Divaldo Franco: “O amor é o ápice do
nosso processo evolutivo ético e moral”
A USE Intermunicipal de Santos escolheu as amplas e
confortáveis instalações do Mendes Convention Center
para acolher 3.500 pessoas que se reuniram para ouvir
Divaldo Franco na noite do dia 28 de setembro de 2019.
O
evento fez parte da programação da 67ª Semana Espírita
de Santos.
Na oportunidade Divaldo foi presenteado pelos
participantes do evento que – à capela – cantaram a
música “Como é Grande o Meu Amor por Você”, tentando
traduzir no gesto todo o carinho e gratidão pelos
inumeráveis exemplos de conduta espírita-cristã do
Semeador de Estrelas.
Tomando a palavra e dando
início ao desenvolvimento da conferência, Divaldo fez
referência ao filósofo latino Marco Túlio Cícero (106
a.C.-43aC), citando-o pela frase: “A história é a
pedra de toque que desgasta o erro e faz brilhar a
verdade”. Dezesseis séculos mais tarde com base nas
palavras de Cícero, o filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626)
observou: “Uma
visão superficial da filosofia leva a mente humana ao
ateísmo, mas a profundidade da filosofia leva-a para a
religiosidade”.
A partir desse introito Divaldo fez um périplo – rápido,
conquanto riquíssimo de informações – buscando
equacionar o contraditório comportamento humano que,
emergindo das formas de vida unicelulares, chegou ao
paroxismo da tecnologia atual que permitiu à humanidade
andar na Lua e visitar inúmeros planetas do sistema
solar, desvelando um sem-número de “segredos” que a
Natureza ocultava.
Paradoxalmente, porém, essa mesma criatura, que Divaldo
chamou de “homo virtualis”, não conseguiu erradicar a
violência – física ou moral –, a fome, a guerra, a
exploração dos mais fracos pelos mais fortes.
Allan Kardec, preocupado
com essa questão, indagou aos Bons Espíritos, como lemos
na questão 919 de O Livro dos Espíritos: Qual o meio
prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta
vida e de resistir à atração do mal? E a resposta
dos Benfeitores da Humanidade foi sintética, porém
profunda: “Um
sábio da antiguidade te disse: Conhece-te a ti mesmo.”
Há 280 anos o pensador inglês Thomas Heart anunciava "O
ser humano perdeu o endereço de Deus". Parafraseando
o pensador, Divaldo do alto de sua experiência e
sabedoria amplia esse pensamento acrescentando que a
criatura moderna – além do endereço de Deus - perdeu
igualmente o endereço de Si mesmo, fato que o leva a
viver exclusivamente para atender a questões imediatas,
empurrando-o para o individualismo, o sexualismo, o
consumismo, esquecendo-se do AMOR.
A partir desse ponto Divaldo leva-nos a todos a
experimentar emoções sublimes ao discorrer sobre Jesus,
Modelo e Guia da humanidade, que veio nos falar do amor.
"Deus é Amor”, afirma
o evangelista João em sua 1ª Primeira Epístola, e com
base nessa afirmativa Divaldo ilustra a presença de Deus
em a Natureza.
Para tanto, discorreu desde o Universo infinito,
lembrando que somente na Via Láctea existem 200 bilhões
de estrelas – entre as quais o nosso Sol -, e que em
todo o Universo observável há cerca de 150 bilhões de
galáxias, o que levou os astrônomos a afirmar que há 10
vezes mais estrelas no Universo do que grãos de areia em
todo o planeta Terra.
Na sequência, Divaldo –
seguindo na ilustração do amor de Deus – levou os
presentes a uma breve viagem pela maravilha do nosso
corpo físico, instrumento abençoado que Deus forneceu às
criaturas para o desenvolvimento intelecto-moral do
Espírito imortal que nele habita. Toda essa maravilhosa
máquina – disse o orador – é dirigida pela Consciência.
Ele deu início então a uma viagem pelo “universo” da
Consciência, enumerando os diversos estudos e pesquisas
pertinentes ao assunto, a começar pelo sociólogo, médico
psiquiatra e psicólogo Emilio Mira y Lopez (1896-1964),
mencionando que, do ponto de vista psicológico, o ser
humano seria constituído de cinco elementos:
1. Personalidade: A máscara que afivelamos à face.
2. Conhecimento: São as aquisições intelectivas,
formadas pelas lições de aprendizagem.
3. Identificação: São as sintonias daquilo com o que nos
afinizamos.
4. Consciência: Cuja atuação em conjunto com o
conhecimento forma a base do discernimento.
5. Individualidade: O elemento que o Ego procura
defender a todo custo. Somos o resultado do acúmulo das
diversas existências que vamos vivenciando na longa
marcha do desenvolvimento intelecto-moral que
experimentamos no ciclo das reencarnações.
Sobre a consciência, Divaldo mencionou os estudos de Pedro
Ouspensky, que assim a classificou:
a) Consciência de sono SEM sonhos (o indivíduo só pensa
em si próprio)
b) Consciência de sono COM sonhos (ele passa a ter
ideais e não somente o desejo de acumular)
c) Consciência de sono ACORDADO (a consciência que não
mais está sonolenta pelo egoísmo)
d) Consciência
de SI mesmo (nível consciencial atingido quando o Ego
toma conhecimento dos conteúdos psíquicos. Em outras
palavras: o indivíduo sabe o que DEVE fazer
quando PODE e fazer o que PODE quando DEVE).
e) Consciência Cósmica (que pode ser sintetizada na
frase de Paulo em sua epístola aos Gálatas (2:20): “Já
não sou eu quem vive, mas Cristo é que vive em mim”.
As crises morais, sociais, econômicas viriam do fato,
segundo Divaldo, de realizarmos o que PODEMOS quando
NÃO DEVEMOS e fazermos o que DEVEMOS quando NÃO
PODEMOS.
Finda essa viagem pela conceituação acadêmica da
consciência, Divaldo adentrou a parte final da
conferência abordando o convite formulado pelo
Espiritismo, que vem despertar nossa consciência para a
necessidade de encontrarmos um sentido psicológico para
a vida, deixando a fase do primarismo representado pelos
instintos e as sensações.
“O sentido da vida, conforme nos ensinou Jesus, é AMAR.”
Nós somos mais do que o ser definido pelos
antropologistas: bípede e emocional. Somos também
aqueles que trazemos na alma a presença de Deus e
nascemos para amar, pois o amor é o ápice do nosso
processo evolutivo ético e moral.
Divaldo silenciou por alguns segundos e, por fim,
arrematou: “A vida tem que ter um significado: O
desenvolvimento do amor”.
Nota do Autor:
As fotos desta reportagem
são de Edgar Patrocínio.