Brasil
por Djair de Souza Ribeiro

Ano 13 - N° 642 - 27 de Outubro de 2019

Divaldo Franco: “O amor é o ápice do nosso processo evolutivo ético e moral”

 

A USE Intermunicipal de Santos escolheu as amplas e confortáveis instalações do Mendes Convention Center para acolher 3.500 pessoas que se reuniram para ouvir Divaldo Franco na noite do dia 28 de setembro de 2019.

O evento fez parte da programação da 67ª Semana Espírita de Santos.

Na oportunidade Divaldo foi presenteado pelos participantes do evento que – à capela – cantaram a música “Como é Grande o Meu Amor por Você”, tentando traduzir no gesto todo o carinho e gratidão pelos inumeráveis exemplos de conduta espírita-cristã do Semeador de Estrelas.

Tomando a palavra e dando início ao desenvolvimento da conferência, Divaldo fez referência ao filósofo latino Marco Túlio Cícero (106 a.C.-43aC), citando-o pela frase: “A história é a pedra de toque que desgasta o erro e faz brilhar a verdade”. Dezesseis séculos mais tarde com base nas palavras de Cícero, o filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626) observou: “Uma visão superficial da filosofia leva a mente humana ao ateísmo, mas a profundidade da filosofia leva-a para a religiosidade”.

A partir desse introito Divaldo fez um périplo – rápido, conquanto riquíssimo de informações – buscando equacionar o contraditório comportamento humano que, emergindo das formas de vida unicelulares, chegou ao paroxismo da tecnologia atual que permitiu à humanidade andar na Lua e visitar inúmeros planetas do sistema solar, desvelando um sem-número de “segredos” que a Natureza ocultava.

Paradoxalmente, porém, essa mesma criatura, que Divaldo chamou de “homo virtualis”, não conseguiu erradicar a violência – física ou moral –, a fome, a guerra, a exploração dos mais fracos pelos mais fortes.

Allan Kardec, preocupado com essa questão, indagou aos Bons Espíritos, como lemos na questão 919 de O Livro dos Espíritos: Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal? E a resposta dos Benfeitores da Humanidade foi sintética, porém profunda: “Um sábio da antiguidade te disse: Conhece-te a ti mesmo.”

Há 280 anos o pensador inglês Thomas Heart anunciava "O ser humano perdeu o endereço de Deus". Parafraseando o pensador, Divaldo do alto de sua experiência e sabedoria amplia esse pensamento acrescentando que a criatura moderna – além do endereço de Deus - perdeu igualmente o endereço de Si mesmo, fato que o leva a viver exclusivamente para atender a questões imediatas, empurrando-o para o individualismo, o sexualismo, o consumismo, esquecendo-se do AMOR.

A partir desse ponto Divaldo leva-nos a todos a experimentar emoções sublimes ao discorrer sobre Jesus, Modelo e Guia da humanidade, que veio nos falar do amor.

"Deus é Amor”, afirma o evangelista João em sua 1ª Primeira Epístola, e com base nessa afirmativa Divaldo ilustra a presença de Deus em a Natureza.

Para tanto, discorreu desde o Universo infinito, lembrando que somente na Via Láctea existem 200 bilhões de estrelas – entre as quais o nosso Sol -, e que em todo o Universo observável há cerca de 150 bilhões de galáxias, o que levou os astrônomos a afirmar que há 10 vezes mais estrelas no Universo do que grãos de areia em todo o planeta Terra.

Na sequência, Divaldo – seguindo na ilustração do amor de Deus – levou os presentes a uma breve viagem pela maravilha do nosso corpo físico, instrumento abençoado que Deus forneceu às criaturas para o desenvolvimento intelecto-moral do Espírito imortal que nele habita. Toda essa maravilhosa máquina – disse o orador – é dirigida pela Consciência.

Ele deu início então a uma viagem pelo “universo” da Consciência, enumerando os diversos estudos e pesquisas pertinentes ao assunto, a começar pelo sociólogo, médico psiquiatra e psicólogo Emilio Mira y Lopez (1896-1964), mencionando que, do ponto de vista psicológico, o ser humano seria constituído de cinco elementos:

1. Personalidade: A máscara que afivelamos à face.

2. Conhecimento: São as aquisições intelectivas, formadas pelas lições de aprendizagem.

3. Identificação: São as sintonias daquilo com o que nos afinizamos.

4. Consciência: Cuja atuação em conjunto com o conhecimento forma a base do discernimento.

5. Individualidade: O elemento que o Ego procura defender a todo custo. Somos o resultado do acúmulo das diversas existências que vamos vivenciando na longa marcha do desenvolvimento intelecto-moral que experimentamos no ciclo das reencarnações.

Sobre a consciência, Divaldo mencionou os estudos de Pedro Ouspensky, que assim a classificou:

a) Consciência de sono SEM sonhos (o indivíduo só pensa em si próprio)

b) Consciência de sono COM sonhos (ele passa a ter ideais e não somente o desejo de acumular)

c) Consciência de sono ACORDADO (a consciência que não mais está sonolenta pelo egoísmo)

d) Consciência de SI mesmo (nível consciencial atingido quando o Ego toma conhecimento dos conteúdos psíquicos. Em outras palavras: o indivíduo sabe o que DEVE fazer quando PODE e fazer o que PODE quando DEVE).

e) Consciência Cósmica (que pode ser sintetizada na frase de Paulo em sua epístola aos Gálatas (2:20): “Já não sou eu quem vive, mas Cristo é que vive em mim”.

As crises morais, sociais, econômicas viriam do fato, segundo Divaldo, de realizarmos o que PODEMOS quando NÃO DEVEMOS e fazermos o que DEVEMOS quando NÃO PODEMOS.

Finda essa viagem pela conceituação acadêmica da consciência, Divaldo adentrou a parte final da conferência abordando o convite formulado pelo Espiritismo, que vem despertar nossa consciência para a necessidade de encontrarmos um sentido psicológico para a vida, deixando a fase do primarismo representado pelos instintos e as sensações.

“O sentido da vida, conforme nos ensinou Jesus, é AMAR.”

Nós somos mais do que o ser definido pelos antropologistas: bípede e emocional. Somos também aqueles que trazemos na alma a presença de Deus e nascemos para amar, pois o amor é o ápice do nosso processo evolutivo ético e moral.

Divaldo silenciou por alguns segundos e, por fim, arrematou: “A vida tem que ter um significado: O desenvolvimento do amor”.


Nota do Autor
:

As fotos desta reportagem são de Edgar Patrocínio.


 

 

     
     

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita