Brasil
por Paulo Salerno

Ano 13 - N° 638 - 29 de Setembro de 2019

Divaldo Franco: “A vida plena é viver o amor, é viver com ternura, com compaixão, promovendo vidas”


Divaldo Franco, instrumento de Deus entre nós, tal como exímio músico, toca as almas com suavidade, tirando notas de sinfonia amorosa, pois que sua partitura é o Evangelho de Jesus, fazendo de sua vida um hino ao amor, cujo verso preferido é: Não desisto nunca de amar.

No período de 19 a 22 de setembro, em Mata de São João, Bahia, foi realizada a 22ª edição do Encontro Fraterno com Divaldo Franco, cujo tema foi Em Busca da Vida Plena. O evento ocorreu nas dependências do Hotel Iberostar Praia do Forte, reunindo 652 pessoas provenientes do Distrito Federal, de 25 estados brasileiros e do exterior. Estiveram representados os seguintes países: Áustria, Canadá, Estados Unidos da América, Itália, Paraguai e Uruguai.

Divaldo Franco, anfitrião amabilíssimo, embora tolhido por dores acerbas, recepcionou terna e amorosamente centenas de participantes desejosos de encontrar os caminhos que possam levá-los à construção de uma vida plena.

Planejado, organizado e executado primorosamente pela equipe de eventos da Mansão do Caminho sob a liderança segura e eficiente de Telma Sarraf, vice-presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção, o Encontro Fraterno teve a sua abertura com riquíssimo e empolgante momento artístico, conduzindo o público para a sintonia harmônica e enlevo espiritual.

Abertura do evento - Divaldo Franco, com os convidados Juan Danilo Rodríguez, Cristiane Lenzi Beira e Simão Pedro de Lima, inovando a condução e a dinâmica, apresentou uma proposta interativa com o público: A vida plena que eu anseio. Fazendo um preâmbulo, Divaldo Franco asseverou que renovar-se, renascer, é entronizar Jesus na alma, visando modificar a estrutura do mundo através da transformação individual. Viabilizando a interação, foi solicitado respostas para três perguntas: Como você se sente agora? O que é a vida plena que você anseia? O que impede você de ter uma vida plena?

Auxiliando a compreensão das perguntas, que também foram feitas para os convidados de Divaldo, Juan Danilo destacou que o que estava sentindo naquele momento era o de alcançar a compreensão de que esta pergunta deveria ser feita a si mesmo todos os dias para determinar as qualidades das emoções físicas e emocionais. Simão Pedro de Lima, respondendo a pergunta: O que anseia para ter uma vida plena? Destacou que é necessário entender a própria vida, discernir entre o viver e o existir, almejando a plenitude. Cristiane Beira, respondendo: O que te impede de ter uma vida plena? Salientou que da mesma forma que se rotula as pessoas, isso determina como ela irá se relacionar com os outros. Por outro lado, a forma como cada um se rotula, determinará, também, como interagirá consigo mesmo.

Divaldo Franco, respondendo as mesmas indagações, disse que, na véspera do evento, se sentia preocupado, ansioso, porém, naquele momento se sentia imensamente plenificado, apesar das dores físicas que sente, exercita-se em controlá-las, controlando o corpo. Qual a vida plena que você anseia? Para Juan Danilo é a oportunidade do trabalho, de fazer algo para servir ao próximo, colaborando, sendo útil de alguma forma. Simão Pedro destacou que também para ele é ser útil, sem perder esse senso de utilidade. Já para Cristiane Beira, a vida plena é possuir menos coisas e mais sentimentos, pois são os sentimentos que plenificam o ser humano interiormente.

A vida plena para Divaldo Franco é ser médium, é dedicar-se integralmente à mediunidade, é entender as bênçãos do sofrimento, da dor, salientando que bem-viver é ser, e viver bem é ter, possuir. Todos os que anelam conquistar o reino dos céus devem viajar para dentro de si, transformando lágrimas de sofrimento em gratidão. Frisou que a mediunidade é um tesouro que deve ser guardado no imo do coração. Amar a vida é o caminho da plenitude.

O que te impede de ter uma vida plena? Juan disse que é o medo do ridículo. Simão Pedro de se mostrar frágil, vaidoso, de expor as carências, receio de se mostrar como de fato é. Para Cristiane Beira os impedimentos são os conflitos, a falta de pureza de coração, as dificuldades de manter uma conexão permanente com Deus. A distonia entre a natureza humana e a divina é, para Divaldo Franco, um impeditivo para a vida plena. Neste ponto, destacou que a educação é a condutora para a plenificação da vida, pois que, idosos e crianças, saudáveis e doentes, carentes e abastados, se encontrarão plenificados, nas condições em que se encontram, ao alcançarem o significado, a compreensão e a resignação, depositando confiança irrestrita em Deus, entendendo a realidade material e a espiritual. A vida plena, asseverou o Embaixador da Paz no Mundo, é viver o amor, é viver com ternura, com compaixão, promovendo vidas, se possível bem-vivendo, trabalhando o diamante bruto, estado em que ainda se encontra, em joia de rara beleza. Deus nos ama através de outras almas.

Ao finalizar o encontro interativo, Divaldo Franco reuniu os participantes na área externa, e tendo as respostas individuais sido recolhidas, propôs incinerar os papéis com as respostas, simbolizando a transformação, a eliminação dos impeditivos para uma vida plena, construindo novos passos rumo à plenitude, animados de esperança, mesmo que seja difícil de viver esperançoso. Ilustrando e destacando que os impeditivos não inviabilizam uma vida plena, Divaldo Franco narrou rapidamente a epopeia que alguns prisioneiros de campos de concentração nazistas experimentaram, sobrevivendo com esperança, mesmo quando tudo parecia tender para o caos, o extermínio psíquico e físico. Alcançar a plenitude, sentir-se bem em qualquer situação ou condição, é ter e manter um alto significado para a vida. Com esperanças renovadas e com novas metas traçadas, e interagindo entre si, cada qual recolheu-se aos seus aposentos, mentalizando as novas proposituras para a construção de uma vida plena, havendo, metaforicamente, destruído os seus impeditivos para uma vida plena.

Segundo dia do Encontro - Na radiosa sexta-feira, 20 de setembro, com clima ameno e corações ávidos de esperança, os encontros e reencontros ensejaram que os laços fraternais fossem estreitados. Em sendo homenageado, o Semeador de Estrelas disse sentir-se tocado, profundamente emocionado, agradecendo as palavras de carinho que Priscila Beira lhe dirigiu. Divaldo, então, compartilhou com o público o seu sentimento de gratidão, de ternura e de amor.

Introduzindo a abordagem do tema: Pessoa vazia, Divaldo Franco se utilizou de uma mensagem, onde uma menina de 14 anos de idade, ao confessar-se com um sacerdote, segredou-lhe o desejo de sair da vida através do suicídio, pois sua vida estava vazia. Ao narrar esse episódio, o padre, tomando de compaixão ao ouvir a confissão auricular, banhou-se em lágrimas, pois que, em um misto de tristeza e de profunda compaixão, se questionava sobre as causas que levam uma adolescente, plena de vida, desejar exterminar a própria vida. Assim, ao comentar a mensagem, Divaldo Franco destacou a situação em que as famílias se encontram na atualidade, onde as conquistas meramente materiais são mais importantes que as de aspectos sentimentais.

Ao discorrer sobre as várias escolas do pensamento humano, antigas e modernas, de todos os matizes, e que levou o homem a fazer experiências, sempre buscando a plenitude, o lúcido orador destacou que o homem sempre anelou conhecer e se conhecer. Orientações materialistas e espiritualistas foram postas em prática na tentativa de estabelecer um significado para a vida. Os padrões do mundo são sensoriais, atendem as relações com o mundo físico, já os padrões de Jesus são os emocionais e visam os aspectos espirituais do homem. O homem, esquecendo-se de Deus, buscou a plenitude meramente nas sensações, esquecendo-se da transcendentalidade, de viver o amor, pois que perdeu o contato com Deus.

A ansiedade, o medo, o transtorno do pânico, conduzem a criatura humana a desenvolver as primeiras nuvens de uma tormenta chamada depressão. A Doutrina Espírita aponta, com muita lucidez, que o maior e incomparável psicoterapeuta é Jesus. Ele não teve medo, nem ansiedade, não experimentou nenhuma perturbação, pelo contrário, disse ser a luz do mundo, amou todos, total e plenamente, mesmo aos que se posicionaram contra Ele.

O Espiritismo veio para extirpar o materialismo, destacando o Espírito imortal, capaz de transformar o seu primitivismo em plenitude, tornando-se livre das peias materiais. À luz do Espírito, somente há uma superioridade, a moral. O vazio existencial é um estado enregelado, aí não há calor humano, o ego dita as condutas. Nesta condição, somente ao tornar-se útil ao seu próximo é que o indivíduo irá preencher-se, dando um significado relevante para a vida. O ego tem medo de ser amado, e o vazio somente é preenchido por doações de amor, preenchendo-se de Deus.

Sobre os suicidas, disse que alguns há que são psicopatas do autoaniquilamento. O suicídio é o grito dos desesperados por vida. Há no planeta um medo coletivo, instaurado pelo terrorismo a partir do 11 de setembro de 2001, no ataque às Torres Gêmeas, em Nova York/EUA. O assassino, asseverou Divaldo Franco, mata na vã tentativa de matar o medo.

Levando o público para uma reflexão, Divaldo propôs algumas perguntas que necessitam de respostas sinceras. - Quem é você? – Por que você está aqui? – Pergunte-se: quem sou eu? – O que estou fazendo aqui? A humanidade somente será feliz quando for possível amar o próximo na mesma intensidade e qualidade do amor de uma mãe pelo seu filho.

Aconselhou a jamais desistir de si mesmo, pois sem você não há vida, estimulando a fazer depósitos de oração e boas ações no banco da providência divina, sacando quando necessário. Invista em si mesmo, reservando alguns minutos do seu dia para preencher o vazio existencial, considerando a transcendentalidade. Faça algo de útil para você, sendo útil ao teu próximo, preencherás, assim, o teu vazio. O Espiritismo, pelas mãos do codificador Allan Kardec, é a filosofia da imortalidade da alma, contendo a mensagem de Jesus que preenche a alma por inteiro, sem deixar vazios. O existencialismo é a máscara do vazio existencial, é o estado enregelado, sem calor humano, atendendo somente ao EGO. Todos devem preencher o vazio existencial tornando-se útil ao próximo.

Juan Danilo Rodríguez, dando seguimento ao tema Vidas vazias, discorreu sobre as ferramentas para preencher o vazio. Sua abordagem foi uma dinâmica interativa com viés muito prático, com fatos concretos e pessoas reais. Em um contexto transformador, é necessário conhecer como é possível agir tal qual Jesus agiu, visando descobrir o processo que o Mestre Nazareno utilizou para alcançar a posição em que Ele está. O Espiritismo é uma filosofia dinâmica e prática, fornecendo as ferramentas ideais para uma vida plena.

A primeira proposta prática foi para que cada um fizesse um desenho de si mesmo, representando-se através desse desenho. Salientou, então, que, comumente, se tem uma visão distorcida de si mesmo. Essa dificuldade para desenhar-se é a mesma para se conhecer, estabelecer seus conceitos, há, também, a incidência dos conflitos, comparando-se com os demais. Destacou que o ser humano quando deixa de comparar-se começa a crescer, desenvolvendo o amor nesse processo de descobrir a vida, superando os conflitos.

Jesus representa o homem integral, sendo assim, Ele empregou, por certo, alguns recursos. Juan Danilo alinhou os seguintes valores: Fraternidade (comunicar-se com o outro com compaixão); Respeito (à individualidade, compreender que cada indivíduo dá o que possui); Tolerância (aceitar, simplificar, não impedir); e Liberação (tomar decisões coerentes e harmoniosas). Para conquistar a condição de ser integral é necessário conhecer e vivenciar esses valores. Na proposta do exercício, cada um deveria centrar o pensamento no valor fraternidade, sentir e identificar onde esse valor se expressou, assinalando no desenho, qual o local em que sentiu o valor fraternidade. Assim foi procedido com os demais valores, sendo que cada um pode ter o seu desenho acrescido pela presença desses valores que se exteriorizaram através de alguma parte do corpo.

Os problemas precisam ser resolvidos de uma forma em que o indivíduo possa superá-los, harmonizando-se, crescendo espiritualmente. Jesus jamais fugiu de um problema. Resolver problemas significa fazer uma reforma dentro de si mesmo para que não se repitam. O ser humano sofre por causas conhecidas, não pelas desconhecidas. Se imagina que as causas são desconhecidas, é porque ainda não as identificou, por medo ou por não utilizar os recursos hábeis para identificá-las, tais como as ferramentas que se encontram no Evangelho de Jesus e que estão contidas no Espiritismo, usando o amor, e não a raiva, para solucionar as situações que se apresentam. Será necessário identificar qual o recurso a ser utilizado para resolver esta ou aquela situação.

Com vários exercícios, utilizando os recursos acima enumerados, Juan Danilo foi conduzindo o público em reflexões judiciosas. Jesus, através da utilização da fraternidade, do respeito, da tolerância e da liberação, conseguiu tocar as criaturas que se deixaram por Ele tocar, ressignificando suas vidas, preenchendo os vazios da vida.

Simão Pedro de Lima abordou o tema: O Evangelho como elemento terapêutico, salientando que o Evangelho deve ser interpretado pelo coração, não pela letra fria, pois que somente o espírito vivifica. Jesus ensinava com propósitos claros. Ele é o modelo e o guia para a Humanidade, isso significa dizer que Ele deve ser copiado e seguido. Para alcançar a felicidade é preciso amar como Jesus ama. Ele é o filho de Deus vivo. Os ensinamentos morais do Cristo são incontroversos, são palavras de vida eterna. O Evangelho do Cristo é o roteiro seguro, infalível, para a conquista da felicidade, pois que retira as criaturas das sombras ao revelar a vida futura.

O Reino de Deus não é imposto, mas aceito pelos homens que já alcançaram alguma lucidez a partir do momento em que Jesus nasceu nesses corações, passando a habitá-lo. Essa interiorização não se dá através de aparências exteriores, mas despertando a consciência que lhe está ínsita. É um processo de relação íntima, uma construção de dentro para fora. A mensagem do Cristo é para que o homem tenha vida em abundância, a vida plena, pautada nos seus ensinamentos e exemplos.

Jesus descortinou a existência de um mundo novo, o da vida abundante, onde o ter e o possuir significam somente o existir, ressaltando que a vida real, absoluta, é o ser, o Espirito imortal, sobrevivente. A vida material é impermanente. A vida no mundo físico é somente um momento, importantíssimo, mas transitório. A vida é muito mais do que isto, transcende a matéria.

O verdadeiro pastor conhece as suas ovelhas, e elas ouvem a sua voz chamando-as para si. Assim é Jesus, o Pastor de todos nós, que conduz o seu rebanho, sendo Ele próprio o caminho, a verdade e a vida. O Incomparável Mestre, antes mesmo que o mundo fosse, já conhecia cada um de seus irmãos em humanidade. Pregava Ele: Eu sou a videira, e o ramo que está ligado na videira não perece. Não temeis a tempestade. Céus e terras passarão, mas não minhas palavras. É a perenidade de seus ensinamentos, que sempre existiram.

A vida é uma sequência de fatos, sempre em movimento, devolvendo tudo o que se dá a ela. Cabe ao ser consciente direcionar a vida, não permitindo que a vida o conduza a seu bel-prazer. As mensagens do Divino Amigo são de libertação, de acolhimento, de estímulos, sendo necessário que cada um abandone o estado de aparências para mostrar-se em essência, refazendo-se, evoluindo a cada situação que se apresenta. Se desejas resultados diferentes, é imperioso mudar as atitudes, buscando primeiro o Reino de Deus, realizando esforços para a concretização da mudança desejada.

Sobre as bem-aventuranças, o lúcido orador destacou que elas contêm, na forma e na ordem em que foram apresentadas uma sequência lógica e necessária, uma hierarquia. A primeira bem-aventurança é base para se alcançar a segunda, e assim por diante. Uma é requisito essencial para a vivência da seguinte, isto é, somente depois de conquistada e consolidada uma das bem-aventuranças é que se pode alcançar a imediatamente superior, em uma escala gradual e ascendente. Cabe a cada ser humano viver a sua própria vida, deixando de viver a dos outros. A vida que cada um possui é o bem mais belo do mundo, tendo o indivíduo o poder de fazê-la como deseja. (Continua na próxima edição desta revista.)


Nota do Autor
:

As fotos desta reportagem são de Jorge Moehlecke.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita