Entre as cartas trocadas
por Chico Xavier e Wantuil de Freitas, há uma em que
Chico faz comentários acerca dos direitos autorais no
Espiritismo:
“Limito-me a dizer: — ‘Que pena!’ — Imagine, meu caro Wantuil,
se Jesus nos cobrasse direitos autorais de suas bênçãos, onde
iríamos. É por isso que estranho a cobrança de tais vantagens
por parte daqueles que o servem neste mundo. Isso é
compreensível nos servidores da morte, sempre receosos do
presente e do futuro, mas, nos filhos da vida eterna, não posso
compreender.”
Chico Xavier jamais aceitou um centavo pelas vendas de seus
livros. Todas as suas obras mediúnicas tiveram os direitos
autorais cedidos, inicialmente à FEB e, anos mais tarde, a
outras instituições e editoras às quais ele quis beneficiar
também. É natural, portanto, que ele se admirasse ao ver que
determinado companheiro não abria mão dos direitos autorais de
suas obras.
[...] Há dois milênios vimos mercadejando as bênçãos que o
Senhor nos concede. Foi fácil estabelecer um preço para
servi-lo. Foi extremamente simples para os homens transformarem
os templos em verdadeiros mercados onde Jesus fosse
comercializado, diariamente. Ainda hoje, o homem acha natural o
comércio da fé e a freguesia se acostumou a pagar porque torna
tudo mais cômodo e menos trabalhoso. A Doutrina Espírita, o
Consolador Prometido por Jesus, veio restabelecer a Verdade. Ela
nos traz o Evangelho em sua feição pura e real. Os erros humanos
que descaracterizaram e desfiguraram quase totalmente os ensinos
do Senhor já não mais obscurecem as suas luzes. Por isso, em
Doutrina Espírita tudo é absolutamente grátis. Todos trabalham
pela honra de servir, pelo anseio de fazer o bem e ser bom. A
mediunidade é exercida com espírito de caridade e amor,
compreendendo-se que todo Bem promana de Deus e que os médiuns
são instrumentos humanos de que se valem os Benfeitores da Vida
Maior para espalhar as bênçãos divinas. Da mesma forma a
pregação doutrinária e todo e qualquer labor vinculados à
Doutrina Espírita [...].
Do livro Testemunhos de Chico Xavier, de Suely Caldas
Schubert.
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