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por Temi Mary Faccio Simionato

 

Educação, obra de sacrifício no tempo e no espaço


“Portanto, não vos inquieteis com o amanhã, pois o amanhã se inquietará consigo mesmo! Basta a cada dia o seu mal.”
 (Mateus, 6:34.)


Depois de o Mestre reportar-se aos lírios do campo, não foram e não são poucos os que se reconhecem na condição de flores, quando não passam, ainda, de plantas espinhosas. Cristo sempre aconselhou para não guardarmos na alma qualquer impulso tóxico, negativo, relativo às questões no campo material, asseverando que o dia, constituindo o resultado de leis gerais do Universo, atenderá a si próprio.

É importante compreendermos que não podemos nutrir a pretensão de consertar o mundo de nossos semelhantes de um dia para o outro, atormentando-nos em aflições descabidas; para isso, será importante cuidar-nos, melhorar-nos, educando-nos e iluminando-nos sempre mais. Assim perceberemos que a cólera, o desespero, a crueldade e a intemperança criam zonas mórbidas em nosso mundo orgânico, impondo às células distúrbios pelos quais se anulam quase todos os recursos de defesa. O reflexo dos sentimentos menos dignos que alimentamos volta-se sobre nós mesmos, depois de convertidos em ondas mentais, e somente através do sentimento íntegro poderemos esboçar o pensamento reto, sem os quais a alma adoece pela carência de equilíbrio interior, imprimindo em nós, desvarios e perturbações.

No livro A Gênese, capítulo 2, item 24, Kardec esclarece: “Achamo-nos constantemente em presença da Divindade. Nenhuma de nossas ações lhe podemos subtrair ao olhar; o nosso pensamento está em contato ininterrupto com o Seu pensamento, havendo, pois, razão de dizer-lhe que Deus vê os mais profundos refolhos do nosso coração. Estamos Nele, como Ele está em nós, segundo a palavra do Cristo”.

Muitas vezes nos queixamos por não compreendermos algumas coisas, mas é curioso repararmos como multiplicamos as dificuldades quando temos em mãos uma explicação muito simples e natural. Deste modo, quando a verdade brilha em nosso caminho, notamos que os obstáculos e sofrimentos não nos são inúteis, mas, certamente, serão quadros preciosos de lições sublimes que não haveremos de esquecer, lembrando que a tribulação produz a fortaleza e a paciência, e ninguém encontrará o tesouro da experiência no pântano da ociosidade. Por isso, é de suma importância refletirmos para corrigir nossas deficiências e falhas suscetíveis de conserto, fazendo o que melhor pudermos para o erguimento da felicidade e do progresso de todos, sem exigir do próximo aquilo que ele ainda não consegue fazer, e nada pedir sem dar de nós mesmos, respeitando os pontos de vista alheios.

As crises externas são fenômenos necessários ao burilamento da nossa atual existência. É quando reequilibramos nosso mundo interior e prosseguimos nos passos do Mestre, evitando os desvios traiçoeiros. Por esta razão, o grande serviço de preparação há de ser começado na desconhecida terra de nós mesmos. Em vista disso, o apóstolo Paulo, em sua II Carta aos Coríntios, capítulo 4, versículo 16, pede que “sejamos otimistas, confiantes e diligentes no bem, porque enquanto o envoltório da carne se corrompe pouco a pouco, a alma imperecível se renova de momento a momento para a vida imortal”.

Façamos o melhor hoje, na certeza de que teremos o melhor amanhã. Sempre realizando o máximo para abreviarmos a passagem das sombras de um pretérito mal vivido e mal aproveitado, antecipando o amanhecer de um novo dia, ajustando-nos aos planos abençoados que nos são sugeridos pelo Mestre, para que passemos a viver em condições dignas, decorrentes da aceitação da Lei Superior, em meio aos efeitos daquilo que lançamos no solo da evolução para que germinem e floresçam, assegurando-nos dias melhores.

Em O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo 5, itens 4 a 11, Kardec esclarece que, em resumo, qualquer elemento dotado de boa vontade poderá entender que estamos vivenciando hoje o que plantamos ontem, de modo que o nosso amanhã será o fruto de nossos investimentos nesta hora. Às vezes precisamos nos destacar do contexto da existência, a fim de equacionar de forma mais clara e segura os problemas que nos envolvem. Nada de torná-los mais cruciantes com recordações amargas do passado ou com a imaginação de um porvir sombrio que poderá, ou não, concretizar-se. Desta maneira, identificados com nossas responsabilidades, vivamos o instante presente em intensidade e plenitude.

Ainda hoje a Revelação Espírita, como Consolador prometido, com todas as suas orientações sábias e claras, direciona a atenção para o Messias que aqui esteve há mais de dois mil anos, para que empreendamos com êxito a luta de afirmação no bem. Procuremos entender que as reações aos propósitos de renovação são instrumentos de maior valia que, com persistência, poderemos superar, conforme Jesus ensina: “Mas aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mateus,10: 22). Por isso devemos viver confiantes, sempre atentos, engrandecendo-nos na sabedoria e no amor para a obra divina da perfeição.

A cada nova existência, o Espírito dá um passo na senda do progresso; quando nos despojarmos de todas as impurezas, não precisaremos mais das provas da vida corpórea. Para a justa compreensão dos ensinos e proposições do Mestre, urge elevarmo-nos acima das brumas desse vale de lágrimas que tem constituído a vida na Terra, a fim de entendermos a lição de Jesus acerca do desprendimento, da renúncia e da humildade, rompendo a ignorância acerca da Lei Divina. Consequentemente, tomando ciência do progresso que nos assinala a jornada, as lutas e os compromissos.

O benfeitor espiritual André Luiz, através do saudoso médium Francisco Cândido Xavier, em belíssima mensagem contida na introdução do livro Nosso Lar, afirma: "Uma existência – um ato; um corpo - uma veste; um século - um dia; um serviço - uma experiência; um triunfo, uma aquisição; uma morte - um sopro renovador”. Assim, a inquietação, a agitação, a insegurança, a ansiedade e o temor são estados da alma que não enxergam os valores da Providência e permanecem como cegos espirituais, mendigando à margem do caminho evolutivo.

Tenhamos força para tanto, abrindo os olhos para as questões fundamentais do Espírito, aceitando o combate em nós mesmos, reconhecendo que a disciplina antecede a espontaneidade e não há purificação sem aprimoramento. A educação é obra de sacrifício no espaço e no tempo, atendendo a Divina sabedoria que jamais nos situa à frente dos outros sem finalidade de serviço e reajustamento para a vitória do amor.

Amemos nossas cruzes por mais espinhosas que elas sejam, recebendo as mais altas e mais belas lições do Alto.

 

Bibliografia:

XAVIER, C. Francisco – Pensamento e Vida – ditado pelo Espírito Emmanuel – 19ª edição – Editora FEB – Brasília/DF -capítulo 15 – 2016.

KARDEC, Allan – O Livro dos Espíritos – 182ª edição – Editora IDE – Araras/SP/ questão 168 - 2009.

ABREU, O. Honório – coordenador – Luz Imperecível – 10ª edição – Editora União Espírita Mineira – Belo Horizonte/MG - capítulos 41 e 123 – 2015.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita