Intuição
Sempre que te disponhas à tarefa de servir, na
mediunidade, és alguém interpretando alguém, junto de
alguém.
Vaso em que se transporte a mensagem do amor infinito
para os caminhantes da Terra, deixa que a compaixão seja
em tua alma o fixador do Divino Auxílio.
Contempla os sofredores que te procuram, por mais
desarvorados, na categoria de irmãos que trazem na
própria dor o sinal da altura a que não puderam chegar.
Diante de todos aqueles que o mundo reprova, pensa no
supremo esforço que fizeram para serem bons, sem que
pudessem atingir o ideal a que se propunham.
À frente dos companheiros incursos em faltas graves,
medita na extrema luta que sustentaram consigo mesmos,
antes de se arrojarem à delinquência, e, perante os que
se mergulham na corrente do vício, imagina-te à beira
das armadilhas em que caíram sem perceber.
Encontrando a mulher que te parece desprezível, reflete
nas longas noites de aflição que atravessou, padecendo
na resistência moral para não cair no infortúnio, e,
surpreendendo o celerado que se te afigura cruel,
mentaliza o seio maternal que o acalentou, entre preces
e lágrimas, supondo amamentar a boca de um anjo.
Se os problemas do próximo surgem obscuros e
inconfessáveis, pede à simpatia te ajude a resolvê-los,
porque, em verdade, não lhes conheces o início e nem
sabes que forças da sombra se ocultam por trás dos que
tombam, chagados de sofrimento.
Seja qual for o necessitado, compadece-te; e, se esse
mesmo necessitado te fere e injuria, compadece-te ainda
mais.
Não julgues ninguém tão excessivamente culpado que não
careça de apoio e de entendimento, recordando que a
Bondade de Deus, cada manhã, retira a alvorada vitoriosa
das trevas da meia-noite.
Intuição é pensamento a pensamento. E só o pensamento da
compaixão é capaz de traduzir, com fidelidade, o
pensamento da Luz.
Do livro Seara dos Médiuns, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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