A maioria dos visitantes saía do Rio de Janeiro e de São
Paulo atraída pelo porta-voz dos poetas mortos e voltava
para casa impressionada com as consultas médicas do Dr.
Bezerra. Bastava escrever o nome e o endereço numa ficha
para receber, no fim da noite, receitas sempre
homeopáticas assinadas pelo espírito do médico.
Ninguém precisava revelar a doença para ter acesso ao
diagnóstico escrito por Chico Xavier. Muitos, impressionados com
os poderes do protegido de Emmanuel, chegavam a oferecer
dinheiro ao rapaz pobre como prova de gratidão. Ele recusava:
Ajude o primeiro necessitado que encontrar.
Outros lhe entregavam presentes. Chico se livrava deles com
pressa e discrição. Numa noite, ganhou um relógio de ouro suíço.
Na tarde seguinte, visitou uma doente, Glória Macedo. Pobre, ela
costumava perder a hora de tomar os remédios receitados pelo Dr.
Bezerra por falta de relógio. Chico deixou o presente da véspera
sobre a mesa da "paciente".
Do livro As vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior.
|