|
A influência da espiritualidade na saúde humana |
|
Natural de Santa Rosa do Viterbo e atualmente residindo
em Ribeirão Preto, ambos municípios paulistas, Andrea
Cândido dos Reis (foto) é espírita desde 2015.
Cirurgiã-dentista com Mestrado e Doutorado em
Reabilitação Oral e Implantodontia pela USP, e
Pós-doutorado em Engenharia de Materiais, pela
Universidade Federal de São Carlos, atua como professora
e pesquisadora na Faculdade de Odontologia de Ribeirão
Preto. No meio espírita, vincula-se ao Centro Espírita
União Fraterna de Ribeirão Preto e exerce também
atividades como pesquisadora e palestrante.
De onde o interesse pelo tema da influência da
espiritualidade na saúde humana?
Atuante na área da saúde há mais de 23 anos, sempre me
despertaram interesse os diferentes processos envolvidos
na cura e cicatrização, sucesso e fracassos nos diversos
protocolos de tratamentos, que envolvem a minha área
cirúrgica e protética, bem como a inter-relação desses
resultados com os estados de equilíbrio emocional e
psíquico e a influência destes na presença ou não de
práticas espirituais e espiritualizantes.
Essa influência situa-se em um conjunto interligado?
De maneira resumida, e não completamente abrangente,
como exige a compreensão do binômio saúde-doença, creio
que essa influência se dá, inicialmente, no campo
emocional e psíquico (como definido no Espiritismo,
inicia-se no perispírito), culminando no físico e no
subsequente estado de “doença”, fechando o quadro com a
interligação dos estados. Tal situação gera um círculo
de retroalimentação, uma vez que o indivíduo afetado
fisicamente retroalimenta os desequilíbrios emocionai e
psíquicos, complicando a condição em que se situa.
Estresse, depressão e ansiedade estão ligados à questão
do nível de espiritualidade que alcançamos?
Para responder a essa questão é importante entendermos o
que é “espiritualidade”. Uma possível e aceitável
definição é a da Organização Mundial de Saúde, que
afirma: “Espiritualidade é o conjunto de todas as
emoções e convicções de natureza não material que
pressupõem que há mais no viver do que pode ser
percebido ou plenamente compreendido, remetendo o
indivíduo a questões como o significado e o sentido da
vida, não necessariamente a partir de uma crença ou
prática religiosa”. Reconhecendo sua importância para a
qualidade de vida, a OMS incluiu a espiritualidade no
âmbito dos domínios que devem ser levados em conta na
avaliação e promoção de saúde em todas as idades. Pode
também ser explicada pela condição que o ser humano
adquire quando alcança níveis “elevados” de consciência,
onde, em conexão com o Divino, encontram-se os controles
das alterações físicas e psíquicas nas quais está
situado, impactando diretamente nos níveis de estresse,
depressão e ansiedade. Assim, quanto mais assimilada e
mantida a conexão com a “espiritualidade”, maior o
controle sobre o estresse, a depressão e a ansiedade.
Existe um roteiro de alcance da espiritualidade?
Acredito que exista um roteiro que é único, individual e
intransferível. Como cada ser é único com seu conjunto
de experiências, sensações e necessidades para evolução,
cada um tem a liberdade para desenvolver o seu próprio
roteiro para alcance da espiritualidade. Evidente é que
o conhecimento é um facilitador do encontro dessa
condição chamada “espiritualidade”, e hoje estão
disponíveis através de muitas formas, entre elas os
livros, mídias, técnicas terapêuticas e de
autoconhecimento, meditações, práticas religiosas, entre
outras. Essas técnicas possibilitam o equilíbrio do ser
com a natureza, com respeito a Deus e tudo que se
caracteriza no Universo com a concepção de que há algo
divino além e superior a nós, que impulsiona a vida.
Assim, tanto o intelectual como o trabalhador do campo,
num mesmo ou em diverso país, com diferentes credos e
culturas, podem alcançar a condição de espiritualidade e
voltar ao equilíbrio.
Como podemos entender a expressão espiritualidade nesse
contexto?
Nesse contexto, entendemos a expressão espiritualidade
como condição normal e de equilíbrio do ser humano,
atingido no encontro interior do seu ser com a divindade
que o envolve e lhe confere estado de plenitude,
trazendo a consciência de que a criação é parte do
Criador. Pode-se dizer que é um estado de equilíbrio,
paz e esperança, ratificada de todas as instâncias nos
estados de equilíbrio e conexão com o natural.
Esse esforço modifica o ambiente onde nos situamos, seja
em família, seja no trabalho?
Esse esforço modifica absolutamente tudo, uma vez que
todas as questões difíceis de dúvida, estresse e
ansiedade são ampliadas pela sintonia incorreta dos
nossos pensamentos, e favorece a desconexão da natureza
divina, que é a paz, a harmonia e o equilíbrio. Assim o
esforço para manter as boas vibrações e boa sintonia
modifica obrigatoriamente o ambiente.
Somos capazes de criar ambientes que beneficiem outras
pessoas também?
Somos capazes de criar um ambiente espiritualizante que
pode beneficiar ou perturbar outras pessoas. De acordo
com o que encontramos na obra de Chico Xavier, pode-se
afirmar: “O pensamento é tão importante para a nossa
sintonia, quanto o leito é para o rio”. Nossas
companhias espirituais nos influenciam num comum acordo
com nossos pensamentos, trazendo-nos os resultados
felizes ou infelizes conforme plasmamos, impactando
nosso ambiente e também outras pessoas que venham a nós
conectar-se.
Como estabelecer uma reprogramação de espiritualidade em
nosso cotidiano?
Creio que aqui caiba o conselho de Emmanuel para Chico:
“Disciplina, disciplina e disciplina” para a manutenção
do bom pensamento e da fé, e se por algum motivo
sucumbirmos à disciplina, recordemos que “Embora ninguém
possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um
pode começar agora e fazer um novo fim”.
De suas pesquisas em torno do assunto, o que mais lhe
chama a atenção?
O que mais me chama atenção é como o efeito de mensagens
espiritualizantes, que são, na verdade, informações
sobre leis naturais e de amor, impregna uma vibração
positiva, na qual o paciente, que se dá conta e se
permite, pode curar-se, reverberando por muito tempo e
só sendo destituída com a mudança da sintonia. E isso é
algo marcante que eu gostaria de lembrar que, como o
amor e a cura, faz parte das leis da natureza, que
carreia os instrumentos para a cura e para a volta do
indivíduo ao equilíbrio.
Sua mensagem final.
Minhas palavras finais são de gratidão a tantos
trabalhadores que organizam esta revista com pesquisas,
informação e divulgação, além de tantos outros em nome
dos quais escolho, como representante, Chico Xavier, que
nos deixou tanto conhecimento intelectual, operacional,
científico e consolador, um verdadeiro tratado de saúde
e espiritualidade.