi realizada a 22ª edição do Encontro Fraterno
com Divaldo Franco, cujo tema foi Em Busca da Vida
Plena. O evento ocorreu nas dependências do Hotel
Iberostar Praia do Forte, reunindo 652 pessoas
provenientes do Distrito Federal, de 25 estados
brasileiros e do exterior. Estiveram representados os
seguintes países: Áustria, Canadá, Estados Unidos da
América, Itália, Paraguai e Uruguai.
Divaldo Franco, anfitrião amabilíssimo, embora tolhido
por dores acerbas, recepcionou terna e amorosamente
centenas de participantes desejosos de encontrar os
caminhos que possam levá-los à construção de uma vida
plena.
Planejado, organizado e executado primorosamente pela
equipe de eventos da Mansão do Caminho sob a liderança
segura e eficiente de Telma Sarraf, vice-presidente do
Centro Espírita Caminho da Redenção, o Encontro Fraterno
teve a sua abertura com riquíssimo e empolgante momento
artístico, conduzindo o público para a sintonia
harmônica e enlevo espiritual.
Abertura do evento - Divaldo
Franco, com os convidados Juan Danilo Rodríguez,
Cristiane Lenzi Beira e Simão Pedro de Lima, inovando a
condução e a dinâmica, apresentou uma proposta
interativa com o público: A vida plena que eu anseio.
Fazendo um preâmbulo, Divaldo Franco asseverou que
renovar-se, renascer, é entronizar Jesus na alma,
visando modificar a estrutura do mundo através da
transformação individual. Viabilizando a interação, foi
solicitado respostas para três perguntas: Como você se
sente agora? O que é a vida plena que você anseia? O que
impede você de ter uma vida plena?
Auxiliando a compreensão das perguntas, que também foram
feitas para os convidados de Divaldo, Juan Danilo
destacou que o que estava sentindo naquele momento era o
de alcançar a compreensão de que esta pergunta deveria
ser feita a si mesmo todos os dias para determinar as
qualidades das emoções físicas e emocionais. Simão Pedro
de Lima, respondendo a pergunta: O que anseia para ter
uma vida plena? Destacou que é necessário entender a
própria vida, discernir entre o viver e o existir,
almejando a plenitude. Cristiane Beira, respondendo: O
que te impede de ter uma vida plena? Salientou que da
mesma forma que se rotula as pessoas, isso determina
como ela irá se relacionar com os outros. Por outro
lado, a forma como cada um se rotula, determinará,
também, como interagirá consigo mesmo.
Divaldo Franco, respondendo as mesmas indagações, disse
que, na véspera do evento, se sentia preocupado,
ansioso, porém, naquele momento se sentia imensamente
plenificado, apesar das dores físicas que sente,
exercita-se em controlá-las, controlando o corpo. Qual a
vida plena que você anseia? Para Juan Danilo é a
oportunidade do trabalho, de fazer algo para servir ao
próximo, colaborando, sendo útil de alguma forma. Simão
Pedro destacou que também para ele é ser útil, sem
perder esse senso de utilidade. Já para Cristiane Beira,
a vida plena é possuir menos coisas e mais sentimentos,
pois são os sentimentos que plenificam o ser humano
interiormente.
A vida plena para Divaldo Franco é ser médium, é
dedicar-se integralmente à mediunidade, é entender as
bênçãos do sofrimento, da dor, salientando que bem-viver
é ser, e viver bem é ter, possuir. Todos
os que anelam conquistar o reino dos céus devem viajar
para dentro de si, transformando lágrimas de sofrimento
em gratidão. Frisou que a mediunidade é um tesouro que
deve ser guardado no imo do coração. Amar a vida é o
caminho da plenitude.
O que te impede de ter uma vida plena? Juan disse que é
o medo do ridículo. Simão Pedro de se mostrar frágil,
vaidoso, de expor as carências, receio de se mostrar
como de fato é. Para Cristiane Beira os impedimentos são
os conflitos, a falta de pureza de coração, as
dificuldades de manter uma conexão permanente com Deus.
A distonia entre a natureza humana e a divina é, para
Divaldo Franco, um impeditivo para a vida plena. Neste
ponto, destacou que a educação é a condutora para a
plenificação da vida, pois que, idosos e crianças,
saudáveis e doentes, carentes e abastados, se
encontrarão plenificados, nas condições em que se
encontram, ao alcançarem o significado, a compreensão e
a resignação, depositando confiança irrestrita em Deus,
entendendo a realidade material e a espiritual. A vida
plena, asseverou o Embaixador da Paz no Mundo, é viver o
amor, é viver com ternura, com compaixão, promovendo
vidas, se possível bem-vivendo, trabalhando o diamante
bruto, estado em que ainda se encontra, em joia de rara
beleza. Deus nos ama através de outras almas.
Ao finalizar o encontro interativo, Divaldo Franco
reuniu os participantes na área externa, e tendo as
respostas individuais sido recolhidas, propôs incinerar
os papéis com as respostas, simbolizando a
transformação, a eliminação dos impeditivos para uma
vida plena, construindo novos passos rumo à plenitude,
animados de esperança, mesmo que seja difícil de viver
esperançoso. Ilustrando e destacando que os impeditivos
não inviabilizam uma vida plena, Divaldo Franco narrou
rapidamente a epopeia que alguns prisioneiros de campos
de concentração nazistas experimentaram, sobrevivendo
com esperança, mesmo quando tudo parecia tender para o
caos, o extermínio psíquico e físico. Alcançar a
plenitude, sentir-se bem em qualquer situação ou
condição, é ter e manter um alto significado para a
vida. Com esperanças renovadas e com novas metas
traçadas, e interagindo entre si, cada qual recolheu-se
aos seus aposentos, mentalizando as novas proposituras
para a construção de uma vida plena, havendo,
metaforicamente, destruído os seus impeditivos para uma
vida plena.
Segundo dia do Encontro -
Na radiosa sexta-feira, 20 de setembro, com clima ameno
e corações ávidos de esperança, os encontros e
reencontros ensejaram que os laços fraternais fossem
estreitados. Em sendo homenageado, o Semeador de
Estrelas disse sentir-se tocado, profundamente
emocionado, agradecendo as palavras de carinho que
Priscila Beira lhe dirigiu. Divaldo, então, compartilhou
com o público o seu sentimento de gratidão, de ternura e
de amor.
Introduzindo a abordagem do tema: Pessoa vazia,
Divaldo Franco se utilizou de uma mensagem, onde uma
menina de 14 anos de idade, ao confessar-se com um
sacerdote, segredou-lhe o desejo de sair da vida através
do suicídio, pois sua vida estava vazia. Ao narrar esse
episódio, o padre, tomando de compaixão ao ouvir a
confissão auricular, banhou-se em lágrimas, pois que, em
um misto de tristeza e de profunda compaixão, se
questionava sobre as causas que levam uma adolescente,
plena de vida, desejar exterminar a própria vida. Assim,
ao comentar a mensagem, Divaldo Franco destacou a
situação em que as famílias se encontram na atualidade,
onde as conquistas meramente materiais são mais
importantes que as de aspectos sentimentais.
Ao discorrer sobre as várias escolas do pensamento
humano, antigas e modernas, de todos os matizes, e que
levou o homem a fazer experiências, sempre buscando a
plenitude, o lúcido orador destacou que o homem sempre
anelou conhecer e se conhecer. Orientações materialistas
e espiritualistas foram postas em prática na tentativa
de estabelecer um significado para a vida. Os padrões do
mundo são sensoriais, atendem as relações com o mundo
físico, já os padrões de Jesus são os emocionais e visam
os aspectos espirituais do homem. O homem, esquecendo-se
de Deus, buscou a plenitude meramente nas sensações,
esquecendo-se da transcendentalidade, de viver o amor,
pois que perdeu o contato com Deus.
A ansiedade, o medo, o transtorno do pânico, conduzem a
criatura humana a desenvolver as primeiras nuvens de uma
tormenta chamada depressão. A Doutrina Espírita aponta,
com muita lucidez, que o maior e incomparável
psicoterapeuta é Jesus. Ele não teve medo, nem
ansiedade, não experimentou nenhuma perturbação, pelo
contrário, disse ser a luz do mundo, amou todos, total e
plenamente, mesmo aos que se posicionaram contra Ele.
O Espiritismo veio para extirpar o materialismo,
destacando o Espírito imortal, capaz de transformar o
seu primitivismo em plenitude, tornando-se livre das
peias materiais. À luz do Espírito, somente há uma
superioridade, a moral. O vazio existencial é um estado
enregelado, aí não há calor humano, o ego dita as
condutas. Nesta condição, somente ao tornar-se útil ao
seu próximo é que o indivíduo irá preencher-se, dando um
significado relevante para a vida. O ego tem medo de ser
amado, e o vazio somente é preenchido por doações de
amor, preenchendo-se de Deus.
Sobre os suicidas, disse que alguns há que são
psicopatas do autoaniquilamento. O suicídio é o grito
dos desesperados por vida. Há no planeta um medo
coletivo, instaurado pelo terrorismo a partir do 11 de
setembro de 2001, no ataque às Torres Gêmeas, em Nova
York/EUA. O assassino, asseverou Divaldo Franco, mata na
vã tentativa de matar o medo.
Levando o público para uma reflexão, Divaldo propôs
algumas perguntas que necessitam de respostas sinceras.
- Quem é você? – Por que você está aqui? – Pergunte-se:
quem sou eu? – O que estou fazendo aqui? A humanidade
somente será feliz quando for possível amar o próximo na
mesma intensidade e qualidade do amor de uma mãe pelo
seu filho.
Aconselhou a jamais desistir de si mesmo, pois sem você
não há vida, estimulando a fazer depósitos de oração e
boas ações no banco da providência divina,
sacando quando necessário. Invista em si mesmo,
reservando alguns minutos do seu dia para preencher o
vazio existencial, considerando a transcendentalidade.
Faça algo de útil para você, sendo útil ao teu próximo,
preencherás, assim, o teu vazio. O Espiritismo, pelas
mãos do codificador Allan Kardec, é a filosofia da
imortalidade da alma, contendo a mensagem de Jesus que
preenche a alma por inteiro, sem deixar vazios. O
existencialismo é a máscara do vazio existencial, é o
estado enregelado, sem calor humano, atendendo somente
ao EGO. Todos devem preencher o vazio existencial
tornando-se útil ao próximo.
Juan Danilo Rodríguez, dando seguimento ao tema Vidas
vazias, discorreu sobre as ferramentas para
preencher o vazio. Sua abordagem foi uma dinâmica
interativa com viés muito prático, com fatos concretos e
pessoas reais. Em um contexto transformador, é
necessário conhecer como é possível agir tal qual Jesus
agiu, visando descobrir o processo que o Mestre Nazareno
utilizou para alcançar a posição em que Ele está. O
Espiritismo é uma filosofia dinâmica e prática,
fornecendo as ferramentas ideais para uma vida plena.
A primeira proposta prática foi para que cada um fizesse
um desenho de si mesmo, representando-se através desse
desenho. Salientou, então, que, comumente, se tem uma
visão distorcida de si mesmo. Essa dificuldade para
desenhar-se é a mesma para se conhecer, estabelecer seus
conceitos, há, também, a incidência dos conflitos,
comparando-se com os demais. Destacou que o ser humano
quando deixa de comparar-se começa a crescer,
desenvolvendo o amor nesse processo de descobrir a vida,
superando os conflitos.
Jesus representa o homem integral, sendo assim, Ele
empregou, por certo, alguns recursos. Juan Danilo
alinhou os seguintes valores: Fraternidade (comunicar-se
com o outro com compaixão); Respeito (à
individualidade, compreender que cada indivíduo dá o que
possui); Tolerância (aceitar, simplificar, não
impedir); e Liberação (tomar decisões coerentes e
harmoniosas). Para conquistar a condição de ser integral
é necessário conhecer e vivenciar esses valores. Na
proposta do exercício, cada um deveria centrar o
pensamento no valor fraternidade, sentir e
identificar onde esse valor se expressou, assinalando no
desenho, qual o local em que sentiu o valor fraternidade.
Assim foi procedido com os demais valores, sendo que
cada um pode ter o seu desenho acrescido pela presença
desses valores que se exteriorizaram através de alguma
parte do corpo.
Os problemas precisam ser resolvidos de uma forma em que
o indivíduo possa superá-los, harmonizando-se, crescendo
espiritualmente. Jesus jamais fugiu de um problema.
Resolver problemas significa fazer uma reforma dentro de
si mesmo para que não se repitam. O ser humano sofre por
causas conhecidas, não pelas desconhecidas. Se imagina
que as causas são desconhecidas, é porque ainda não as
identificou, por medo ou por não utilizar os recursos
hábeis para identificá-las, tais como as ferramentas que
se encontram no Evangelho de Jesus e que estão contidas
no Espiritismo, usando o amor, e não a raiva, para
solucionar as situações que se apresentam. Será
necessário identificar qual o recurso a ser utilizado
para resolver esta ou aquela situação.
Com vários exercícios, utilizando os recursos acima
enumerados, Juan Danilo foi conduzindo o público em
reflexões judiciosas. Jesus, através da utilização da fraternidade,
do respeito, da tolerância e da liberação,
conseguiu tocar as criaturas que se deixaram por Ele
tocar, ressignificando suas vidas, preenchendo os vazios
da vida.
Simão Pedro de Lima abordou o tema: O Evangelho como
elemento terapêutico, salientando que o Evangelho
deve ser interpretado pelo coração, não pela letra fria,
pois que somente o espírito vivifica. Jesus ensinava com
propósitos claros. Ele é o modelo e o guia para a
Humanidade, isso significa dizer que Ele deve ser
copiado e seguido. Para alcançar a felicidade é preciso
amar como Jesus ama. Ele é o filho de Deus vivo. Os
ensinamentos morais do Cristo são incontroversos, são
palavras de vida eterna. O Evangelho do Cristo é o
roteiro seguro, infalível, para a conquista da
felicidade, pois que retira as criaturas das sombras ao
revelar a vida futura.
O Reino de Deus não é imposto, mas aceito pelos homens
que já alcançaram alguma lucidez a partir do momento em
que Jesus nasceu nesses corações, passando a habitá-lo.
Essa interiorização não se dá através de aparências
exteriores, mas despertando a consciência que lhe está
ínsita. É um processo de relação íntima, uma construção
de dentro para fora. A mensagem do Cristo é para que o
homem tenha vida em abundância, a vida plena, pautada
nos seus ensinamentos e exemplos.
Jesus descortinou a existência de um mundo novo, o da
vida abundante, onde o ter e o possuir significam
somente o existir, ressaltando que a vida real,
absoluta, é o ser, o Espirito imortal,
sobrevivente. A vida material é impermanente. A vida no
mundo físico é somente um momento, importantíssimo, mas
transitório. A vida é muito mais do que isto, transcende
a matéria.
O verdadeiro pastor conhece as suas ovelhas, e elas
ouvem a sua voz chamando-as para si. Assim é Jesus, o
Pastor de todos nós, que conduz o seu rebanho, sendo Ele
próprio o caminho, a verdade e a vida. O Incomparável
Mestre, antes mesmo que o mundo fosse, já conhecia cada
um de seus irmãos em humanidade. Pregava Ele: Eu sou a
videira, e o ramo que está ligado na videira não perece.
Não temeis a tempestade. Céus e terras passarão, mas não
minhas palavras. É a perenidade de seus ensinamentos,
que sempre existiram.
A vida é uma sequência de fatos, sempre em movimento,
devolvendo tudo o que se dá a ela. Cabe ao ser
consciente direcionar a vida, não permitindo que a vida
o conduza a seu bel-prazer. As mensagens do Divino Amigo
são de libertação, de acolhimento, de estímulos, sendo
necessário que cada um abandone o estado de aparências
para mostrar-se em essência, refazendo-se, evoluindo a
cada situação que se apresenta. Se desejas resultados
diferentes, é imperioso mudar as atitudes, buscando
primeiro o Reino de Deus, realizando esforços para a
concretização da mudança desejada.
Sobre as bem-aventuranças, o lúcido orador destacou que
elas contêm, na forma e na ordem em que foram
apresentadas uma sequência lógica e necessária, uma
hierarquia. A primeira bem-aventurança é base para se
alcançar a segunda, e assim por diante. Uma é requisito
essencial para a vivência da seguinte, isto é, somente
depois de conquistada e consolidada uma das
bem-aventuranças é que se pode alcançar a imediatamente
superior, em uma escala gradual e ascendente. Cabe a
cada ser humano viver a sua própria vida, deixando de
viver a dos outros. A vida que cada um possui é o bem
mais belo do mundo, tendo o indivíduo o poder de fazê-la
como deseja. (Continua
na próxima edição desta revista.)
Nota do Autor:
As fotos desta reportagem
são de Jorge Moehlecke.