Fatalidade
A fatalidade do mal é sempre uma criação devida a nós
mesmos, gerando, em nosso prejuízo, a provação
expiatória, em torno da qual passamos compulsoriamente a
gravitar.
Semelhante afirmativa dispensa qualquer discussão
filosófica, pela simplicidade com que será justo
averiguar-lhe o acerto, nas mais comezinhas atividades
da vida comum.
Uma conta esposada naturalmente é um laço moral tecido
pelo devedor à frente do credor, impondo-lhe a obrigação
do resgate.
Um templo doméstico entregue ao lixo sistemático
transformar-se-á com certeza num depósito de micróbios e
detritos, determinando a multiplicação de núcleos
infecciosos de enfermidade e morte.
Um campo confiado ao império da erva daninha
converter-se-á, sem dúvida, na moradia de vermes
insaciáveis, compelindo o lavrador a maior sacrifício na
recuperação oportuna.
Assim corre em nosso esforço cotidiano.
Não precisamos remontar a existências passadas para
sondar a nossa cultura de desequilíbrio e sofrimento.
Auscultemos a nossa peregrinação de cada dia.
Em cada passo, quando marchamos no mundo ao sabor do
egoísmo e da invigilância, geramos nos companheiros de
experiência as mais difíceis posições morais contra nós.
Aqui, é a nossa preguiça, atraindo em nosso desfavor a
indiferença dos missionários do trabalho; ali, é a nossa
palavra agressiva ou impensada, coagulando a aversão e o
temor ao redor de nossa presença.
Acolá, é o gesto de incompreensão provocando a tristeza
e o desânimo nos corações interessados em nosso
progresso; e, mais além, é a própria inconstância no
bem, sintonizando-nos com os agentes do mal.
Lembremo-nos de que os efeitos se expressarão segundo as
causas e alteremos o jogo das circunstâncias, em nossa
luta evolutiva, desenvolvendo, conosco e em torno de
nós, a mais elevada plantação de amor e serviço,
devotamento e boa vontade.
“Acharás o que procuras”, disse-nos o Senhor.
E, em cada instante de nossa vida, estamos recolhendo o
que semeamos, dependendo da nossa sementeira de hoje a
colheita melhor de amanhã.
Do livro Indulgência, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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